segunda-feira, 26 de abril de 2010

Sem acordo, ex-funcionários do Bertin esperam julgamento

Os ex-funcionários do frigorífico Bertin, que cobram indenização da empresa após inalarem gás tóxico em acidente acontecido na empresa há dois anos, vão ter que esperar o julgamento da ação na justiça.

De acordo com o advogado dos funcionários, Fabio Lechuga, a falta de acordo por parte da empresa é uma vergonha. “Mentiram e agiram de má fé falando que não houve omissão de socorro, é vergonhoso um processo como esse se arrastar por mais de dois anos”, declarou indignado.

Já na entrada da audiência que poderia resultado no acordo de R$ 10 mil para cada parte, o advogado do grupo Bertin, que pediu para não se identificar, declarou que em hipótese alguma haveria acordo. O processo se torna penoso para quem aguarda a indenização, às vezes sofrendo até mesmo problemas de saúde. Esse é o caso da auxiliar de limpeza Vanderleia de Oliveira Santos (33). Ela que trabalhava fazia apenas quatro dias na empresa, estava no momento do acidente e conta que após inalar o gás, passou a ter dores de cabeças constantes. “Eu sinto muita dor de cabeça e conforme o tempo muda, tenho dores mais fortes e não consigo sabe porque pois não tenho dinheiro para pagar os exames que são caros”, explica.

Já o caso de Maria de Fátima Rodrigues (34) é considerado mais grave. Em poucos dias na empresa, também no setor de higienização, foi uma vítima do acidente e não conseguiu mais recuperar a saúde. “Eu hoje tenho graves problemas renais, já tive que fazer hemodiálise e os médicos me encaminharam para a previdência social. Agora estou recebendo seguro de um salário mínimo, mas não consigo fazer um tratamento melhor”, lamenta.

A indenização foi solicitada em 2008, após vazamento de gás amônia na indústria, que provocou intoxicação nos funcionários. Pouco depois do acidente, os funcionários foram demitidos. Pelo acidente ocorrido em fevereiro de 2008, na empresa, o MPT (Ministério Público do Trabalho) moveu uma ação contra o Bertin, recurso judicial que pedia a condenação da empresa a pagar indenização de R$ 10 milhões por danos coletivos. O Bertin, então preferiu propor um acordo.

O mesmo inquérito civil público 235/2008 que tratou do vazamento investigou o desrespeito aos intervalos para os empregados que atuam em câmaras frigoríficas e irregularidades na jornada de trabalho.

Para escapar de uma milionária ação trabalhista o frigorífico Bertin firmou um pacto com o MPT a empresa aceitou desembolsar R$ 1,5 milhão, dinheiro que será usado para comprar veículos a alguns órgãos públicos e abastecer com carne entidades sociais por cinco anos.

A audiência de hoje foi para cobrar o acordo pelo qual cada uma das 22 vítimas receberia R$ 10 mil. A data para o pagamento seria 20 de janeiro, mas não houve recebimento. Isso porque apesar de o acordo ter sido protocolado na Justiça faltava a homologação do juiz.

“Agora eles desistem na última hora? Isso é vergonhoso”, exaltou-se o advogado Fabio Lechuga.

Fonte: Jornal Dia a Dia

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