* Silvana Case
Recentemente, fui convidada para dar uma entrevista para a revista da Ordem dos Parlamentares do Brasil sobre o tema. Transformo aqui a entrevista em artigo para os leitores do Carreira & Sucesso.
Os bichos que me perdoem, mas isso certeza, já aconteceu na vida profissional de qualquer um de nós - saber se o chefe está mais para uma “anta” ou uma “zebra”, ou sabe-se lá, tantos outros espécimes da vida animal. Infelizmente, a brincadeira reflete uma desagradável realidade.
Muitos são os comentários e queixas de superiores estúpidos, mal educados, ou assediadores. Mas o que dizer de superiores mal formados, mal preparados e mal informados? E eles estão por toda a parte, nos mais diversos segmentos e setores das corporações. Não é “privilégio” das pequenas e médias. Podem estar presentes povoando todo o planeta!
Ocorre que só conhecemos a empresa e mais, o superior, com a convivência diária. Não se pode generalizar e dizer que a empresa é de estilo X ou Y devido ao comportamento de pessoas isoladas. Muitas vezes o profissional gosta da empresa, sente perspectivas de expandir seus horizontes/aprendizado mas, com aquele superior, percebe que não seguirá por muito tempo.
Em geral, um subordinado ao ter a certeza que seu superior demonstra um nível de conhecimento inferior ao dele não se sente muito confortável. A depender de seu nível de inteligência emocional, poderá contornar a situação e até mesmo mudar de área dentro da empresa após algum tempo. Mas pode ocorrer do superior sentir-se inferiorizado e, com isso, tornar as possibilidades do subordinado limitadas. Portanto, se não consegue mudar de setor (para mudar de chefe), melhor avaliar outras opções no mercado ou terá sua auto-estima prejudicada, comprometerá a carreira e o desempenho. Não podemos jamais esquecer que, antes de tudo, somos líderes de nós mesmos. Um dado estatístico surpreendente vindo de pesquisa do Instituto Gallup: 66% dos funcionários se demitem dos seus chefes e não da corporação que as contratou.
Mas não podemos esquecer do fator insegurança. Segundo pesquisas, um dos maiores medos, principalmente dos executivos é a perda do emprego. Então, muitos preferem a infelicidade atrelada ao cargo/salário do que a possibilidade da demissão e do desemprego.
O ideal é que o departamento que apóia as contratações, em geral, RH, direta ou indiretamente através de consultorias como parceiros estratégicos, avalie adequadamente o profissional antes de seu ingresso na empresa, considerando perfil da empresa, do superior imediato, dos pares, dos subordinados (caso este venha a ter equipe) e ainda, o perfil pessoal do candidato em questão, suas competências e seu background e plano de carreira. Desta forma, estaremos evitando problemas futuros, entre eles, de contratar um profissional super qualificado para a posição e, a depender do superior, ver este boicotá-lo por ser uma “Ferrari” e o chefe um carro 1.0. Difícil dar certo!
Mas, na “Era do Talentismo”, chefes com este perfil, mais cedo ou mais tarde, em sua maioria, serão eliminados do mercado. Os dias estão contados, pois sem qualificação suficiente e com a velocidade das transformações, eles terão seus cargos ocupados pelos mais competentes.
Sem estratégia, desenvolvida por líderes preparados, dedicados, seguros, trabalho em equipe com um objetivo comum e inteligência emocional, a sobrevivência é curta. O esporte tem muitas similaridades com o universo corporativo sendo, portanto, um bom exemplo – sem pensar no coletivo, sem um real líder, sem considerar e transformar as “estrelas” do time em valor agregado ao invés de invejado, não há vitória- mesmo com uma constelação!
Identificando o Chefe Incapaz:
•Não dispõe de recursos técnicos e emocionais para ocupar o cargo que tem;
•Compromete o resultado da equipe e tem dificuldade em reconhecer os talentos, impedindo o progresso de carreira dos profissionais;
•Não é claro, geralmente é agressivo e cria “grupos” de apoio – os famosos “puxa-sacos” estes, mais inseguros ainda e temerosos de perder a “boquinha”, aceitando estar ao lado de quem é a “bola da vez”, não importando quem é esta pessoa;
•Entre as suas “habilidades profissionais” estão: comunicação inadequada, causando insegurança na equipe, falta de maturidade emocional para ocupar a posição e, em alguns casos, até mesmo nível intelectual incompatível com o cargo e suas responsabilidades. Mas o cargo, ainda assim, é dele!
*Silvana Case é vice-presidente executiva da CASE Consultores e diretora para o Brasil e Argentina - IESF - Internacional Executive Search Federation.
Fonte: Jornal Carreira e Sucesso
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