quarta-feira, 22 de junho de 2011

A repressão aos trabalhadores do Frigorífico Anglo de Barretos

Como os empresários e o governo se uniram para disciplinar os operários, segundo a história

A professora Célia Aiélo estudou o perfil dos operários do Frigorífico Anglo, de 1927 a 1935. A tese, apresentada ao Departamento de História da Unicamp, está disponível na biblioteca virtual da universidade.

Ela conta que, em 1927, 40% dos trabalhadores da indústria eram lituanos, portugueses, alemães, iugoslavos, sírios e italianos. A contratação dava-se no portão da fábrica, sem exigência de qualificação. Havia grande rotatividade de mão-de-obra. Aos grevistas era impossibilitado o retorno.

Em 1931 houve uma greve porque os brasileiros temiam ser trocados por estrangeiros. Os operários pararam em 22 de janeiro. Houve piquetes e confusão. Com a chegada de reforços de cidades vizinhas, registraram-se feridos e presos. Segundo o jornal da época A Semana, os grevistas exigiam aumento de salários, oito horas de trabalho diário e remuneração extra pelo serviço noturno. Quatro operários do Anglo negociavam as reivindicações, chefiados por José Eugênio de Carvalho, chefe da Legião Revolucionária do Frigorífico, demitido por causa de sua liderança. O delegado de polícia, Hugo Ribeiro da Silva, ainda argumentou que o trabalhador era uma pessoa pacífica e questionou a postura do gerente geral Mr. Cunningham em despedir os envolvidos na greve. Cópias das fichas de registro dos operários foram enviadas à Polícia Política pelo superintendente do frigorífico, A.M. Moore – havia também uma preocupação da polícia política com a União Operária Camponesa do Brasil, presente em cidades como Barretos, Campinas, Ribeirão Preto e Bauru.

Em 1934, depois de nova ameaça de greve, o Frigorífico atendeu o Sindicato e deu 30% de aumento sobre as horas extras, 1$000 réis como pagamento mínimo por hora e definiu um novo ponto na linha do trem para os operários. Na época, a Polícia Política investigava o Sindicato dos Operários do Frigorífico e o Sindicato da Construção Civil de Barretos, por envolvimento com comunistas.

Fonte: Rede Brasil Atual

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