sábado, 2 de julho de 2011

Organizações sem pessoas com talento não têm alma criativa

*Leila Navarro
O capital humano se destaca cada vez mais como o diferencial competitivo e ativo mais valioso das empresas; cada vez mais as organizações estão buscando gente que se destaque por suas habilidades humanas e pela aptidão de aumentar seus recursos e suas potencialidades

Nos últimos anos, assistimos a pelo menos três grandes guerras por profissionais jovens e talentosos. Na virada da década de 1990, houve uma guerra por talentos financeiros. Entre 1998 e 2000, o foco eram os talentos pontocom. Em função do boom tecnológico que acabou em setembro de 2001, os profissionais eram disputados como em um leilão. Nesta primeira década do século XXI, há uma nova febre por talentos tecnológicos e, sobretudo, talentos comerciais. Com sede em Los Angeles, a Korn/Ferry International - multinacional de soluções de gestão de talentos - revelou que recente pesquisa, realizada com 365 executivos de empresas dos Estados Unidos e da América Latina, aponta que 68% dos entrevistados afirmam que a prioridade é desenvolver e reter talentos na sua empresa. O índice no Brasil foi ainda maior: 74%.

Estamos em uma era na qual o capital humano se destaca cada vez mais como o diferencial competitivo e ativo mais valioso das empresas. As transformações acontecem muito rapidamente em todos os setores e com as regras e filosofias do mundo corporativo não é diferente. As atribuições exigidas a um profissional hoje vão além da qualificação técnica. Cada vez mais as organizações estão buscando gente que se destaque por suas habilidades humanas e pela aptidão de aumentar seus recursos e suas potencialidades de forma contínua e integrada - pessoas harmoniosas e equilibradas, capazes de aliar a competência, a habilidade e a eficiência no trabalho à alegria e à afetividade com que marcam sua vida.

Para sobreviver no competitivo mundo globalizado, as empresas precisam ter gente comprometida com os objetivos organizacionais. O fato é que para as instituições, atrair profissionais talentosos não é tarefa tão simples. Mantê-los é ainda mais difícil. Até alguns anos, as pessoas tinham que se vender às empresas e agora as empresas também precisam colocar a sua marca em evidência para atrair profissionais que correspondam às suas necessidades. Empregados e empregadores, contratantes e contratados, estão lado a lado.

Os profissionais mais desejados são aqueles que reconhecem e assumem suas habilidades e talentos – quesitos que se tornaram imprescindíveis. O reconhecimento deles é o que inspira o exercício da profissão de maneira diferenciada e com sucesso. Nessas condições, o profissional é capaz de se comprometer verdadeiramente com os projetos e resultados da empresa, mas só o fazem desde que se sintam em um ambiente que realmente valorize seus talentos, no qual possam ser eles mesmos e sintam-se respeitados – ou seja, um ambiente que inspire confiança.

Hoje, um patrão pode exigir determinado perfil de um colaborador, mas o profissional que detém as características em alta no mercado também passou a escolher onde deseja trabalhar e, muito mais que remuneração, eles levam em consideração a cultura da empresa, seus valores, ambiente de trabalho e chances concretas de desenvolvimento da carreira. Por terem consciência do seu potencial eles se dão ao direito de impor algumas exigências. Não aceitam que se torne rotina exceder horas de trabalho, querem dispor de tempo para se dedicar à família, fazer esportes, cuidar de outros interesses e ter qualidade de vida. Se suas condições não forem aceitas, simplesmente não permanecem.

As organizações que desejam ser atraentes para esses profissionais devem ser transparente, onde o discurso dos dirigentes seja coerente com suas ações. Para mantê-los comprometidos é necessário um ambiente de confiança - uma via de mão dupla. Isso se enquadra no modelo de Gestão por Confiança (GpC), criado pelo professor José María Gasalla, cuja função é servir de alicerce para as modernas práticas de gestão. Se a empresa confia no profissional e o profissional confia na empresa, reter talento é natural porque todos se sentem parte do processo. Quando o projeto faz sentido para os dois lados, o resultado torna-se de interesse comum e todos saem ganhando. Pouco adianta atrair talentos sem ter estratégias para retê-los.

* Leila Navarro é palestrante motivacional com reconhecimento no Brasil e no Exterior.

Fonte: Jornal Carreira e Sucesso

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