por Carolina Meyer
Na última semana, a Claro anunciou com certo estardalhaço seu mais recente aplicativo: o Claro rádio. A ideia do serviço não difere muito dos tradicionais serviços de música online — embora, devo admitir, este esteja bem-feitinho.
O que tem me chamado a atenção, no entanto, é uma movimentação bem mais silenciosa por parte da operadora. Não sei se vocês perceberam mas, na mesma semana, a Claro lançou um novo aparelho, o Blackberry Bold 9700 – com planos de dados a partir de 19,90 reais por mês.
Com aquela incômoda sensação de déjà vu, fui fuçar o site da empresa — e, evidentemente, de suas concorrentes. Bingo!
A Claro parece finalmente estar reagindo (e com toda a sua musculatura) às ofertas da TIM, que já oferecia pacotes de dados por esse valor (com outras configurações, logicamente). Mas a operadora mexicana decidiu ir mais além: oferecer até 50% de desconto na assinatura nos três primeiros meses para quem contratar um plano mais bacanudo, que sairia por módicos 37,50 reais.
Com a receita por usuário em queda, a Claro está fazendo o que todo especialista em telecom passou a vida apregoando: investir em serviço de valor agregado. Para quem, como eu, acompanhou a evolução do mercado de celulares no Brasil, parece que estamos vivendo uma espécie de ”Claro flexes its muscles 2.0“, como citou um colega recentemente.
Basta lembrar o que aconteceu há cerca de três ou quatro anos para imaginar o estrago que a Claro pode causar. À concorrência, obviamente.
Quando o mercado de celulares ainda estava em seus primórdios (momento Jurassic Park total. A idade vai pesando…), a Claro teve um papel decisivo no que o analista de um grande banco de investimentos chamou de “mobralização do celular”. Os mexicanos descarregaram um caminhão de dinheiro para vender aparelhos a 99 reais, em dez prestações sem juros.
Resultado: a operadora ganhou envergadura, arrancou na frente da TIM e hoje se transformou na maior dor de cabeça da Vivo (é bem verdade que o escorregão da TIM, nesse ínterim, ajudou bastante).
E, agora que nosso mercado parece ter evoluído e está próximo à saturação, ainda é possível adquirir aparelhos sofisticados em 10 vezes, na Claro e nas outras operadoras – mas a disputa, dessa vez, se dá nos serviços de valor agregado. Como o tal Claro rádio, que nada mais é que um jeito bacana de vender pacote de dados.
“Mobralizar” o uso de dados embute um risco, como era de imaginar. Se a Anatel, de fato, aprovar o fim dos contratos de fidelidade, a Claro pode simplesmente passar a subsidiar o crescimento da receita com serviços de outras operadoras — repetindo, em linhas gerais, o que aconteceu quando a Oi lançou sua campanha de desbloqueio de aparelhos (a Claro foi uma das operadoras mais prejudicadas, uma vez que vendia aparelhos baratos, subsidiados, para depois assistir a seus clientes migrarem de operadora).
Mesmo assim, podemos esperar um ano bastante agitado. A reorganização societária da América Móvil colocou a Net e a Embratel (ou a parte que a Telmex tem nelas) meio que debaixo do guarda-chuva da Claro (as operações no Brasil seguem de forma separada. Mas tenho certeza de que é por pouco tempo. Opinião pessoal? Acho que João Cox vai acabar assumindo tudo) .
O primeiro sinal desses novos tempos já aconteceu hoje. A operadora anunciou um novo pacote de minutos para ligações longa distância com o 21, da Embratel. Não demora nada, apostam especialistas, começarão a pipocar combos casados com a Net.
Mal posso esperar.
Fonte: Portal Exame
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente livremente, mas sem abusar do critério da livre escolha de palavras. Assuntos pessoais poderão ser excluídos. Mantenha-se analítico e detenha-se ao aspecto profissional do assunto em pauta.