Tenho recebido várias solicitações do tipo “que negócio montar”. São leitores que têm dinheiro para investir e procuram idéias de negócios, outros são aqueles que descobriram o lado empreendedor, e até mesmo alguns desempregados desencantados que querem buscar fontes renda com negócio próprio, sempre uma boa alternativa.
Analisando o vasto mercado dos pequenos negócios chego a uma conclusão: quem abriu uma empresa o fez porque tinha uma idéia de negócio na cabeça ou porque percebeu uma oportunidade de negócio. Isto é óbvio, não é?
Mas uma “idéia de negócio” apenas identifica uma atividade empresarial simpática à pessoa. Do tipo, gosto de animais vou montar uma loja de ração, ou gosto de flores vou montar uma floricultura.
Para ser uma oportunidade de negócio, uma idéia precisa de complementos, como:
Conseguirá vender?
Existem realmente interessados em comprar?
Quantos e quem são estes interessados em comprar?
Qual a quantidade que conseguirá vender por mês?
Entre outras formas de entender a questão, podemos dizer que uma oportunidade de negócio para a pequena empresa, é caracterizada pela percepção de nicho de mercado, isto é, de um número de pessoas ou empresas que estejam dispostas a consumirem um volume de produtos ou serviços, em determinado local, preço e por período considerável de tempo.
Dizem as pesquisas que 30% das empresas que fracassam alegam “falta de demanda”. Ou seja, não conseguiram vender o volume que precisava.
Se ao montar a empresa o empreendedor estiver convicto que conseguirá vender um volume suficiente de produtos e ou os serviços que irá oferecer, por preços compensadores, então tem uma oportunidade de negócio esperando para ser explorada.
Mas, ainda assim, uma oportunidade percebida somente vira um bom negócio se existir uma estratégia para sua exploração. Uma boa estratégia somente é definida por um completo e dominado projeto empresarial (também conhecido como “Plano de Negócio”).
Completo porque quanto mais condições forem identificadas e tratadas, mais acertadas serão as decisões do empreendedor.
Dominado porque quanto mais convencido estiver o empreendedor sobre cada componente do plano, mais domínio terá sobre as condições adversas que certamente surgirão, ao longo da implantação do empreendimento.
Significa simplesmente definir as providências que serão decisivas na implantação do empreendimento, e pelo tempo que este durar:
- Definições das ações a realizar com relação ao produto, ao preço, à distribuição e à comunicação com o mercado, como ponto de partida para atrair e reter clientes. Também a relação que deverá ser estabelecida com concorrentes e com fornecedores. No caso de comércio a relação com fornecedores é decisiva.
- Definições do sistema de trabalho a ser adotado, para se alcançar o necessário nível competitivo do processo e da equipe. A busca contínua será por maior produtividade e por qualidade, na justa expectativa dos clientes.
- Definições claras de valores do investimento e do capital necessário ao dia-a-dia da empresa. Quanto será necessário em cada etapa ou período de tempo? Qual a disponibilidade ou fonte de financiamento, e por quanto tempo? Sem esquecer uma adequada reserva de dinheiro para suportar os primeiros meses, quando surgem condições não imaginadas.
Todo este cuidado, sobre oportunidades, estudos, planos e estratégia, é para responder antecipadamente se o volume e preço que podem ser conseguidos resultarão em retorno do investimento, que valha a pena.
Se, o volume e preço que podem ser conseguidos, não resultarem em retorno do investimento que valha a pena, significa que poderá ser mais uma empresa que vai fechar suas portas, no primeiro, segundo ou terceiro ano, alegando falta de demanda, quando na verdade trata-se apenas de uma idéia simpática de negócio e não exatamente de oportunidade de negócio.
Assim, o recado para quem deseja montar uma pequena empresa, é que invista tempo, dinheiro e aprendizado na elaboração do planejamento inicial da empresa, pois certamente terá mais chances de sucesso, na caracterização e exploração da oportunidade de negócio.
A. Carlos de Matos,
Consultor em Gestão Empresarial
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