Reuters
Fabio Fabrini - O Globo; Agência Senado
BRASÍLIA - O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, negou em depoimento nesta terça-feira a senadores as acusações de suposto desvio de dinheiro e formação de caixa dois para campanhas do PT com recursos da Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop). ( Entenda o caso Bancoop )
Vaccari compareceu à reunião conjunta das comissões de Meio Ambiente e de Direitos Humanos do Senado acompanhado do advogado da cooperativa, Pedro Dallari, e do presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra. O promotor José Carlos Blat, encarregado do inquérito no Ministério Público de São Paulo, também convidado para a sessão, não compareceu. Blat enviou um documento com o teor das acusações contra os dirigentes da Bancoop.
- Não houve superfaturamento, não houve contribuição a partidos políticos. Isso está comprovado, inclusive, por auditorias independentes - afirmou Vaccari, acrescentando que não teve chances de explicar-se ao Ministério Público.
Vaccari sustentou ter dado ampla publicidade aos cooperados sobre o andamento de cada empreendimento e negou ainda a acusação de que recebia envelopes de dinheiro entregues ao vice-presidente da cooperativa, Luiz Eduardo Malheiro, para serem encaminhados ao PT.
Ele afirmou ainda que 5.609 unidades habitacionais foram entregues e "apenas" 592 estão pendentes, devido ao desequilíbrio financeiro da entidade. Porém, na maioria dos casos haveria negociação para a solução do impasse com os clientes. Vaccari alegou que, sanados os problemas, a Bancoop deve continuar construindo apartamentos:
- Não sou mais o presidente da Bancoop, mas, com certeza, a expectativa que há por parte dos cooperados é de que se façam os lançamentos e continuem construindo (as unidades) a preço de custo, aprendendo com os erros que foram cometidos no passado.
O caso Bancoop veio à tona após reportagem na revista "Veja", segundo a qual o tesoureiro seria suspeito de participar de um suposto esquema de desvio de dinheiro da cooperativa. Para o advogado da Bancoop, o caso é antigo e foi ressuscitado pela imprensa.
- O que aconteceu foi uma oxigenação do inquérito - disse Dallari - que disse ainda que vai tomar medidas contra o promotor José Carlos Blat.
Advogado vai apresentar ação contra promotor
Segundo o advogado, uma representação será apresentada ao Conselho Nacional ou ao Conselho Superior do Ministério Público, denunciando supostas irregularidades na condução do caso. Segundo ele, o promotor vem acusando os dirigentes da entidade de criminosos desde 2008, inclusive em entrevistas à imprensa, mas não os convoca a prestar depoimentos, tampouco oferece denúncia à Justiça.
- Significa que ele não tem convicção do que diz ou está prevaricando - afirmou, após depoimento no Senado, acrescentando que as declarações têm agravado a crise financeira na Bancoop.
A oposição promete manter as denúncias envolvendo a Bancoop em evidência. Vaccari já foi convocado para depor na CPI das ONGs.
- Na CPI, sim, teremos consequências jurídicas. Quando não há respostas, há consequências. Quando há respostas mentirosas, há outras consequência - disse o senador Alvaro Dias (PSDB-PR).
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), criticou a falta de respostas e o fato de Vaccari ter trazido o advogado da cooperativa.
- Acusado, como está, de fatos gravíssimos, ele acha que pode continuar legitimamente sendo tesoureiro de um partido do porte do PT numa eleição como essa que vai ser travada no plano presidencial - criticou Virgílio.
Vaccari disse não ter problemas de consciência para assumir a Tesouraria do PT, e afirmou que não será o tesoureiro da campanha da ministra Dilma Rousseff à Presidência.
- O tesoureiro do PT e o coordenador financeiro da campanha são pessoas diferentes ... na campanha de 2006 já foi assim - lembrou.
Na semana passada, a CPI das ONGs foi obrigada a adiar para depois da Semana Santa os depoimentos de Vaccari e do promotor Blat.
Fonte: O Globo
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