Caio Lauer
Elise Passamani, diretora de recursos humanos da Young & Rubicam, agência de publicidade líder de mercado nos últimos 8 anos de acordo com o Ibope, conta como em tão pouco tempo conquistou uma posição de destaque na companhia e revela os desafios e o pioneirismo de comandar um RH na área publicitária.
Boa leitura!
Conte-nos um pouco sobre sua formação e experiência de trabalho.
Sou Goiana, fui criada em Quirinópolis, no interior de Goiás, uma cidade de 40 mil habitantes. Com oito anos fui para Goiânia, estudar em escolas melhores. Com 13, eu trabalhava no posto de gasolina e em uma loja de shopping da minha mãe; trabalhava, de fato, no caixa dessa loja e já tinha meus horários. Boa parte do que sou hoje devo a essa experiência que tive lá atrás, que desenvolveu um espírito de responsabilidade muito grande e que me deu a oportunidade de ter uma visão de negócio desde lá de trás.
Os anos foram passando, estudei algumas línguas e morei em alguns países. Acabei estudando para ser médica, porque meu pai é médico, mas desisti dessa carreira assim que passei no vestibular. Optei por fazer administração e me graduei na Universidade Católica de Goiás.
Nesse meio tempo, já tinha morado nos EUA, na Espanha e na Alemanha. Nesse último país, fiz engenharia da administração, que é um curso que não existe no Brasil. Mas aos 24 anos, não tinha muita certeza do que queria. Estava fazendo MBA, mas não me sentia feliz.
Como você foi parar na área de RH?
Me inscrevi para participar do programa 'O Aprendiz', do Roberto Justus, e acabei entrando no programa. Uma coisa que eu achava impossível, porque era goiana e achava que tudo que estava no eixo Rio-São Paulo tinha prioridades. Surpreendentemente, fui aprovada entre as oito mulheres de 30 mil candidatos. Fui demitida no oitavo episódio, mas três meses depois, o próprio Roberto Justus e o diretor de RH da Young & Rubicam da época me ligaram e me convidaram para trabalhar aqui no Grupo Newcomm. E não tive dúvidas, achei que era a oportunidade da minha vida e falei: vou largar tudo e vou para São Paulo lutar por essa oportunidade. Isso aconteceu há cinco anos.
Comecei como assistente de RH, fazia um pouco de secretariado também para a diretora de RH e quatro anos depois, que foi no ano passado, cheguei à diretoria de RH do grupo.
Como explica esse avanço tão rápido?
Para mim foi fundamental ter começado como assistente, apesar de naquele momento da minha vida, eu já ter passado dessa fase, pois já era, há 9 anos, uma pequena empresária e já tinha aprendido muitas coisas. Mas hoje, olho para trás e vejo o quão fundamental foi. Como assistente da área, eu fiz todos os trabalhos; era uma carreira nova, e tive a oportunidade de aprender tudo do que o estagiário fazia ao que o chefe fazia.
Quais os maiores desafios de comandar o RH de uma grande agência de publicidade?
É o segmento não possuir historicamente a área de RH, então tudo que fazemos aqui acaba sendo pioneiro; ser tão jovem, ter que lidar com tantas situações e ter uma maturidade que, teoricamente, aos 30 anos não se tem; e fazer dar certo, corresponder com a aposta que fizeram em mim.
Para você, o que é preciso para que o RH de uma empresa se destaque?
Precisa ter foco em pessoas, realmente. Sinto que isso é muito difícil no mundo corporativo. Todo mundo é nosso chefe, e temos que fazer o melhor por todo mundo, porque senão, o trabalho não tem sentido.
Como foi ser classificado durante 3 anos entre as 100 melhores empresas para se trabalhar do instituto Great Place to Work?
Para nós, foi uma alegria muito grande, principalmente porque fomos a única agência de publicidade a constar nesse ranking nos últimos três anos. Particularmente, acredito que o trabalho do RH dá visibilidade para o que nosso presidente quer da empresa e coloca isso na prática: nas atitudes, nas ações, nos benefícios, entre outros. Transformamos o que o presidente quer para os nossos funcionários.
Existem peculiaridades no RH de uma agência de publicidade?
Tudo é bastante informal, então é necessário um jogo de cintura muito grande para lidar com os fatos. Enquanto as grandes empresas têm tudo no papel e formalizado, nós não temos. Então acredito que esse é o maior desafio e particularidade de fazer dar certo mesmo assim.
Você sempre se interessou por RH?
Eu tinha gosto pela administração, porque foi o que fiz pela vida inteira, trabalhar com negócios. Então, a visão do todo, cuidar de tudo e pensar em todos os detalhes sempre tive. Sempre gostei muito disso. A oportunidade de RH caiu de páraquedas para mim.
Como explica esse salto tão grande, e em quatro anos já conquistar o posto de diretora do RH?
Paixão. Sou completamente apaixonada por gente e acho que isso refletiu aqui dentro. Sou apaixonada por tudo que faço na minha vida: pelos funcionários, pelo namorado, pela família, pelo cachorro, pelos fornecedores etc. Acho que as pessoas enxergam isso em mim e acabam valorizando. Eu visto muito a camisa da empresa. Costumo falar que ela está tatuada em mim.
Você conquistou uma posição de diretoria muito rápido. Deixe algum recado para os leitores que almejam chegar a cargos de liderança.
Temos que ser humildes sempre, em qualquer posição hierárquica que você estiver e almejar. Humildade e ética, e no caso específico do RH, ter amor ao próximo. Também ter coragem e vontade de se colocar sempre no lugar do outro, é o que faz toda a diferença.
Tem uma frase do Henry Ford que gosto muito: “Se você pensa que pode ou pensa que não pode, de qualquer forma você estará certo”.
Fonte: Carreira e Sucesso
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