sexta-feira, 23 de abril de 2010

Quando a empresa não cresce mais

Muitos empresários me procuram alegando cansaço. Dizem: “não tenho mais fim de semana”, “não tiro férias”; “trabalho de sol a sol”; “tenho alguns clientes que são difíceis demais”. Incrível, mas estes sintomas são sinais do ótimo momento por que passa a empresa.

O empreendedor de micro empresa, de pequenos negócios, com poucas exceções, começa aproveitando uma oportunidade e até mesmo uma idéia, mas na condição de auto-emprego. Sim, o empreendedor começa o negócio sendo empregado dele mesmo. Como dizem: “um faz tudo”. Esta fase é ótima para o aprendizado. Ao mesmo tempo em que atua na viabilização do negócio ele também está vivenciando cada processo da empresa. Tudo é feito conforme suas percepções e decisões.

Mas, logo alguma atividade muito auxiliar, ou que o empreendedor não gosta de fazer, ou porque não consegue fazer sozinho, é passada para seu primeiro empregado, depois para um segundo, para um terceiro e assim vai até que todas as atividades, que o dono não vê como essência do negócio, estejam na mão de empregados. Mas sempre com uma singularidade: é o empreendedor que dá o tom, a delegação é sempre parcial e todas as rédeas do negócio ficam nas mãos do dono.

Nesta situação a empresa está em momento bom para crescimento, mas o dono com a característica centralizadora tenta, ao custo de sua saúde, manter as rédeas da operação do negócio em suas mãos, uma coisa não aprendeu: delegar.

A empresa tem espaço para crescer, mas permanecerá do tamanho que a competência do dono permitir, e este se sentirá cada vez mais escravizado pelo negócio que montou.

Se a pessoa é um artista e consegue um alto valor por sua arte, então o chamamos de artista de sucesso.

Mas, nos negócios empresariais, o sucesso, o crescimento da empresa, vem justamente do saber obter resultados através de bens e de pessoas. Não unicamente através de si. Os bens materiais da empresa e seus funcionários produzem os resultados da empresa. Chega um momento em que o dono não conseguirá fazer todo o trabalho, comandar todas as atividades, supervisionar todos os resultados. Neste momento é necessário suprir a empresa com uma estrutura que a faça funcionar “sob a inteligência” que o dono desenvolveu com o seu aprendizado de empreendedor, e não mais insistir em fazer a empresa funcionar unicamente com sua presença física e supervisão direta.

Para melhor exemplificar, há um exercício ótimo para isto: se for estratégico abrir uma filial em outra cidade, como o dono poderá estar em dois lugares ao mesmo tempo?

Mesmo que não haja a intenção de abrir filiais, os donos precisam desenvolver uma estrutura de trabalho que funcione com sua inteligência e não exatamente ser dependente de sua presença física. Mas não quer dizer parar de trabalhar na empresa, significa escolher funções e decisões que sejam aquelas que sempre irão impulsionar a empresa para o futuro e crescimento. Não será cansativo, enfadonho ou destruidor de férias e de laser, o trabalho que o dono fizer para a empresa, não necessariamente na empresa.

Ter uma estrutura que funcione é prerrogativa para um crescimento saudável, seguro e sócios não escravizados pelo negócio.

Sobre o autor: Antônio Carlos de Matos é administrador de empresas, professor, palestrante e consultor em gestão empresarial.

Visite o blog do autor em http://acdematos.wordpress.com

Fonte: Visão do Empreendedor

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente livremente, mas sem abusar do critério da livre escolha de palavras. Assuntos pessoais poderão ser excluídos. Mantenha-se analítico e detenha-se ao aspecto profissional do assunto em pauta.