sábado, 15 de maio de 2010

Minério de ferro acende a luz vermelha da inflação

IGP-10 de maio registra alta de 19,84% do mineral metálico, que possui efeito multiplicador nos produtos industriais

Luís Artur Nogueira, de EXAME.com

Os reajustes do minério de ferro anunciados no 1º trimestre estão a caminho do bolso do consumidor. O primeiro passo já foi dado no atacado, com a alta de 21,02% em maio apurada pelo Índice Geral de Preços - 10 (IGP-10). Para se ter uma ideia da magnitude desse movimento, um terço da inflação total do mês (1,11%) foi causada apenas pelo minério de ferro.

"O resultado de hoje (14), enfim, registrou a tão anunciada elevação dos preços do minério de ferro, que pressionará o IPA-Industrial nas próximas leituras dos IGPs, mantendo estes últimos em patamar superior a +1%", diz relatório da LCA Consultores.

Os analistas avaliam que o próximo passo é a alta dos preços do aço e, consequentemente, de carros e imóveis em construção, por exemplo. O comportamento dos produtos industriais neste ano é totalmente diferente do registrado em 2009, quando o segmento teve deflação de 4,93%. Em 2010, em apenas cinco meses, o índice já acumula alta de 4,37%.

Para piorar o cenário, não é apenas o custo do aço que vai turbinar os preços industriais. O fim do IPI reduzido e o mercado interno extremamente aquecido são álcool na fogueira da inflação, ou seja, o ambiente econômico favorece esses repasses.

O Banco Central (BC), que olha esses dados com lupa, já está com o dedo no gatilho da metralhadora dos juros. O primeiro tiro foi dado na reunião de abril do Comitê de Política Monetária (Copom) e o próximo virá em junho. A ajuda do governo, que anunciou cortes de gastos, é bem-vinda, destacou o presidente do BC, Henrique Meirelles, mas insuficiente para aliviar a árdua tarefa da instituição, na opinião da Tendências Consultoria.

A questão realmente não é simples. O início do ano foi marcado por um choque de oferta de alimentos (os produtos agrícolas no atacado acumulam alta de 4,83%) por questões climáticas. Agora, os custos dos produtos industriais são afetados pelo minério de ferro. Com a economia brasileira crescendo num ritmo chinês, fica difícil imaginar que esses repasses não cheguem ao bolso do consumidor.

Fonte: Portal Exame

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