Falta de incentivo na ovinocultura desestimula os produtores da região de Campo Mourão. Há seis anos foi criada na cidade uma associação de ovinocultores (Ovinocamp), formada na época por 40 pessoas. Hoje pouco mais de 10 destes são ativos. O principal problema é a falta de um frigorífico para o abate dos animais. Para resolver esta e outras dificuldades, uma tentativa de reorganizar a produção está sendo feita na cidade.
Segundo a zootecnista do Sindicato Rural, Jaciani Beal Klank, quem ainda está na produção vende em sua maioria no comércio informal. No ano passado, o ex-chefe do Núcleo Regional da Secretaria da Agricultura e Abastecimento (Seab) e atual Secretário de Estado da Agricultura, Erickson Chandoha, conseguiu a liberação provisória de um frigorífico da região para o abate. “São precisos alguns ajustar para abater o animal, além disso, o produtor paga de R$ 12,00 a R$ 20,00 por cabeça. Se eles conseguem R$120,00 é um custo muito alto, representa 20% do lucro só para matar o animal”, relata.
Segundo Klank a saída para esses produtores será a longo prazo. “Começamos um levantamento com esses produtores. Não sabemos nem o tamanho do rebanho, falam em 2 mil, a Seab diz que é menos. Precisamos primeiro ter esse conhecimento, para então, pensar em alternativas. Esse estudo ajudará a ver se a melhor alternativa é montar uma cooperativa, ou se vamos nos associar com a cooperativa de Cascavel ou Guarapuava”, diz.
A região de Campo Mourão é formada em sua maioria por pequenos produtores. Para Klank, o apoio do governo nas próximas etapas seria fundamental. “Em 2004 quando começou a associação, eram vários projetos. Mas nunca foi criado nenhum fundo e nem houve apoio para montar um pequeno frigorífico para abater os animais. Algumas cidades se organizaram e conseguiram verba do município”, reclama.
A perspectiva da zootecnista é de que em quatro anos seja possível reverter essa situação. “Antes, morava em Francisco Beltrão e lá fizemos todo esse processo. Demorou mais ou menos quatro anos, aqui estimamos que seja necessário pelo menos este período.”
Esta semana, foi realizada uma feira importante para o setor com a participação de mourãoenses (mais informações no box abaixo), e Klank explicou que trouxe novidades para os produtores. “Vieram congressistas da Nova Zelândia que tem muito a ensinar. Eles conseguem ter carneiro o ano todo e os pastos congelados durante seis meses”, revela.
Segundo ela, o que mais precisa mudar é o custo para a produção. No Brasil, o quilo da carne é vendido entre R$9,00 e R$10,00 reais. Lá esse valor é o mesmo, porém o custo, de acordo com a zootecnista é bem menor. “A produção é a pasto, não confinando os animais como fazemos aqui. Isso diminui os custos e melhora a produção”, completa.
Carneiro no Buraco
A zootecnista afirmou que durante a feira, com a presença de mais de 300 pessoas de vários estados, falou sobre a 20ª Exposição Agropecuária de Campo Mourão e Festa Nacional do Carneiro do Buraco. “A festa deveria unir a parte gastronômica com a produção.” Ela comentou que a carne para a festa na maioria das vezes é de produtores da região, mas não da associação.
Ana Carla, Da Redação
Fonte: Tribuna do Interior
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