quarta-feira, 2 de junho de 2010

Paralisação do frigorífico Frialto preocupa produtores de Mato Grosso

Setor teme o avanço da concentração dos abates nas mãos de poucas empresasLuiz Patroni
Campo Grande (MT)

A paralisação das unidades de abate do frigorífico Frialto reacende um sinal de alerta para os pecuaristas. Em Mato Grosso, onde o grupo possui três unidades, além da desvalorização ainda maior da arroba, o setor teme o avanço da concentração dos abates nas mãos de poucas empresas.

As três plantas da empresa instaladas em Mato Grosso abatiam em média 1,6 mil animais por dia, o equivalente a 38% dos abates realizados na região norte do Estado. Os estabelecimentos estão localizados nos municípios de Sinop, Nova Canaã e Matupá. A suspensão das atividades e o pedido de recuperação judicial surpreenderam a classe produtora.

– O setor não esperava que este grupo enfrentasse dificuldades financeiras e que pudesse paralisar as operações – afirma o coordenador da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), Carlos Augusto Zanata.

Os impactos provocados pela notícia foram imediatos. De acordo com um levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária, o preço pago pela arroba na região caiu quase R$ 2,00 após a paralisação das atividades do grupo. Segundo as lideranças do setor, os pecuaristas devem ser cautelosos nas negociações para não correr o risco de enfrentaram nova desvalorização.

A recomendação é evitar o excesso de oferta de gado na região, onde estão concentrados cerca de 20% do rebanho do Estado.

– É preciso ter cautela nestes próximos 10 dias, e evitar “afobação” neste momento para não prejudicar a classe produtora, evitando aceitar baixos preços pelo produto – orienta Zanata.

Com a suspensão dos abates do grupo, sobe para 15 o número de frigoríficos com atividades paralisadas em Mato Grosso, o que representa 40% das indústrias com o Serviço de Inspeção Federal (S.I.F.). Para a Associação dos Criadores do Estado (Acrimat), o problema é conseqüência da falta de investimentos do poder público em políticas que beneficiem os pequenos e médios frigoríficos, O que torna mais provável a concentração das operações nas mãos de poucas empresas.

– A dificuldade de acesso a recursos do BNDES, por exemplo, que estas empresas enfrentam não ocorre com grandes grupos. Existe uma preocupação com a concentração dos abates em poucas indústrias – diz o superintendente da Acrimat, Luciano Vacari.

Além das três plantas instaladas em Mato Grosso, as unidades do grupo Frialto em Mato Grosso do Sul e Rondônia também estão com as atividades suspensas.

Fonte: Canal Rural

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