quinta-feira, 24 de junho de 2010

Real conseguiu acabar com o caos inflacionário brasileiro

Mudança de moeda ajudou a transformar a economia; cédulas de real começam a ganhar novo design em 2010

Gabriela Ruic, de EXAME.com

Novas cédulas serão colocadas em circulação a partir deste ano

São Paulo - De 1942 até 1994, o Brasil trocou de moeda nada menos do que oito vezes. Do cruzeiro (1942-1967) ao real (1994-atual), o país substituiu a moeda corrente em tentativas de conter a inflação. Nenhuma das tentativas anteriores foi mais bem-sucedida que o Plano Real, implementado em 1994 durante a presidência de Itamar Franco, com Fernando Henrique Cardoso no Ministério da Fazenda.

O real começou a ser idealizado em 1993. Dividido em três fases - o controle dos gastos públicos, a criação da URV (Unidade de Valor) e a emissão de uma nova moeda - o plano tinha como objetivo eliminar a inflação crônica que atingia o país há três décadas e que era atribuída à desordem financeira.

O primeiro documento, parte deste plano que substituiria o Cruzeiro Real, foi o Programa de Ação Imediata (PAI), lançado em julho de 1993, que continha uma série de medidas que visavam preparar a economia brasileira para a organização financeira que estava por vir.

O documento comparava a inflação excessiva que atingia o Brasil com a situação econômica de países de "economia destroçada", como Rússia, Zaire e Ucrânia. De acordo com o PAI, a inflação que atingia o país era resultado de anos de políticas financeiras e administrativas mal-sucedidas, que poderiam ser contornadas à medida que o Brasil passasse por um momento de expansão econômica.

O plano incluía corte de gastos públicos, recuperação da receita tributária e a privatização de empresas estatais, entre outras medidas. Pretendia-se também que o Banco Central e o Tesouro pudessem exercer suas funções de maneira transparente. Caberia ao BC a tarefa de decidir pela emissão de moeda corrente no Brasil e zelar pelo controle da inflação.

Já o Tesouro ficou com a tarefa de equilibrar a relação entre receita e despesa pública. Além das medidas de controle inflacionário e gastos do Estado, o documento previa que seria possível dar continuidade ao processo de abertura do comércio exterior brasileiro.


A segunda fase do Plano Real aconteceu em dezembro de 1993, quando ficaram definidas as linhas gerais da nova moeda, chamada então de URV, que viria a ser, posteriormente, substituída pelo real. Foi apenas no dia 30 de junho de 1994 que a terceira e última fase do Plano Real foi aprovada pelo presidente Itamar Franco.

Novas Cédulas

Dezesseis anos depois de seu lançamento, o real pouco mudou em termos estéticos. Fora a cédula comemorativa do ano do descobrimento, de dez reais, a moeda sempre manteve o mesmo design. No começo de 2010, o BC anunciou a atualização da tecnologia e, por conseqüência, do design das cédulas do real.

Gradativamente serão inseridas em circulação as novas cédulas de R$ 2, R$ 5, R$ 10, R$ 20, R$ 50 e R$ 100. AS duas últimas já foram lançadas e a previsão é de que comecem a circular até o final do primeiro semestre de 2010. Já as cédulas de R$ 10 e R$ 20 estão com lançamento previsto para o primeiro semestre de 2011, enquanto que as cédulas de R$ 2 e R$ 5 serão anunciadas no primeiro semestre de 2012.

As novas cédulas, entretanto, custarão mais: enquanto a impressão das cédulas atuais custa 168 reais para cada lote com mil notas, a nova versão do real chegará a custar 200 reais. Contudo, estima-se que a vida útil da nova versão do real seja 30% maior. Segundo o Departamento de Meio Circulante do BC, notas de R$ 20, R$ 50 e R$ 100 circulam entre 2,5 e 3 anos. Já notas de menor valor, como a R$ 2, R$ 5 e R$ 10, tem vida útil de até um ano.

Segundo anúncio do ministro da Fazenda, Guido Mantega, a troca justifica-se na importância que o real adquiriu ao longo dos anos para a economia mundial. Tal movimento faz com que o país precise dispor de um número cada vez maior de cédulas em circulação, além da necessidade em atualizar as notas, para que a falsificação das mesmas torne-se cada vez mais difícil. Números do BC mostram que, para cada 1 milhão de notas em circulação, 143 são falsas, uma média três vezes maior que a mundial.

Fonte: Portal Exame

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