Em maio, a atividade comercial retomou o crescimento, registrando aumento de 1,4%
Eduardo Tavares, de EXAME.com
São Paulo - Nos cinco primeiros meses do ano, o comércio brasileiro viveu uma fase de crescimento acelerado, com alta acumulada de 11%, segundo dados da Serasa Experian. Entretanto, os especialistas da entidade esperam uma perda de fôlego no segundo semestre, fazendo com que o indicador da atividade nas lojas encerre o ano abaixo dos 10%.
Esta perda de ritmo é um dos impactos da série de esforços à qual o Banco Central deu início meses atrás para conter uma inflação que ameaçava escapar do controle. "Os juros estão começando a apertar e isso fará com que as condições de crédito já não permaneçam tão boas quanto as que vemos até agora, com prazos mais longos e taxas mais baixas", diz Luiz Rabi, gerente de indicadores de mercado da Serasa Experian.
O economista lembra ainda que, apesar da expectativa quanto à inflação para 2011 ser de 4,80% (o centro da meta é de 4,5%), ainda há incerteza. "Tem gente que acha que pode chegar a 6%. Ainda há muita dispersão", diz. Tendo este cenário como premissa - considerando a ação do BC para esfriar o crescimento -, Rabi projeta uma alta da atividade do comércio em torno de 9% no fim do ano.
Setores
Após uma queda de 1,3% em abril, o indicador do movimento nas lojas recuperou o crescimento, registrando alta de 1,4% em maio. O desempenho no quarto mês do ano havia sido prejudicado pelo fim da isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos automóveis. Naquele período, a venda de carros diminuiu 10%.
Já em maio, a retomada se deve ao aumento de 2,7% das vendas do setor de material de construção, considerado por Rabi o grande destaque do ano. "O ano passado foi muito ruim para o ramo da construção. Em 2010, o bom momento da economia aumentou a confiança dos consumidores, que voltaram a investir na residência, impulsionando as vendas."
Além disso, o incentivo do governo deve contar muitos pontos para o segmento. A isenção do IPI da construção, que deve durar até o fim do ano, e as ações do programa "Minha Casa, Minha Vida", devem elevar o movimento nas lojas de material de construção, fazendo do setor um dos responsáveis pelo crescimento do comércio no ano.
Tanto o comércio de carros quanto o de eletroeletrônicos, que vinham mostrando força nos primeiros meses do ano, devem voltar ao crescimento "normal", mais brando, de acordo com Rabi. "Como as condições de crédito vão ficar mais difíceis, e isso conta muito nestes segmentos, vai haver arrefecimento. Os eletrônicos tiveram um crescimento acumulado de 19% até agora, mas não devem crescer muito mais até o fim do ano", afirma.
Fonte: Portal Exame
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