terça-feira, 10 de agosto de 2010

"Chegou a vez das empresas emergentes"

Especialista em fusões e aquisições diz que as companhias de países como o Brasil buscam expandir cada vez mais seus negócios no exterior

Luciene Antunes, de EXAME

As empresas brasileiras investiram 11 bilhões de dólares no exterior nos primeiros cinco meses do ano - mais do que o dobro do total aplicado em 2009. Para o professor Ravi Madhavan, especialista em fusões e aquisições da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, o Brasil segue uma tendência cada vez mais comum entre os países emergentes, de crescimento de negócios no mercado externo.

1) EXAME - Houve mais de 50 fusões e aquisições envolvendo empresas brasileiras no exterior neste ano. O que está por trás desse número?

Ravi Madhavan - Não apenas no Brasil como em muitos emergentes, estamos vendo um aumento no número de fusões e aquisições no exterior. Há algumas razões para isso, mas a principal é que as companhias estão se tornando mais maduras nesses mercados e mais aptas a atuar internacionalmente.

2) EXAME - Que outros fatores ajudam a explicar o fenômeno?

Ravi Madhavan - Essas empresas estão tendo acesso a mais capital e aumentando sua capacidade de gestão. A proliferação de fundos de private equity também impulsiona as transações.

3) EXAME - A maioria das fusões e aquisições ainda parte dos países desenvolvidos para os emergentes. Isso também vai mudar?

Ravi Madhavan - À medida que amadurecem, mais empresas de países emergentes seguem o modelo dos países ricos. Em todas as economias existe um patamar mínimo de transações, que ocorrem a despeito do momento econômico. Nos Estados Unidos, cerca de 8% do valor total do mercado de capitais é envolvido em fusões e aquisições todos os anos.

4) EXAME - Então isso é um sinal de que as empresas emergentes estão se tornando mais sofisticadas?

Ravi Madhavan - Sem dúvida. E também de que elas estão ganhando um novo status na comunidade internacional. Hoje, um profissional de fusões e aquisições precisa estar baseado também na Ásia, não só em Nova York, como no passado.

5) EXAME - Em que outros países o aumento do volume de fusões e aquisições chama a atenção?


Ravi Madhavan - Atualmente tenho observado muito as transações entre os países do Bric e os Estados Unidos. Tais operações cresceram na última década, em especial entre companhias indianas e americanas no setor de tecnologia da informação.

6) EXAME - Problemas que ainda existem nos países emergentes, como excesso de burocracia, estão deixando de ser um freio para os negócios?

Ravi Madhavan - Aos poucos. O ambiente para os negócios melhorou muito nos principais países emergentes, mas ainda há desafios. O volume de investimentos estrangeiros poderia ser maior.

7) EXAME - Em que países estão os maiores desafios?

Ravi Madhavan - Entre os membros do Bric, na China e na Rússia. A China mantém setores muito fechados ao capital externo e a Rússia sofre com a falta de transparência e com os riscos políticos. O Brasil está avançando muito graças à estabilização da economia e à clareza de regras para investimentos.

Fonte: Portal Exame

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente livremente, mas sem abusar do critério da livre escolha de palavras. Assuntos pessoais poderão ser excluídos. Mantenha-se analítico e detenha-se ao aspecto profissional do assunto em pauta.