segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Prefeito de Nova Friburgo empossa Conselho da Fundação Dom João VI

Órgão administrativo dá origem à nova instituição, que substitui o
Pró-Memória, Centro de Documentação Histórica da Municipalidade

Foi na tarde da última sexta-feira, 13, o gabinete do chefe do executivo friburguense, no Palácio Barão de Nova Friburgo, serviu mais uma vez de cenário para, entre tantos outros acontecimentos históricos: desta vez, a posse dos primeiros integrantes do Conselho Administrativo da Fundação Municipal Dom VI, instituição que substituirá o antigo Pró-Memória que, nas últimas três décadas preservou considerável parte do acervo histórico do Município.

Trabalho iniciado em 1975, de forma autônoma e informal pela servidora pública Thereza Albuquerque e Mello, a Thereza Barroso (como é conhecida), que por conta própria passou a reunir e catalogar jornais e recortes, fotos, livros históricos e demais documentos que considerava de valor, o Pró-Memória só seria institucionalizado pelo Poder Executivo Municipal em 1986, pelo próprio prefeito Heródoto - então em seu segundo mandato - quando criou e deu o nome ao Centro de Pesquisa e Documentação Histórica, como departamento vinculado à Secretaria municipal de Cultura. A própria Thereza, ao final da cerimônia, fez questão de registrar o fato do engenheiro e prefeito ter sido quem oficializou o Pró-Memória “e hoje, novamente, ter sido o responsável pela ampliação de seu trabalho, transformando-o numa fundação”.

Pelos 200 anos de Nova Friburgo

Antecedendo a cerimônia, acompanhado da mulher - Betty Rodrigues de Mello -, o prefeito falou sobre o futuro do município e os principais planos de seu Governo, destacando o projeto do Veículo Leve sobre Trilho (VLT), mostrando foto ampliada do modelo do trem escolhido para Nova Friburgo, além de exibir várias imagens impressas de belezas naturais do município, em fotos da fotógrafa friburguense Regina Lo Bianco, para os conselheiros e convidados, a exemplo da professora e ex-secretária Dilva Maria de Moraes, bem como dos secretários municipais Braulio Rezende (Governo), Girlan Guilland (Comunicação Social), a Chefe de Gabinete, Luzia Jaccoud de Azevedo; jornalistas e fotógrafos da mídia local e o diácono José Ruy, acompanhante do bispo diocesano, que foi um dos empossados.

A cerimônia teve início com a benção de Dom Edney Gouvêa Mattoso, convidando a todos para acompanhá-lo na ‘oração dos irmãos’ e proferiu um ‘Pai-Nosso’, seguindo-se palavras carinhosas e de reconhecimento do Prefeito à senhora Thereza, pelo heroísmo em manter o acervo que conta a história dos quase 200 anos do município.

“Thereza, você realmente foi uma heroína. Devemos-lhe este momento, em que selamos uma importante etapa para Nova Friburgo, exatamente a oito anos de seu bicentenário. Não fosse você e sua iniciativa de começar este trabalho, não estaríamos aqui hoje. Graças a você, somos devedores do trabalho de preservação da nossa história”. - destacou o chefe do executivo, que em sua fala ainda mencionou a ideia de, ao se mudar a Prefeitura para o prédio da antiga OI/Telemar, onde será instalado o Centro Administrativo Engenheiro Cesar Guinle, fazer do atual prédio do Palácio do Governo a sede da Fundação Dom João VI, transferindo posteriormente o Pró-Memória, que hoje funciona na Praça Getúlio Vargas (em espaço cedido pela Energisa).

“Este é também um prédio histórico, importante para o Município, do qual precisamos para preservar o acervo friburguense. Tudo hoje está muito disperso. Há muitas preciosidades nas mãos do povo e que precisamos resgatar para disponibilizarmos a todos”. - defendeu Heródoto.

- Hoje, mais do que antes, sabemos o quanto Minas Gerais é importante para a nossa história, principalmente pela ligação da família Neves com Nova Friburgo. Além disso, recentemente tomamos ciência de uma fazenda em São Lourenço, originária ainda da colonização; queremos resguardá-la, pois ela pode e deve ser recuperada.

O prefeito também lembrou que o antigo Hotel Schumacher, cujo prédio original, que até hoje está lá na praça do Suspiro, ainda que com algumas ampliações, era a sede da antiga Fazenda Córrego D’antas, que fazia divisa com a Fazenda do Morro Queimado, que se iniciava exatamente naquele local.

“Vários prédios históricos estão se perdendo, mas nossa história também pode ser contata através dos prédios. Precisamos fazer com que a juventude se interesse por este tema”. - destacou Heródoto.

Os primeiros conselheiros da Fundação de direito público,
que será o primeiro arquivo público fora de uma Capital

Escolhidos criteriosamente pelo Prefeito e pelo Presidente da instituição, Nelson Augusto Bohrer, mais conhecido como Guguti, levando em considerando as diversas formas de contribuição de cada um à preservação da memória do município, entre os primeiros conselheiros da Fundação, estão: além do prefeito Heródoto e do presidente da Fundação, Guguti; o bispo Dom Edney Gouvêa Mattoso, Carlos Jayme de Siqueira Jaccoud, Helênio Campos da Silva Lima, Laércio Ventura, Oswaldo Antonio Lucho Júnior, Amaury Damiance e Marcelo Braune. Embora não seja uma das conselheiras, Thereza Albuquerque é considerada como Homenageada Especial.

Com a leitura da Ata Nº 01, pelo presidente Guguti, foi homologado o Estatuto da Fundação D. João VI, órgão criado pela Lei Municipal Nº 3.386, de autoria do Poder Executivo e aprovada por unanimidade, em 30 de dezembro de 2009, em sessão extraordinária da Câmara Municipal friburguense.

Fundação pública, de direito público, com autonomias administrativas e financeiras, sem fins lucrativos, já possui um site no endereço www.djoaovi.com.br , que tem sendo utilizado desde o início do ano passado pelo Pró-Memória, e tem sido de extrema importância para pesquisadores, que não possam frequentar o departamento.

Entre as muitas finalidades da Fundação, estão: promover e incentivar ações para resgatar a memória do município; adquirir e guardar todo e qualquer bem que faça parte da história local; planejar, supervisionar, promover eventos e atividades afins, assim como apoiar iniciativas públicas ou privadas no interesse da preservação histórica.

Pesquisador e interessado na preservação histórica, que juntamente com o também historiador Carlos Jayme Jaccoud, desde 2006, trabalha na tradução de atas da Câmara e na digitalização de todo o acervo do até então Pró-Memória, com a utilização de câmera fotográfica e de scanner, Nelson Bohrer, o Guguti, destacou na cerimônia que a Fundação é, na verdade, um primeiro passo para que Nova Friburgo seja município pioneiro do interior brasileiro a ter o seu próprio arquivo público. “Poucas capitais possuem seu próprio arquivo, como Rio e São Paulo e termos o nosso próprio será uma conquista muito grande” - disse, acrescentando ainda que o Pró-Memória, ao longo destes anos de sua existência, possibilitou a muitos escreverem sobre Nova Friburgo.

Arquivo: 170 mil páginas de jornais
e 3,4 mil faixas musicais em 78 rpm

Aproveitando a ocasião, Guguti apresentou breve resumo impresso das ações do processo de digitalização do acervo em arquivo de valor permanente do Pró-Memória. Para ilustrar, ele usou uma frase da museóloga Adriana Cox Hollóns, responsável pela implantação do laboratório de digitalização e coordenadora de preservação do acervo do Arquivo Nacional: “O envelhecimento é inexorável para qualquer tipo de suporte de memória e a sua permanência é uma impossibilidade” (...) “uma ilusão de eternidade”.

Segundo o levantamento apresentado, até o momento, das 170 mil páginas de jornal arquivadas, já foram digitalizadas sete mil, ou seja, apenas quatro por cento do total, entre as quais edições de 1917, de ‘A Paz’; ‘A Voz da Serra’ (1945); ‘Álbum Comemorativo da Independência’, de 1922; ‘Cidade de Friburgo’ (1915); ‘Jornal do Brasil’ (1909); ‘O Nova Friburgo’ (1904); ‘O Pharol’ (1913); ‘O Friburguense’ (1895), entre muitos outros.

Da relação do acervo digitalizado, constam também: 3.451 faixas musicais de discos de baquelita, de 78 rpm, do acervo da antiga Rádio Sociedade de Friburgo; 2.500 fotos e gravuras de inventário em andamento, assim como livros manuscritos sobre as colonizações alemã e suíça, casamentos protestantes, correções Almotacés, Livros de Registros do Hotel Engert, livro de audiência da Câmara Municipal de Nova Friburgo, registros de escravos falecidos, juramentos de estrangeiros e medições, demarcações e tombamentos.

O prefeito Heródoto aproveitou ainda para propor que a Fundação digitalize todo o acervo da Igreja Católica de Nova Friburgo, uma vez que a Catedral de São João Batista guarda todos os registros da época da colonização, uma vez que, antecedendo aos cartórios, as igrejas eram responsáveis legais por estes procedimentos.

Guguti explicou que grande parte do material disponível no Pró-Memória, e que está sendo digitalizado, não pode mais ser manuseado, pois sofre do mal de ‘velhice extrema’, correndo o risco de desaparecer em curto espaço de tempo. “Os documentos mais antigos, com especial atenção para os jornais, não podem mais ser manuseados. Mas não devemos confundir o objeto em si, que é o suporte e que se quer proteger, com o conteúdo, que é a memória, o objeto principal da conservação”, explicou Bohrer, concluindo que o diferencial do site da nova Fundação é exatamente o fato de valorizar o conteúdo.

Fonte: SECOM/NF

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