domingo, 3 de outubro de 2010

Rodízio ficará mais caro

Cortes mais utilizados nos restaurantes aumentaram até 30% e as altas ao consumidor serão inevitáveis daqui pra frente

Além dos cortes bovinos, as churrascarias apontam para outros aumentos no item alimentação: feijão, óleo e verduras

MARCONDES MACIEL

Da Reportagem

A alta nos preços da arroba bovina e consequentemente da carne nos últimos meses, motivada pela scassez de boi gordo no mercado devido ao longo período de estiagem que assola o Estado este ano, já causa preocupação aos donos de restaurantes e churrascarias da Grande Cuiabá. A situação é tão grave, que já provocou o fechamento de alguns estabelecimentos - caso da tradicional churrascaria Gaúcha, em Várzea Grande – e levou outras a repassarem a alta nos preços das refeições. O sistema de “rodízio” foi o mais atingido pelo movimento de alta.

Uma das casas mais frequentadas da cidade, a churrascaria Recanto Gaúcho, na Avenida Rubens de Mendonça, já foi obrigada a aumentar os preços do rodízio três vezes só este ano. No primeiro aumento, o preço do rodízio passou para R$ 31,90, depois para R$ 36, no Dia das Mães (maio) e, para R$ 38, no Dia dos Pais (agosto).

De acordo com Jonatas dos Santos Tomaz, proprietário da casa, a alta foi consequência direta dos reajustes nos preços da carne (todos os cortes) e de outros produtos da alimentação, como feijão, óleo de soja e verduras. “Na primeira semana da alta os clientes sempre estranham, mas logo se acostumam porque também percebem que tudo subiu nos supermercados”.

Jonatas conta que estava pagando R$ 9,50 pelo preço da fraldinha, há cerca de 15 dias. Na semana passada, o preço subiu para R$ 11,90. “Estamos com os preços do rodízio congelados desde agosto e ainda não cobramos os 10% e a sobremesa é gratuita. Vamos tentar segurar o reajuste, mas se os preços continuarem subindo teremos de aumentar também para nossos clientes”.

Ivone Leite, proprietária da Churrascaria Casarão, informou que o estabelecimento está segurando os preços para manter a clientela, “que tem se mostrado muito fiel à nossa churrascaria”. A casa está tentando negociar melhores preços com os fornecedores para evitar a alta na ponta final. O preço cobrado atualmente pelo almoço é de R$ 23,90. A churrascaria não serve o jantar.

“Está muito difícil, pois todas as carnes aumentaram e, ao mesmo tempo, não podemos repassar um percentual elevado para o consumidor”. Ela diz que a empresa ainda não sabe o que irá fazer. “Estamos refazendo os cálculos para ver se é possível mantermos os preços. Os fornecedores estão alegando que há escassez de boi gordo no mercado e não há previsão de baixa”.

Ela diz que a alta da carne este ano já passa de 25% e a empresa está trabalhando praticamente sem margem de lucro. “Alguma coisa vamos ter de repassar e os nossos fregueses sabem disso, porque também percebem que tudo aumentou e ninguém faz milagre”.

A churrascaria Boi Bão, em Várzea Grande, também não mexeu nos preços, mas já estuda um reajuste para compensar as perdas. “Estamos fazendo o possível para segurar [os preços]”, afirma a empresária Venilda Salva, proprietária da casa. “Os preços da carne realmente dispararam e já pensamos em um pequeno ajuste”, diz, lembrando que nas últimas semanas já foram várias altas, em torno de 30%. Os cortes que sofreram as maiores majorações este ano foram o contrafilé, a picanha e o filé mignon.

Segundo ela, os preços do rodízio na churrascaria Boi Bão “sempre foram os melhores e ainda estamos segurando novos reajustes para manter a casa funcionando com a mesma clientela”. No almoço, o rodízio custa R$ 28,90 e no jantar, R$ 18,90.

Venilda conta que esta é uma das piores crises já enfrentadas pelo setor nos últimos 20 anos. “Mesmo assim, não reduzimos o quadro de funcionários – atualmente, cerca de 30 - pelo contrário vamos ter que contratar mais, porque a nossa clientela é fiel e tem aumentado”.

Fonte: O Diário de Cuiabá

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