sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Pardais em cinco sinais de trânsito no Rio registram 6.206 multas por mês

Taís Mendes

RIO - Uma média de 50 motoristas é multada por dia por avanço de sinal na esquina das ruas Barata Ribeiro e Siqueira Campos, em Copacabana. Entre os sinais com pardais instalados em toda a cidade, ele é o campeão de infrações, com 1.483 registradas em setembro deste ano, segundo a CET-Rio. O levantamento mostra que, nos cinco sinais com radares onde mais motoristas são flagrados por avanço, foram registradas 6.206 multas no mesmo período.

O segundo colocado é o sinal no cruzamento da Avenida Venezuela com a Rua Edgard Gordilho, no Centro (1.448 infrações em setembro). Em terceiro, ficou o localizado na Estrada do Monteiro com a Rua Angelo Gils, em Campo Grande (1.205); em quarto, o da Dias da Cruz com a Adolfo Bergamini, no Méier (1.040); e por último o da Avenida Ayrton Senna, na Barra, perto do Hospital Lourenço Jorge (1.030 infrações).

É fácil entender por que há uma diferença de 453 multas entre o primeiro e o último colocado: o problema é o tempo de troca da luz amarela para a vermelha em Copacabana. Mais parece uma pegadinha. No sábado passado, a troca levava apenas dois segundos, quando o recomendado pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) é que o amarelo tenha duração de pelo menos quatro segundos nas vias com velocidade média de 60km/h. O resultado é que, a cada troca, pelo menos um motorista é flagrado cruzando a faixa já no vermelho. O GLOBO flagrou cinco motoristas cometendo a infração em apenas três vezes que o sinal fechou.

- Aqui não, mas já fui multado por avanço de sinal em Campo Grande. A impressão que tive é que passei no amarelo, mas fui multado e paguei R$ 127 - contou o médico Valério Linhares, que por pouco não foi multado em Copacabana.

No cruzamento da Barra, a troca leva quatro segundos. Lá, O GLOBO não flagrou qualquer infração.

- Já provoquei um acidente num cruzamento do Jardim Botânico quando freei bruscamente porque o sinal, de repente, de amarelo pulou para o vermelho - contou o professor Nelson Borges.

A CET-Rio informou que o tempo do amarelo no sinal da Barata Ribeiro é de quatro segundos, mas que, eventualmente, pode acontecer uma perda de comunicação entre a central e o controlador local. Nesses casos, segundo o órgão, todas as infrações registradas são canceladas.

Lei obriga prefeitura a instalar temporizadores

No Centro, o número de infrações no cruzamento da Venezuela com a Edgard Gordilho deve cair nos próximos quatro meses. A via está interditada desde o último dia 9 para obras de revitalização da Zona Portuária.

No Méier, motoristas argumentam que o sinal da Dias da Cruz fica num cruzamento de baixo fluxo de carros e que o local é perigoso, próximo à Favela Camarista Méier. Em Campo Grande, os infratores também alegam a falta de segurança para cometer a infração.

- Quando escurece, não dá para parar neste sinal. Prefiro levar multa a ser assaltada - disse a professora Maria Vergueiro da Silva.

No dia 8 de novembro, venceu o prazo para que a prefeitura instale temporizadores - que mostram quanto tempo falta para o sinal fechar ou abrir - nos cruzamentos controlados por pardais. A determinação está numa lei aprovada há cerca de um mês na Alerj. A Procuradoria Geral do Município está elaborando um parecer com o entendimento de que a lei é inconstitucional. O órgão entende que regras de trânsito são de competência do governo federal. Já o autor do projeto, deputado Luiz Paulo (PSDB), argumenta que não se trata de uma lei de trânsito, mas de proteção ao direito do consumidor. De acordo com o parlamentar, até que exista uma representação contra, a lei está valendo:

- É um assalto que se está praticando contra o bolso dos motoristas. Uma possível representação só atenderia a interesses privados das controladoras dos pardais, que recebem percentual na arrecadação da multa. Caso os temporizadores não sejam instalados, farei uma representação ao Ministério Público por crime de responsabilidade, porque o consumidor está sendo agredido - disse o deputado.

A CET-Rio aguarda o parecer da procuradoria para decidir se vai acatar a lei ou não.

Fonte: O Globo

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