sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Preço da carne bovina aumenta 20% no varejo

Alta é constatada em cortes nobres trazidos do Centro-Oeste
Ana Esteves

O ritmo intenso das exportações de carne bovina e a grande concentração de carne nas mãos de poucos frigoríficos são apontados pela Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) como principais fatores para o aumento dos preços da carne no varejo, que conforme a entidade chegaram a 20% nesta semana.

“A concentração dos frigoríficos, ocasionada pela criação de grandes empresas com recursos do Bndes,, e o bom momento do mercado externo para o produto, acabam onerando o consumidor interno”, pondera o presidente da Agas, Antônio Cesa Longo. Segundo ele, o incremento se concentra em cortes específicos como filé e picanha trazidos de outros estados, que passam por período de entressafra, como no caso do Centro-Oeste.

O presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados (Sicadergs) Ronei Lauxen lembra o preço dos cortes gaúchos não ultrapassou 3% nas últimas duas semanas. Mas a tendência, segundo ele, é de que os valores se acelerem com a proximidade das festas de final de ano e da entressafra no Rio Grande do Sul. Ele acredita que a elevação dos preços ao consumidor não passe de 10% nos cortes considerados nobres.

O presidente da Agas destacou ainda a necessidade de que os supermercados também sejam beneficiados pela a isenção do PIS/Cofins, a exemplo do que ocorre com os frigoríficos. “Não é possível que apenas parte da cadeia seja beneficiada”, critica. O dirigente ressalta que a “exclusividade da indústria” não ajuda na estabilidade do preço da carne, forçando os supermercados a repassarem o custo aos consumidores. “A isenção exclusiva onera os supermercados gaúchos em cerca de R$ 22 milhões ao ano”, afirmou Longo.

O dirigente da Farsul, Fernando Adauto, considera normal o Rio Grande do Sul andar na contramão do País no que diz respeito aos preços – quando sofrem elevação em outros estados, tendem a reduzir no mercado gaúcho. “Tivemos período de queda logo após a Expointer e recuperamos um pouco, mas nada perto desses 20% anunciados pela Agas”, disse Adauto. Segundo ele, o quilo da carne no Estado deveria estar custando quase R$ 7,00 para justificar um aumento de 20% nos preços do varejo.

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