quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Pesquisa mostra que 92% dos médicos sofrem interferência de planos de saúde em sua atuação profissional

Marcelle Ribeiro - O Globo

SÃO PAULO - Pesquisa do Datafolha revelou que 92% dos médicos no país já sofreram interferências na sua autonomia profissional por parte de planos de saúde. Isso, segundo a Associação Médica Brasileira (AMB) e a Associação Paulista de Medicina (APM), prejudica o atendimento e tratamento de pacientes, pois os médicos são pressionados a não pedirem exames ou não recomendarem internações e procedimentos sob ameaça de não serem pagos ou serem descredenciados.

Entre os tipos de interferências dos planos, os 2.184 médicos ouvidos em todo país pelo Datafolha apontaram principalmente o não pagamento por procedimentos e medidas terapêuticas, a chamada "glosa" (78%), e a restrição no número de exames realizados (75%). Setenta por cento dos médicos disseram que as operadoras fazem restrições relacionadas a doenças pré-existentes, 55% relataram problemas envolvendo o tempo de internação e 49% reclamaram da ação dos planos sobre a prescrição de remédios de alto custo.

O presidente da Associação Médica Brasileira, José Luiz Gomes Amaral, disse que há médicos que acabam cedendo às pressões dos planos para diminuir custos com pacientes.

- É impossível que alguns não cedam, porque há ameaças de descredenciamento dos planos, por exemplo. O objetivo dessa pesquisa e de tornar isso público é atenuar essa pressão que os médicos sofrem - disse.

Segundo o levantamento, encomendado pela AMB e pela APM, o plano que mais interfere na prática profissional dos médicos é a Cassi.

Os médicos ouvidos na pesquisa atribuíram, em média, nota 5 para as operadoras de saúde, numa escala que vai de zero a dez.

A Associação Médica Brasileira (AMB) e a Associação Paulista de Medicina (APM) cobram que a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) regulamente a relação entre os planos de saúde e médicos e prestadores de serviço.

- Não há dúvida que a saúde suplementar (dos planos de saúde) deveria complementar a saúde pública. Mas os dados confirmam que não está se cumprindo o papel que deveria - disse Jorge Curi, presidente da APM.

Fonte: O Globo

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