quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

A valorização da maternidade pelas empresas

Caio Lauer

A qualidade de vida e a satisfação dos profissionais são as grandes preocupações das organizações nos dias de hoje. As mulheres estão cada vez mais se engajando em todas as áreas de atuação e tratar o tema “licença maternidade” com atenção é muito importante para manter o clima organizacional favorável e reter talentos.

A Lei 11.770, de 2008, criou o Programa Empresa Cidadã, destinado a prorrogar por 60 dias a duração da licença-maternidade, antes aplicada apenas por 120 dias. A Lei também aplica a licença às mães adotantes e no período de prorrogação da licença, a colaboradora, em ambos os casos, não pode exercer qualquer atividade remunerada e a criança não pode ser mantida em creche ou instituição similar, já que tais situações estão contra o objetivo do programa.

Além das questões legais, a licença maternidade aplicada corretamente é capaz de criar um vínculo muito grande entre organização e funcionária. A profissional se sente valorizada e, em seu retorno, a empresa ganha uma colaboradora muito mais motivada e focada em suas atividades, já que teve tempo o suficiente a se dedicar ao filho. O Wal Mart do Brasil, rede de hipermercados, já possui o programa até mesmo antes de se tornar obrigatório e mais de 5 mil profissionais participaram, como conta Selda Klein, gerente de RH da companhia: “para a mulher, deixar o bebê apenas com 4 meses e retornar ao trabalho, é pouco tempo. A recomendação de amamentação é até os 6 meses de idade da criança e foi nessa linha que Wal Mart tomou esta decisão”. Ela ainda explica que após o período da licença as colaboradoras já estão mais maduras como mães, já começam a sentir falta do trabalho e o retorno se torna até mais natural.

No lado do empregado, o receio de desligamento da empresa, por ficar muito tempo afastado, pode muitas vezes acontecer. Mas, as empresas estão conscientes do seu papel social e asseguram que este não é um fator negativo. “Entendemos que a maternidade é um momento único na vida das nossas funcionárias e nós compreendemos isso. Quando uma colaboradora entra na licença, não corre o menor risco de ser demitida, pelo contrário, sabemos que quando ela retorna, tem mais felicidade em trabalhar, pois agora possui uma nova família”, atesta Frederico Martucci, Gerente de Criação e Conteúdo da Evviva Bertolini Niterói, empresa de móveis planejados. Já a diretora de RH do Wal Mart relata que existe na empresa casos de funcionárias que foram promovidas no período de afastamento. “Recentemente, três gerentes passaram a diretoras de suas áreas no tempo da licença. Às vezes, vejo mulheres em posições de mais responsabilidade na empresa, uma preocupação maior em ficar muito tempo afastada, mas depois elas acabam ficando porque enxergam o quanto esse período é importante para o bebê e para elas mesmas”, observa.

Dados da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) apontam que a amamentação regular, por seis meses, reduz 17 vezes as chances da criança contrair pneumonia, 5,4 vezes a possibilidade de anemia e 2,5 vezes a ameaça de crises de diarréia. “As funcionárias têm o conhecimento que podem confiar na empresa em um momento importante das suas vidas. Esse planejamento possibilitou melhorar o contato entre mãe e filho fortificando a relação entre estes, sem ocorrer o rompimento brusco de uma separação precoce”, expõe Martucci.

Líderes

Mulheres com cargos de maior responsabilidade nas corporações tendem a criar um vínculo e compromisso maior com as mesmas. Para essas profissionais, se desligar das atividades do dia a dia no período da licença pode ser mais difícil, mas as organizações também têm um cuidado especial nestes casos.

“O que eu vejo são profissionais em cargos de alto escalão que ficam preocupadas em abandonar as atividades por um tempo, mais pela responsabilidade que têm do que pelo receio de desligamento. De maneira geral, quando a mulher está em gestação, já está com a cabeça bem voltada para o cuidado com o filho e todo o processo da gravidez”, finaliza Selda Klein.

Fonte: Jornal Carreira & Sucesso

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