terça-feira, 8 de março de 2011

Alex Lipszyc: design e educação

Caio Lauer

A diversidade de conhecimentos em Arquitetura, Design e Marketing fizeram de Alex Lipszyc um profissional de sucesso. Atualmente, é diretor de eventos da Escola Panamericana de Artes. Arquiteto por formação, Lipszyc busca inspiração em todas as artes para produzir eventos e conteúdos de ensino sempre atualizados e diferenciados. Além disso, aplica seu modo de ser na gestão da Escola.

Em conversa com o Carreira & Sucesso, ele fala sobre sua passagem como diretor da ABD – Associação Brasileira de Deisgners de Interiores – e traça um panorama sobre a carreira de designer no Brasil e no mundo.

Boa leitura!

Você é formado em Arquitetura mais tem diversas especializações. Quais são elas?

Sou formado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Mackenzie, pós-graduado em Visual Design pelo curso Politécnico de Milão (Itália) e pós-graduado em Marketing especializado em Design de Interiores pela própria Panamericana Escola de Arte e Design.

Atualmente estou fazendo Pedagogia. Não saio de uma área e vou para outra sem pensar em uma somatória de valores. Acredito que, hoje, os estudantes que precisam fazer seus currículos devem entender que não vão sair da faculdade prontos, mas que carregam uma base que pode ser agregada por um curso adicional ou especialização. Este é o caminho.

Como foi o início de sua carreira?

Comecei com Arquitetura e fui trabalhar no escritório do famoso profissional Carlos Bracher, fiquei lá por três anos e aprendi muito sobre o desenvolvimento do mercado arquitetônico e imobiliário. Acabei compreendendo como funciona São Paulo, para onde cresceria neste sentido, e assim tive meu primeiro contato também com as questões do Design.

O arquiteto não pode fazer apenas Arquitetura, pois um projeto deve prever interiores, iluminação e tantas outras coisas que o profissional percebe que deve ir além. Então, o design, especificamente, foi quase que uma estratégia para eu continuar dentro do mercado.

Para sobreviver como profissional da área, se faz necessário uma visão maior da execução das tarefas. Na Europa e Estados Unidos isso já acontece e o Brasil está seguindo essa tendência.

Quando começou, o profissional designer era menos valorizado? Como era esse quadro?

Há 20 anos, você contratava um arquiteto para fazer uma atividade específica. Com o tempo, os empresários entenderam que o poder do Design, juntamente com a força da Arquitetura, criava marcas e conceitos.

Desde o início da educação da Arquitetura, há 200 anos, ela era lecionada juntamente com a Engenharia. Com o decorrer do tempo e da evolução, a Arquitetura deixou de ser um braço da Engenharia e se tornou uma atividade independente. Hoje, vejo que o estudante deve buscar alternativas, como o design gráfico, de produto ou industrial, para se destacar.

Como chegou ao posto de diretor da Panamericana?

É uma história interessante, pois quando ainda estava fazendo Arquitetura, comecei a estagiar no departamento de arte. Naquela época, tínhamos que configurar as letras a mão e desenvolver manualmente as ilustrações de pôsteres: era o departamento que comunicava os eventos para os estudantes.

Depois de um tempo, fui convidado pela Panamericana a dar aula de Design de Interiores, que era um assunto que me interessava e que eu já tinha muita facilidade. Fiquei 10 anos lecionando, até que fui chamado para ser coordenador do curso de design de interiores. Tinha, na época, 30 anos, e foi uma experiência muito legal.

Fiquei apaixonado pela maneira de pensar da empresa – que usa a criatividade e se aproveita da inovação –, pois estamos sempre conectados com cabeças jovens e boas e é um lugar onde aprendo muito também no dia a dia. Na direção do curso de Design de Interiores fiquei cerca de 10 anos e agora ocupo o posto de diretor de eventos da Panamericana.

Quais atividades realiza como diretor de eventos?

Como tenho bastante experiência no mercado e na instituição, sei exatamente o que cada área precisa, quais as palestras mais adequadas, as exposições de relevância para os alunos e o que interessa ser mostrado também para fora da Panamericana.

Você foi diretor da Associação Brasileira de Design de Interiores. Como foi essa passagem?

A ABD merece muito reconhecimento, pois tem mais de seis mil profissionais por todo o Brasil. Quando recebei o convite para dirigir a Associação já estava atuando como diretor de ensino da Panamericana. Naquela época, me questionei se soaria tendencioso estar à frente da Associação e atuar na faculdade.

Fiquei por dois mandatos, pois em uma Associação o time tem que “girar”, entrar sempre gente nova e batalhadora. A ABD não possui fins lucrativos, e acaba ocupando bastante tempo pelas obrigações e compromissos. Resolvi sair, principalmente porque a Panamericana estava exigindo maior disponibilidade do meu tempo.

Qual a importância da Associação para a classe de profissionais?

Fazer com que os associados cresçam profissionalmente. Então, deve promover grandes eventos – e foi aí que tive contato com a produção de eventos –, fiz o CONAD (Congresso Nacional de Design de Interiores) no Hotel Unique, com a participação de muito profissionais do exterior e descobri que gostava de fazer estas produções.

Em todo o país, aonde existe Design de Interiores, a ABD tem que estar presente. Fazíamos, desde palestras pequenas, até congressos gigantes que rodavam pelos estados brasileiros.

Você é pós-graduado em Visual Design pelo curso politécnico de Milão. Porque resolveu se especializar no exterior? De que maneira essa experiência fora agregou valor?

Vi essa oportunidade como uma chance de escapar um pouco do eu já conhecia do Brasil. Fui atrás de onde seria o melhor curso e vi possibilidades na Alemanha, EUA e na Itália.

Tenho uma ascendência ao povo europeu, ao zelo estético das cidades e aos museus. Isso para mim foi muito importante, pois tive a chance de ter contato com obras dos maiores artistas do mundo e conheci designers importantes que, hoje, são sucesso no mundo todo.

O melhor de estudar fora do país são as conexões profissionais. Tenho grandes amigos atuando em renomadas empresas e fico muito satisfeito também quando vou visitá-los.

Como está o mercado no Brasil para o design no atual momento?

Nunca foi tão importante o trabalho deste profissional. Foi uma das atividades que mais cresceu nos últimos tempos em todo o mundo. Cada vez mais, as páginas da internet precisam ser desenhadas, os carros precisam de aprimoramentos estéticos – a indústria de maneira geral não para: sempre trás novas tecnologias e desenhos inovadores.

Hoje, a pessoa vai a um restaurante, por exemplo. Ela irá comer, mas também se encantará pelo espaço. Os melhores locais para alimentação, hoje, são aqueles que têm um espaço melhor desenvolvido para agradar o todo.

O número de escolas e faculdades que abriram para essas áreas é gigante! A própria ABD tem uma área educacional e quando comecei meu trabalho por lá, há alguns anos, eram listadas 60 instituições de ensino. Atualmente, as instituições ultrapassam 240.

Fonte: Jornal Carreira e Sucesso

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