sábado, 2 de abril de 2011

Doações para as vítimas da tragédia mofam em galpões da cidade

Por Priscila de Lima

O Jornal Nova Imprensa vem acompanhando desde o dia 24 de janeiro a situação dos donativos que chegaram a Nova Friburgo para ampara os desabrigados da cidade. Inicialmente os materiais recebidos estavam sendo entregues em diversos pontos de recolhimentos, como escolas, igrejas e associações. Para que houvesse maior logística na distribuição, a Secretaria Municipal de Assistência, Desenvolvimento Social e Trabalho organizou nas acomodações da antiga Fábrica Ypu, uma central oficial. O espaço foi dividido em setorespara triagem, cadastramento e organização de acordo com o tipo de produto (por exemplo, uma ala para cestas básicas, outra para materiais de higiene).

Além dos itens de primeira necessidade como água, alimentos e higiene pessoal, Nova Friburgo recebeu um grande volume de roupas e calçados. Muitos desses materiais foram encaminhados para abrigos e outros acabaram sendo levados para galpões, ginásios e depósitos, não seguindo nenhum critério de estocagem. Foram sendo amontoados antes mesmo de passarem por uma triagem para separar por tamanho ou gênero. Como consequência disso, muitas peças pegaram umidade e agora estão impróprias para o uso.

Em entrevista publicada no dia 3 de fevereiro pelo site do Nova Imprensa, Carlos Antônio Maduro, secretário de Assistência Social do município, disse que o município já havia recebido peças de vestuário suficientes para atender à população necessitada. O secretário falou ainda que também iria concentrar todas as roupas doadas na Fábrica Ypu, a exemplo do que já estava sendo feito com os alimentos.

No dia 2 de março foi deferida a ação movida pelo Ministério Público que determinava a melhora na prestação dos serviços de recebimento, triagem, armazenamento e distribuição dos donativos. A orientação foi de que as doações fossem armazenadas em local seguro, protegidas de sol e chuva e separadas por data de validade, podendo o município ser multado no caso de deterioração dos produtos.

No entanto, o que está acontecendo com algumas doações é lamentável. Nesta semana a equipe do Nova Imprensa esteve no Ginásio Municipal de Duas Pedras, e constatou que roupas e calçados estão estragando dentro de sacos plásticos ou em amontoados. O mofo e a umidade são os principais agentes responsáveis pela deterioração das peças. No caso dos calçados, o principal problema é o desencontro dos pares, o que impossibilita que estes sejam entregues aos necessitados.

De acordo com a voluntária Rose, que está trabalhando no local há pouco mais de dez dias, as peças estão sendo separadas para que possa ser dada a devida destinação. Apesar de algumas estarem estragadas devido a falta de cuidado com o manuseio e estocagem, parte desses produtos chegou sujo ou rasgado. “O material que tem aqui dentro do ginásio já passou por todos os abrigos da cidade e não foi aproveitado. As pessoas têm vindo com a intenção de conseguir coisas boas, mas a maior parte do que tem aqui é lixo, não dá para usar. Então estamos fazendo um trabalho de triagem para separar tudo o que está deteriorado, mofado ou estragado. Está difícil achar coisa boa, mas para quem não tem nada qualquer peça que possa ser recuperada acaba sendo útil, é bem vinda” – disse a voluntária.

Outra determinação do Ministério Público foi a de que fossem contratados mais quinze funcionários e dois caminhões para agilizar os trabalhos de triagem e distribuição dos donativos. No dia 18 de março o secretário Carlos Antonio Maduro informou que a medida foi tomada devido problemas com a empresa contratada primeiramente pela Prefeitura, que teve contrato rescindido e alegou que já foi feito um novo contrato, estando disponível a quantidade de funcionários e caminhões exigida pela ação.

Mas, no que diz respeito à separação das roupas, ainda falta pessoal. “Um grupo de voluntários está reciclando todo o material que não serve mais, mas muito já foi perdido e há ainda muita coisa que irá se perder porque a gente não tem condições de separar tudo, pois o volume de objetos é muito grande e infelizmente o número de pessoas é insuficiente para fazer tanta coisa” – finalizou Rose.

Fonte: Nova Imprensa

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