Prof. Luiz Marins: antropologia empresarial

Caio Lauer

Professor Luiz Marins é antropólogo e consultor de empresas nacionais e internacionais. Tem 25 livros publicados e seus programas de televisão são líderes de audiência na categoria empresarial. Suas palestras sobre motivação, liderança e gestão organizacional estão entre as mais requisitadas do universo corporativo.

A antropologia empresarial é um conceito que Marins aplica há mais de 30 anos no mercado e ele explica por que se tornou cada dia mais essencial ao planejamento das empresas. Em entrevista para o Carreira & Sucesso, ele também conta como adquiriu, ao longo dos anos, grande experiência em projetos no setor privado e público, inclusive no exterior.

Boa leitura!

Conte-nos sobre o início de sua carreira.

Estudei contabilidade, história e direito e fiz pós graduação em antropologia na USP (Universidade de São Paulo) e na Austrália. Depois fui lecionar na UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) em São Carlos. . Em 1974, quando comecei a prestar consultoria nesta área, várias empresas já me procuravam.

Sua empresa, a Anthropos Consulting, trabalha com o conceito da antropologia empresarial. Como é este conceito?

Os métodos e técnicas da Antropologia estão sendo a cada dia mais essenciais à compreensão das empresas e seus mercados e ao planejamento de seu futuro. Descobrindo e revelando hábitos e costumes dos consumidores, a antropologia e a etnografia vêm sendo utilizadas por grandes organizações e agências de publicidade e comunicação em geral para o planejamento de novos produtos e serviços. Toda empresa possui uma "cultura" que está oculta e que na verdade a define e a diferencia das demais.

E como definir esta cultura?

Essa "cultura" é formada e moldada pelo conjunto das tradições (passado), necessidades (presente) e aspirações (futuro) da empresa e seus dirigentes. Com o conhecimento desta "cultura", a empresa pode crescer com segurança aproveitando as razões de seu sucesso e modificando o que for necessário, sem romper com valores fundamentais da empresa e das pessoas.

Descobrindo, revelando e respeitando os valores culturais e o conjunto de crenças e valores nem sempre explícitos de uma empresa ou organização, as pessoas que a compõem podem dar muito mais energia e dedicação ao que fazem levando a empresa ou organização ao sucesso. Essa é a base do trabalho da antropologia empresarial.

Entre suas atividades como consultor, professor, escritor e palestrante, quais são seus trabalhos desenvolvidos atualmente que possa destacar?

Sempre fiz a mesma coisa. Sou um professor e nada mais. É como professor que presto consultoria a várias empresas. Faço a mesma coisa há anos. Dou aulas, faço palestras, escrevo livros e cuido de nossas outras empresas.

O senhor é antropólogo, historiador e cientista político. Com essa base, como é possível definir o cenário atual das empresas e dos profissionais brasileiros?

A flexibilidade do profissional brasileiro é muito positiva. O que faz falta é fazer “lição de casa”, ou seja, estudar, buscar dados e informações com consistência. Há muita opinião sem apresentação de fundamentos e isso não é bom para o profissional brasileiro. Ele acredita que a “criativade” resolve todos os problemas. Nem sempre é assim. Há momentos em que a pesquisa bem feita, com metodologia científica e estruturada é fundamental.

Desde quando existe a fundação Luiz Almeida Marins Filho. Qual sua finalidade?

A Fundação LAMF foi um “presente de aniversário” que vinte amigos me deram quando completei 50 anos de idade, em setembro de 1999. Os vintes amigos – que fazem parte do Conselho Superior da Fundação LAMF – são todos ligados à educação e através da Fundação realizam programas e projetos de educação comunitária de alta relevância. Nunca é demais ressaltar que a Fundação LAMF não recebe recursos públicos de nenhuma origem – federal, estadual ou municipal.

O objetivo de seus instituidores foi o de desafiar pessoas com conhecimento adquirido através de estudo e prática profissional, a devolverem à sociedade aquilo que receberam, fazendo um trabalho de educação social, não-formal, de relevância.

Como a Fundação LAMF foi instituída em homenagem a um professor e seus instituidores são, em grande maioria, igualmente professores, o “produto” que a Fundação tem a oferecer à comunidade é o conhecimento. Assim, a Fundação LAMF é totalmente diferente de qualquer outra.

A fundação não tem funcionários. As viagens são pagas pelas entidades solicitantes ou pelos conselheiros e voluntários. Por mais estranho que isso possa parecer isso faz parte do escopo da fundação. O nosso “produto” é conhecimento e deve ser colocado à disposição sem ônus para a Fundação que é apenas uma forma jurídica de reunir pessoas interessadas em ensinar pessoas a aprender.

Quais serão as temáticas de seus artigos publicados na newsletter?

Serão sempre dentro do escopo da antropologia corporativa, tratando de gestão empresarial e os desafios das pessoas, dos profissionais e das empresas em mercados competitivos.

Que recado você deixa para os leitores do Carreira & Sucesso, que estão em busca constante de evolução e aprimoramento na carreira profissional?

A base do sucesso é comprometimento, a atenção aos detalhes e o “follow up” imediato. Qualquer pessoa que tenha e desenvolva essas características terá sucesso profissional.

Fonte: Jornal Carreira e Sucesso