quarta-feira, 15 de junho de 2011

Além da necessária reconstrução, Nova Friburgo precisa de manutenção

Contexto

Girlan Guilland

Qualquer dona de casa, minimamente zelosa, entende perfeitamente o que se quer dizer com manutenção, arrumação e ordem. Não é nenhum exagero, inclusive, afirmar que - em determinadas situações - projetar, construir, erguer chega a ser muito mais fácil do que manter algo em perfeitas condições de uso.

Não é de hoje que também neste aspecto Nova Friburgo vem enfrentando sérios problemas. Não é preciso ir tão longe para constatar que têm sido recorrentes, por exemplo, os nossos problemas com pavimentações de ruas - sejam elas com os indesejáveis, mas tradicionais paralelos ou com o igualmente indesejável (para alguns), antiecológico e moderno asfalto.

De maneira geral, há muito tempo, antes mesmo da catástrofe de janeiro, convivíamos com problemas urbanos de toda ordem. É bem verdade, lógico, o cataclismo agravou ainda mais. E evidentemente ainda, boa parte de nossas agruras, já vinham se avolumando exatamente por conta da pressão populacional, do crescimento desordenado e de construções irregulares.

No momento em que tanto se fala (aparentemente muito mais do que se faz concretamente) em retomada e reconstrução, é preciso refletir: como vínhamos cuidando de nossa Nova Friburgo antes? E como temos cuidado da mesma, agora, depois dos graves acontecimentos de 12 de janeiro?

Para não deixar cair no esquecimento, por exemplo, vamos lembrar aqui da cantilena monótona com a qual tenho insistido, quanto a questão do lixo por toda parte: antes já era assim problemático e continua sendo. Infelizmente.

Os problemas de infra-estrutura, com ruas esburacadas, muitas sem quaisquer tipos de pavimento, problemas de contenção que igualmente se agravaram, pontes que já apresentavam avarias, enfim, toda sorte de reclamações e reivindicações, que se repetem em diversas localidades.

Um rápido giro por alguns locais - mesmo mais centrais - nos revela um quadro com o qual temos que nos preocupar: existem determinadas situações que perduram e não têm, própria e diretamente, relação com a tragédia. São situações decorrentes da já conhecida e arraigada prática (ou falta dela?) de empurrar o lixo para debaixo do tapete; a falta do desvelo com a coisa pública, o próprio municipal ou o bem comunitário.

Muito se tem falado em RECONSTRUÇÃO, mas pouco se tem cuidado mesmo da MANUTENÇÃO. Podem parecer simples detalhes, mas são esses pequenos maus exemplos que somam tão negativa e anti esteticamente.

Um caso bem próximo em nosso cotidiano pode ser constatado na avenida José Pires Barroso, a via expressa entre Olaria e Cônego. Ainda que se possam ver recentemente máquinas trabalhando na limpeza e em pequenos reparos na pista, o pedestre ou motorista que habitualmente se utiliza daquela artéria, fica sem compreender muito o estado crítico e caótico da mureta divisória das plataformas de rolamento, em diversos trechos apresentando falhas que, além de comprometer a estética, oferecem riscos de acidentes com os milhares de veículos que circulam por ali diariamente.

A impressão que fica é a do trabalho feito pela metade. A “meia boca” ou “meia pá”. Caso contrário, o que dizer da fiação que, por meses, permanece caída num bolo que pende da rede área e se estende num trecho do início da via, logo após a ponte, no sentido Campo do Friburguense para o Cônego? E o inexplicável é que, ali, quase todos os dias, têm funcionários da Municipalidade cuidando da limpeza. “Ah! Mas essa não é atribuição deles!” – poderão justificar. Mas de quem, é, então, cara pálida? Da empresa responsável pelo fio (que parece ser de tv a cabo, telefonia e etc)? Então, que a Prefeitura responsabilize-a... O que não pode e nem deve é permanecer como está. Parece tão simples, ir lá e retirar o fio embolado em plena pista.

Nova Friburgo precisa, assim também, de um sério retoque geral em sua maquiagem. Cadê o batom e pó de arroz? Pois por enquanto só temos o pó, mas de poeira, que ainda persiste em nossa paisagem, mesmo do inverno.

Caso contrário, a reconstrução será feita, mas Nova Friburgo continuará aquela moça linda, mas a quem falta um belo traje. Ou seu vestido de festa.

Ainda Sobre O Lixo

A engenheira florestal e atuante ativista ambiental e comunitária, Alda Maria de Oliveira (a quem agradecemos), prestou à coluna duas relevantes informações sobre o assunto em que temos insistido: a Câmara Técnica de Saneamento Básico do COMMAM – Conselho Municipal do Meio Ambiente e a EBMA (empresa responsável pela coleta do lixo na cidade) estão se debruçando sobre o problema e prometem levar a discussão do assunto aos bairros e comunidades, bem como a inserção do Programa Municipal de Educação Ambiental na pauta deste ano, sobretudo para o cumprimento da Lei do ano 2007 em Nova Friburgo. Já é uma luz no fim do túnel...

Fonte: Jornal Nova Imprensa

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