Estudo da Fiesp mostra que, nos últimos 12 meses, os empresários só repassaram metade da alta dos custos
Linha de montagem em Indaiatuba (SP): custo de produção cresceu 12% em um ano
São Paulo – Os custos de produção da indústria paulista subiram 12% no intervalo de um ano. Desse total, metade foi repassada ao preço dos produtos e o restante, absorvido pelos empresários, que diminuíram os investimentos.
A constatação é de uma pequisa da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) feita com 358 empresas de todos os tamanhos e divulgada com exclusividade por EXAME.com.
Para minimizar os efeitos do aumento dos custos, 68% das fábricas reduziram a margem de lucro, 59% estreitaram as despesas administrativas e 41% aumentaram os preços dos produtos, entre outras soluções.
A soma dos percentuais supera 100% porque cada empresa pode ter tomado mais de uma medida para enfrentar o problema. A propósito, sete em cada dez empresários afirmam ter sentido uma “forte pressão anormal” de aumento de custos nos últimos 12 meses.
O item mais preocupante, no entanto, é que 36% dos empresários frearam os investimentos. “É mais um dado que confirma o que temos falado nos últimos tempos. A valorização cambial facilita a importação e reduz a capacidade de crescimento da Indústria. Quando se reduz a margem, se reduz a capacidade de investimento também”, diz Paulo Skaf, presidente da Fiesp.
De uma forma geral, o impacto foi sentido pelo setor inteiro, independentemente do tamanho da empresa.
Os principais responsáveis pela alta nos custos foram as matérias-primas (82% das empresas citaram esse item) e os salários dos trabalhadores (62%).
Segundo o estudo, o cenário para os próximos 6 meses é preocupante, pois esperam-se um aumento de 7% nos custos e um repasse de 4% para os preços.
“A indústria terá de absorver mais 3 pontos percentuais no curtíssimo prazo. Isso vai deprimir ainda mais a competitividade do setor, o que vai restringir a geração de empregos nos país. Não se pode esquecer que o Brasil tem de gerar entre 3 e 4 milhões de vagas por ano para absorver apenas os jovens que entram no mercado de trabalho todos os anos”, diz Skaf.
A pesquisa da Fiesp também levantou detalhes sobre as negociações dos empresários com fornecedores e funcionários. No primeiro caso, 38% dizem que é impossível dialogar; já a negociação com os trabalhadores é vista como inalcançável por apenas 26% dos entrevistados.
O repasse de parte dos custos industriais para o preço do produto também não é uma tarefa simples. É preciso convencer os clientes, como outras indústrias, atacadistas, varejistas etc.
Os dados foram coletados pelo Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp entre os dias 4 e 26 de maio.
O porte das empresas é composto por 62% de micro e pequenas (até 99 empregados), 31% de médias (de 100 a 499 empregados) e 7% de grandes (500 ou mais empregados).
Fonte: Portal Exame
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