Juíza de Nova Friburgo
Rio - A devastação causada pela chuva na Região Serrana, em janeiro, soterrou e inundou dezenas de casas e prédios da cidade que escolhi para viver e criar meus filhos. Vi Nova Friburgo desabar em uma escura madrugada. Ainda lembro dos gritos e pedidos de socorro. Quase 500 corpos a sepultar. Senti a dor dos familiares na identificação das vítimas. Chorei com eles. Milhares de desabrigados. Fui, como todos os moradores, confortada pelo manto da solidariedade. Passados quatro meses, a cidade ainda segue na luta para se reconstruir.
Se, conforme afirmou o grande jurista Ruy Barbosa, a Justiça prospera e vive mais da verdade com que se pratica do que de grandes inovações e reformas, esta era a hora de nós, juízes do Estado do Rio, e especialmente de Nova Friburgo, trocarmos a toga pela galocha e sairmos em campo. E foi o que fizemos. De abrigo em abrigo, ao lado da população.
Com esse sentimento e o objetivo de atender às demandas judiciais que surgiram com a tragédia, bem como antecipar o julgamento de outras que tragam recursos financeiros para a população e a economia local, o Juizado Especial Cível de Friburgo promoveu, em maio, mutirão que contou com a participação de 14 juízes, muitos oriundos de municípios vizinhos e da capital. Em quatro dias, foram 462 processos julgados e 62 acordos obtidos. Motivados pelos resultados, os magistrados programaram para segunda-feira outro mutirão na cidade, com 127 audiências agendadas.
Vale lembrar que os juízes que participam do mutirão o fazem de forma voluntária. Promover justiça, afinal, deve ter um sentido muito mais amplo que não cabe nos limites de uma sentença. Estar mais perto da população e assegurar uma prestação jurisdicional célere e eficaz são metas partilhadas pelos cerca de mil magistrados do estado. A nova cara do Judiciário é também mais solidária.
Fonte: O Dia On Line - Opinião
NOTA DO EDITOR: Que bom pensar desta forma. A alma e a consciência ficam mais leve. Que bom mesmo.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente livremente, mas sem abusar do critério da livre escolha de palavras. Assuntos pessoais poderão ser excluídos. Mantenha-se analítico e detenha-se ao aspecto profissional do assunto em pauta.