Desde janeiro Nova Friburgo está vivendo uma situação caótica e quem sofre com isso é a população, que em muitos casos está desamparada e com medo de que aconteça uma nova tragédia na cidade. Este é o caso dos moradores do bairro Vilage, que reclamam do descaso do poder público junto à comunidade.
A Vilage foi um dos bairros mais atingidos pelas chuvas que devastaram Nova Friburgo. Vários deslizamentos ocorreram, ruas na parte baixa ficaram alagadas, casas foram atingidas e vidas foram perdidas. A partir deste momento, pessoas foram retiradas dos locais de risco, as ruas foram desobstruídas, mas o tempo passou e o principal ainda não foi feito: tomar medidas que deem segurança à população.
Oito meses após o ocorrido, muitas pessoas retornaram para suas casas, pois não receberam os auxílios prometidos pelo governo. Como se não bastasse os entulhos por toda a parte e as encostas que ameaçam cair, o que amedronta a todos os residentes do local, o bairro ainda foi afetado por um incêndio no início da semana, o que fragilizou ainda mais solo e pode acarretar em novos danos para os moradores.
A moradora Lenir Trigo, falou sobre a preocupação que tem em relação à situação atual do bairro: “Desde a tragédia tudo está a mesma coisa, o poder público não tomou nenhuma providência. E nessa semana ainda teve esse incêndio, que também causa problemas no solo, nos deixando ainda mais preocupados, pois o período de chuvas está chegando”.
Lecir Veloso, também moradora do bairro, comentou que a situação da Vilage é precária e de total abandono, pois nada foi feito pelas autoridades públicas, e apenas os moradores têm se mobilizado para ajudar a melhorar a situação, limpando ruas e casas.
O presidente da Associação de Moradores da Vilage, João Carlos Rodrigues está morando em outro bairro, pois sua casa permanece em situação de risco. Sobre as providências que já deveriam ter sido tomadas por parte das autoridades, João Carlos disse: “O bairro está abandonado e a Prefeitura esteve aqui apenas uma vez através do secretário de obras, Helio Gonçalves. Desde então eles alegam que não podem retirar entulhos e realizar obras, pois o movimento pode ocasionar novos deslizamentos. Mas eles não entendem que a lama e o entulho que ainda estão nas ruas, podem se tornar algo perigoso quando um novo período de chuvas chegar. Quem tem tentado fazer algo para melhorar o bairro são os próprios moradores”.
Ele falou também sobre a situação de quem vive em áreas de risco: “Existem algumas famílias vivendo em locais perigosos, pois elas não recebem aluguel social e não têm para onde ir. Eles alegam que vão demolir tudo, mas como é que ficam os moradores? Precisamos de uma solução urgente. A Associação de Moradores já tentou de todas as formas buscar recursos e a alternativa que nos resta é divulgar para a imprensa a situação em que nos encontramos”.
Diante dos problemas apresentados pelos moradores da Vilage, o coordenador da Defesa Civil de Nova Friburgo, João Paulo Mori, falou sobre a real situação do bairro: “Nós consideramos que a Vilage é uma grande área de risco e esperamos que nesse período de chuvas não aconteçam novos deslizamentos. Como prevenção, estamos com um projeto de sistema de alerta por sirenes, que está ainda em fase de estudos. Mas essas sirenes servirão para alertar a população que está em área de risco. Quem se encontrar nessas condições pode procurar a casa de algum parente ou amigo que more perto, porém em local seguro. Mas quem não tem ninguém pode ir para o ponto de apoio que fica situado em um galpão ao lado do colégio Externato Santa Ignez. Este local não é um abrigo, é uma passagem temporária para solucionar emergências e atender prioritariamente quem não tem para onde ir”.
Ele falou ainda que a Defesa Civil apenas marcou as casas que têm de ser demolidas, e que a demolição em si é trabalho da Prefeitura. Sobre a queimada que afetou as matas do bairro na última segunda-feira e assustou os moradores, Mori alegou que um incêndio como o ocorrido tira a camada de proteção do solo, deixando-o exposto, podendo assim a agravar a situação do local.
Fonte: Nova Imprensa
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