sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Copom vê cenário tranquilo para inflação, mas alerta para os efeitos das medidas anticrise

SÃO PAULO - O Comitê de Política Monetária (Copom) acredita que a economia brasileira ainda apresenta uma ociosidade que não deve ser eliminada rapidamente, o que junto às atuais expectativas contidas de inflação, garantem a continuidade de um cenário benigno.


O documento é referente à reunião de 8 e 9 de dezembro, na qual o Banco Central manteve a Selic em 8,75% ao ano.

Os diretores do BC ressaltaram, porém, que os estímulos econômicos adotados na crise mundial terão seus efeitos sentidos com defasagem e que estará atento a esse movimento para garantir a continuidade da estabilidade dos preços e que agirá conforme for necessário nesse sentido.

"O Comitê nota que a expressiva flexibilização da política monetária implementada de janeiro a julho ainda terá efeitos cumulativos sobre a economia, que serão evidenciados após certa defasagem temporal", , diz o texto, divulgado nesta quinta-feira.

Miriam Leitão: BC sobe o tom de preocupação com estímulos econômicos

A ata do Copom também mostra relata o movimento de recuperação que já está em curso na economia:

"O Comitê considera que a acomodação da demanda, motivada pelo aperto das condições financeiras e pela deterioração da confiança dos agentes, bem como pela contração da economia global, vem sendo superada, ainda que persista margem de ociosidade dos fatores de produção, que não deve ser eliminada rapidamente em um cenário básico de recuperação gradual da atividade econômica".

"Diante da margem de ociosidade remanescente na economia... e do comportamento das expectativas de inflação para horizontes relevantes, continuaram favoráveis as perspectivas de concretização de um cenário inflacionário benigno", acrescentou o docudocumento.

Essa ociosidade é notada nos indicadores de utilização da capacidade na indústria e do mercado de trabalho, segundo a ata.

O Copom elevou, sob o cenário de referência - de câmbio em R$ 1,70 e Selic em 8,75% -, as estimativas para a inflação em 2010 e em 2011, mas ambas seguem "em torno" do centro da meta, de 4,5 por cento.

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou nesta quinta-feira que a economia brasileira está crescendo fortemente e que a autoridade monetária está preparado para tomar as ações necessárias para manter a estabilidade dos preços em 2010. Ele disse ainda que o BC está tomando medidas para evitar eventuais transmissões de desequilíbrios gerados nos Estados Unidos por excesso de liquidez.

- A economia brasileira está crescendo muito e não há dúvida que em algum momento sempre é possível que surja alguma pressão de preços. Caso surja, o BC estará preparado para tomar as medidas necessárias ao tempo e à hora - disse em entrevista ao programa "Bom Dia, Ministro", da televisão Radiobrás.

Fonte: O Globo

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