Atividade que surgiu como a mais lucrativa para os proprietários rurais foi derrotada pela falta de logística, mas deu certo para os avicultores que trabalharam com profissionalismo
Luiz de Carvalho
Rusticidade era apenas propaganda
Lucro na industrialização
“A expectativa que o avestruz causou com a chegada ao Brasil foi mais propaganda do que realidade. Quem entrou no ramo pensando em ficar rico de um dia para outro quebrou, mas quem trabalhou com profissionalismo está até hoje no mercado e se dando bem”, a afirmação é do empresário Charles Piveta Assunção ao analisar os motivos que causaram a derrocada da atividade em todo o Brasil.
No ramo desde 1996, Priveta não tem do que reclamar, afinal, a família é proprietária de um dos maiores criatórios do Brasil, no Mato Grosso do Sul, e ele abre pelo menos uma loja de artigos de couro de avestruz por ano.
A opinião de Piveta é semelhante ao do também criador Antônio Boldori, presidente da Cooperativa Paranaense de Avestruz (Copatruz), com sede em Maringá e área de criação em Presidente Castelo Branco (a 43 quilômetros de Maringá).
Os dois concordam que a chegada dos primeiros exemplares para criação em larga escala, na década de 90, foi cercada de muita especulação, para não falar em enganação. Só se divulgou números que impressionavam, como o fato de na área onde é criado um boi em sistema extensivo podem ser manejadas cem aves, que ficam prontas para o abate em apenas 12 meses, e se reproduzem por mais tempo; que o preço da carne chega a R$ 70 o quilo e que toda produção poderia ser destinada à exportação.
Em pouco tempo, várias pessoas investiram na criação da ave originária da África, cooperativas foram criadas em todos os Estados, mas em ritmo semelhante ao que a atividade cresceu, reduziu. O plantel que era para chegar a 500 mil exemplares em cinco anos, hoje não chega a 60 mil, cooperativas fecharam e a estrutura implantada está às moscas.
É o caso da Copatruz, que nasceu em 2002 como a mais bem estruturada cooperativa do Brasil, com um investimento de R$ 1 milhão, cerca de 300 matrizes e o único cortume do País para trabalhar em regime industrial. Hoje, porém, a estrutura está sendo liquidada porque boa parte dos associados acabaram com os plantéis por estarem pagando para criar.
Segundo Antônio Boldori, passada a fase da especulação, a atividade na região de Maringá descobriu às duras penas que não podia ir adiante sem a existência de um frigorífico, que não havia meio de exportação da carne e do couro e que o brasileiro não se adaptou ao sabor e à textura da carne.
Com isso, uma bota de couro de avestruz que, em 1995, custava em torno de R$ 1.500, hoje é vendida por R$ 300 ou até menos. A carne que valia R$ 70 o quilo, hoje tem preço semelhante ao da carne de boi, e ainda assim tem pouca saída.
“Tanta propaganda positiva atraiu muita gente que não era do ramo”, avalia Piveta, “mas o avestruz é uma atividade como a criação de gado, de frango ou qualquer outro ramo. É preciso ser encarado com profissionalismo”.
A família dele, que cria mais de 5 mil aves no Mato Grosso do Sul, encontrou uma alternativa, montou um frigorifico e industrializa o couro, que vira casacos, botas, bolsas, selas e outros artigos bem aceitos no mercado. A carne é vendida para supermercados, restaurantes e para a merenda escolar no Estado do Mato Grosso do Sul.
Fonte: O Diário On Line
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