Angelica Kernchen
Está mais que provado que o conhecimento, ou melhor, que a gestão do conhecimento (GC) é um valioso recurso estratégico no mundo corporativo. Porém, estamos diante de uma realidade de fenômenos econômicos de alcance global, da própria globalização, da velocidade da informação por conta da internet e da facilidade de trocar conhecimentos por conta dela, o que não facilita a organização dessas informações.
O conceito de gestão do conhecimento parte do princípio que todo o conhecimento e informação sobre uma empresa e seus processos, inclusive os que estão na cabeça das pessoas e em departamentos particulares, pertencem à organização. E ela, por sua vez, deve proporcionar a todo o seu corpo de trabalho o usufruto desses. “Gestão do conhecimento é um processo corporativo que afeta todas as áreas de uma empresa, bastante focado em sua estratégia. Seu principal objetivo é aproveitar recursos que já existem dentro da organização para facilitar o conhecimento geral, fazendo com que informações que são armazenadas de diversas maneira, sejam reunidas e utilizadas no processo do dia-a-dia de todos os colaboradores”, define Henrique Andrade, diretor de operações da iFactory, empresa focada em soluções empresariais.
Henrique conta que a GC é um recurso estratégico, pois conhecimento é fundamental para atingir objetivos, tanto no ponto de vista mercadológico quanto do competitivo. A informação é um bem intangível, que não está no balanço das empresas, mas todo mundo sabe o quão importante ela é, seja para atingir metas, seja para enfrentar a concorrência mais preparado, ter vantagens competitivas ou mesmo para planejamento. E é aí que está a chave de gerenciar o conhecimento.
Segundo Frederico S. M. Mesquita, especialista em gestão do conhecimento, pode-se aplicar GC para otimizar as formas de comunicação entre as pessoas, sejam elas pessoais ou impessoais, melhorando a criação, a retenção e a troca de conhecimento na organização. “Podemos aplicá-la em processos específicos, como no desenvolvimento de novos produtos com implicações sobre a capacidade de inovação da empresa, ou estrategicamente, entendendo os conhecimentos futuros demandados pelo mercado, comparando com o que existe na empresa e criando estratégias para alinhar ambos. Ela é válida, ainda, se a desdobrarmos em uma análise de nível individual e alinharmos os conhecimentos de cada colaborador com as competências requeridas para as funções; chegando até às competências que a análise estratégica identificou como essenciais no futuro e que ainda estão ausentes na empresa”, reflete ele.
Basicamente, todos os departamentos de uma empresa devem estar envolvidos no processo de gerenciar conhecimento, porém, é fundamental e necessário o apoio das áreas de tecnologia, gestão de pessoas e planejamento. Tecnologia para desenvolver sistemas que possibilitem unificar e disponibilizar essas informações; gestão de pessoas para avaliar como o processo de redescoberta das informações será feito e impactará em seus colaboradores; e planejamento para montar a estratégia do processo em si e mapear as necessidades atuais e futuras.
Benefícios da implantação de GC
Henrique nos conta que uma das coisas mais negligenciadas em GC é entender que, para uma iniciativa voltada à gestão do conhecimento funcionar, uma série de práticas organizacionais precisam estar alinhadas. “Por exemplo, é preciso apoio da liderança, tanto para aumentar a sensibilização como para reforçar a importância da mudança de atitude em geral. É preciso alinhar as formas de reconhecimento e recompensa, e valorizar ainda mais aspectos intangíveis. A noção de tempo tradicional, em geral, é um obstáculo, e formas de mensuração de resultado também precisam ser revistas. Normalmente, as pessoas em empresas são avaliadas pelo balanço ou avaliação anual (ou ainda pior, semestral, trimestral), mas iniciativas de GC, intangíveis em boa parte da sua natureza, têm muitas vezes implicações que transcendem o ano fiscal, e é importante criar mecanismos para mostrar ao final do ano que as cinco mil horas que seus funcionários tiveram disponíveis para pensar sobre qualquer coisa fora da sua função, retornaram ou irão retornar na forma de resultado econômico em algum momento. Ainda mais que os benefícios da GC têm retornos crescentes, ou seja, maiores ao longo do tempo. Confiança é um aspecto fundamental em GC, e para aumentar o nível de confiança entre as pessoas, sejam do mesmo nível ou em relação à empresa e aos seus superiores, é importante demonstrar isso no dia a dia, liderar pelo exemplo, e sobretudo focar muito no ambiente onde o conhecimento é gerado”.
E por falar em benefícios, são muitos os encontrados por empresas que se dispõem a trabalhar com gestão do conhecimento. Entre os preferidos de Henrique está descobrir que por meio de conteúdos e informações já existentes dentro da organização, ela poderá se diferenciar no mercado. Isso, segundo ele, traz redução de custos, pois a empresa poderá contar com treinamento mais fácil, aumento de receita (já que é possível atender clientes com mais facilidade, pois ela terá informações disponíveis sempre à mão), seus funcionários terão produtividade maior (que é exatamente proporcional ao aumento do conhecimento de sua área e processos) e, consequentemente, todos aprenderão mais sobre o negócio da empresa. “Muitas vezes, você aprende que o capital intelectual que tanto estava à procura já existe na sua empresa; ele só estava preso na cabeça de alguém”, finaliza.
Fonte: Jornal Carreira e Sucesso
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