quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Segundo outlet de luxo do Brasil será construído no Rio Grande do Sul

Com 120 lojas, empreendimento será instalado em Novo Hamburgo, na região metropolitana de Porto Alegre


O sucesso do primeiro shopping brasileiro de desconto para grifes de luxo, o Outlet Premium São Paulo, atraiu a atenção de investidores de outras regiões do país. Fruto de uma parceira entre a General Shoppings e a Senpar, dona do terreno, o empreendimento foi construído no município de Itupeva, a 72 quilômetros de São Paulo. Desde a inauguração, em junho, as vendas estão 60% maiores que o previsto - em algumas lojas, o desempenho chega a ser 150% superior. Durante os finais de semana, as lojas mais procuradas chegam a organizar filas de consumidores ávidos por produtos de marca com desconto. O resultado animou outro grupo de investidores a entrar no mercado de outlets de luxo. A construtora paulista São José e a gaúcha Cisplan preparam-se para erguer um projeto semelhante em Novo Hamburgo, na região metropolitana de Porto Alegre.

O projeto, ainda sem nome, se encontra na fase de aprovação das licenças e será implantado num terreno às margens da rodovia BR-116, que corta o Brasil de norte a sul. Cerca de 4 milhões de pessoas vivem num raio de 70 quilômetros do novo centro de compras. O lugar é considerado estratégico pelos investidores porque está no meio do caminho entre Porto Alegre e a região serrana do estado – um tradicional pólo de atração turística, com cidades como Gramado, Canela e Bento Gonçalves. Além disso, trata-se de uma área com boa concentração de consumidores de alta renda. “O PIB per capita dessa região é de quase 20.000 reais, bem acima da média brasileira”, afirma André Costa, diretor da consultoria Jones Lang LaSalle, responsável pelo desenvolvimento do projeto – e que também participou da criação do outlet de Itupeva.

Assim como o outlet paulista, o objetivo é oferecer artigos de luxo por preços bem mais em conta. Para as grifes, trata-se de um modo de escoar produtos que já saíram da coleção sem precisar recorrer às liquidações nas lojas de shoppings tradicionais - onde os custos de manutenção de um ponto-de-venda são maiores e, por isso, vender artigos com grandes descontos gera prejuízo. O outlet paulista foi construído ao ar livre (o que permite economias com luz e ar-condicionado). O terreno não se encontra em área central de uma grande cidade, onde seria preciso desalojar - e ter de indenizar - muita gente. Está localizado às margens da rodovia dos Bandeirantes, entre São Paulo e Campinas e ao lado dos parques Hopi Hari e Wet’n Wild, por onde passam milhares de pessoas todos os dias. Além disso, foi capaz de atrair uma clientela que, geralmente, não visitaria uma loja da rede em um shopping convencional. Para os consumidores, a vantagem é bastante óbvia - comprar artigos de marcas sofisticadas sem sangrar o orçamento.
 
Sotaque local


O projeto encontra-se na fase de aprovação das licenças. Os investidores pretendem iniciar as obras em abril, a tempo de inaugurá-lo antes das festas natalinas de 2010. Com 25.000 metros quadrados de área bruta locável e capacidade para 120 lojas (incluindo a praça de alimentação), o empreendimento será maior que o de Itupeva, com seus 18.000 metros quadrados e 93 lojas. O investimento é estimado entre 60 milhões e 70 milhões de reais. A construtora São José é o sócio majoritário do projeto.

Os empreendedores também pretendem dar uma cor local ao projeto, recorrendo a referência da cultura regional. Uma das opções é criar uma área para as vinícolas locais. Outra é construir a praça de alimentação com características da arquitetura alemã. Numa segunda etapa, o projeto poderá ganhar uma nova edificação, onde seriam instaladas lojas de fabricantes locais de móveis de alto padrão.

No outlet paulista, os consumidores podem encontrar marcas baladas como Diesel, Armani, Hugo Boss, Ricardo Almeida e Calvin Klein. Embora o shopping gaúcho e o paulista pertençam a investidores diferentes, as grandes marcas internacionais instaladas em Itupeva são um alvo do empreendimento de Novo Hamburgo. De acordo com Costa, da Jones Lang LaSalle, até o momento 30 marcas presentes em Itupeva já manifestaram intenção de locar espaços no novo outlet.
 
Potencial

A boa acolhida do outlet paulista pelos consumidores foi determinante para que a Construtora São José e a Cisplan se convencessem da viabilidade de um outlet premium. As empresas procuravam, há um ano, um projeto interessante para o terreno às margens da BR-116. O plano inicial era construir um shopping center tradicional. Mas, depois da inauguração do outlet de Itupeva, em junho, e dos primeiros resultados de vendas, as empresas decidiram investir nesse novo modelo de negócios. Como a Construtora São José já era parceira da Jones Lang LaSalle em outros empreendimentos, o contato e o desenvolvimento de um projeto semelhante foi facilitado.

Nos Estados Unidos, praticamente todas as grandes cidades possuem outlets, que fazem a alegria da população local e de turistas endinheirados. A avaliação, porém, é que no Brasil no máximo seis empreendimentos do tipo podem ser construídos. Primeiro porque as grifes de luxo não têm em suas lojas convencionais um estoque a ser desovado suficiente para abastecer um grande número de outlets - embora algumas grifes já manifestem a intenção de produzir artigos especialmente para os shoppings de desconto como nos EUA. Além disso, o estado de São Paulo concentra 80% dos endinheirados brasileiros. Mas a tendência é que o sucesso do outlet de Itupeva incentive a construção de réplicas do modelo. A própria General Shopping, umas das donas do outlet paulista, diz que estuda a construção de mais dois empreendimentos em cidades cujo nome é guardado a sete chaves. Os especialistas veem cidades como Rio de Janeiro, Curitiba e Brasília como os alvos mais prováveis. Os gaúchos já estão prestes a ganhar o seu.

Fonte: Portal Exame

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