sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Sem medo da breguice

Abrace o kitsch: renda-se ao tender cravejado de frutas. Se não gosta de agridoce, vá de leitão, ou paleta de cordeiro. Melhor: prove tudobusca no paladar


Patrícia Ferraz

Você olha o tender no centro da mesa, rodeado de frutas tropicais, e fica imaginando que aquele prato poderia ter vindo do Havaí – com todos os abacaxis, pêssegos e laranjas – direto para a sua ceia de Natal. Mas não foi, não. Quer dizer, a receita veio dos Estados Unidos, sim, mas da pequena Smithfield, uma cidadezinha de 7 mil habitantes na Virgínia. A cidade é a "Parma" dos EUA e seus presuntos têm a fama de serem os melhores do país. Cozidos e defumados, tradicionalmente são servidos caramelizados nas festas de fim de ano.

Essa receita inspirou o frigorífico brasileiro Wilson a fazer um presunto parecido, no início do século 20. O presunto foi registrado como tender made: feito com carinho, em inglês. O nome pegou. A ideia de combinar o presunto com sabores adocicados também – e quem explica a inexplicável combinação com os fios de ovos?

Servido com mais ou menos sobriedade, o presunto é prato de Natal e réveillon em muitos países europeus. Os espanhóis e italianos abrem jamóns e prosciutti, seus famosos presuntos crus curados no sal. Os alemães servem o presunto cru da Westphalia; os belgas, o de Ardennnes. E os franceses não dispensam o jambon de Bayonne. Cada um em seu estilo.

O banqueteiro Toninho Mariutti, que preparou o tender desta página, conta que houve um tempo – nos anos 80 – em que as pessoas consideravam brega comer tender e passaram a encomendar outros pratos. Ele fazia rosbife com molho de mostarda, carpaccio e salpicão para a ceia. Mas diz que a moda voltou há pelo menos cinco anos. "As pessoas têm tentado recuperar os sabores de infância – é esse o sabor do Natal, tender, peru, pernil, nada combina com nada, uma delícia", diz.

Fonte: Estadão.com.br

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