sexta-feira, 2 de abril de 2010

Presidente da Petrobras considera 'injusto' Rio receber 80% dos royalties do país

Ronaldo D'Ercole

SÃO PAULO - O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, disse nesta terça-feira que considera errada a forma como os royalties do petróleo são distribuídos atualmente entre os estados. Ressaltando que esta é uma posição pessoal e não da empresa que dirige, Gabrielli disse que o Rio de Janeiro ficar com mais de 80% dos royalties do petróleo produzido no país, como ocorre hoje, é "injusto".

Segundo ele, esse dinheiro pertence ao país e deveria ser mais bem distribuído. Ele também disse não concordar com a emenda Ibsen.

- Não concordo com a emenda Ibsen também, porque trata igual os estados onde está localizada a produção de petróleo e os demais. E isto não é certo, tem de ser diferente das outras localizadas - afirmou Gabrielli, ao ser questionado durante almoço com empresários em um hotel de São Paulo.

Gabrielli citou como exemplo o fato de o Rio de Janeiro ter ficado com quase R$ 7,5 bilhões de royalties, enquanto a Bahia, seu estado natal, recebeu apenas R$ 240 milhões.

- Esta não é uma distribuição justa - disse ele, enfatizando tratar-se de uma posição da pessoa física, não do presidente da Petrobras.

Segundo dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP), em 2008 estado do Rio recebeu 69% dos royalties e 95% das participações especiais destinadas aos estados e o municípios fluminenses ficaram com 67% da fatia dos royalties e 95% da parcela das participações especiais, destinadas aos municípios.

O governo do Estado do Rio, Sérgio Cabral, informou através de sua assessoria, que não vai comentar as declarações do presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli.

Sérgio Cabral considera que houve avanços nas negociações com o governo federal e o Congresso , para que a chamada emenda Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) - que prevê a repartição igualitária a todos os estados e municípios dos royalties obtidos com a exploração do petróleo não só no pré-sal, como também no pós-sal, ou seja, nos campos já em operação - seja alterada na votação da matéria no Senado.

Sobre a sucessão presidencial e os planos de investimento da companhia, que alcançam até 2020 , Gabrielli disse que seria interessante que os candidatos tornassem públicos seus projetos para a Petrobras. Ele lembrou que a empresa tem 56 anos e é bastante disciplinada, pois sua atuação envolve projetos de longo prazo.

O presidente da Petrobras afirmou também que a revisão dos investimentos da estatal para o período de 2011 a 2014 - que passaram de R$ 265 bilhões para R$ 250 bilhões - não implica em corte de projetos da companhia petroleira.

Segundo ele, num primeiro momento, o planejamento da companhia não pode ser mudado justamente por ter projetos de longo prazo.

- Só espero que haja clareza dos candidatos se eventualmente eles quiserem mudar os planos da companhia. E seria importante que o candidato ou candidata dissesse isso agora, durante a campanha. A Petrobras é relevante para o país e eles têm de se posicionar sobre o que querem fazer com o petróleo, o pré-sal e a companhia. Acho que o leitor brasileiro gostaria de saber - afirmou Gabrielli ao ser perguntado sobre como fica a Petrobras com mudança de governo.

Fonte: O Globo

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