quinta-feira, 3 de junho de 2010

Quando um carro importado pode virar um problema

Carros fabricados no exterior por montadoras sem tradição nem rede ampla de assistência técnica no Brasil podem ter consertos demorados e depreciação na revenda

Gabriela Ruic, de EXAME.com

A SUV da marca sul-coreana é um dos importados mais vendidos no país.

São Paulo - Enquanto as montadoras nacionais lamentam o fim do IPI reduzido, a venda de veículos importados disparou em 2010. Nos quatro primeiros meses do ano, a comercialização de carros fabricados em outros países cresceu 160% e atingiu 26.000 unidades. Tal crescimento é atribuído a dois fatores: taxas de juros razoáveis e câmbio favorável para importações. Mas se você também está tentado a andar pelas ruas de carro importando, saiba que é preciso tomar alguns cuidados.

A primeira providência é checar se a montadora oferece uma rede de assistência e fornecimento de peças abrangente ou se um problema mecânico em meio a uma viagem pode se transformar em um pesadelo. "Um carro cuja rede de assistência ou revenda existe apenas no estado de São Paulo poderá gerar dificuldades no acesso ao suporte técnico do veículo", alerta Paulo Gorbassa, professor do curso de pós-graduação da FEI.

Em geral, as montadoras que acabam de chegar ao país apresentam desvantagens, segundo José Fernando Penteado, do comitê de veículos leves da associação de engenheiros SAE Brasil. Além de o consumidor ainda não possuir referências sobre a qualidade de um veículo, a rede de assistência técnica costuma ser menos madura. Tradicionais importadores de veículos de qualidade como a coreana Hyundai e as japonesas Toyota e Honda levam vantagem sobre quem começou a investir no país só recentemente, como a chinesa Chery, a indiana Mahindra e a uruguaia Effa Motors.

A procedência do automóvel também indica a facilidade ou dificuldade logística da distribuição de peças. "Existem importados que vêm do México ou da Argentina. Nesses casos, a manutenção do carro pode ser até mais barata que a de um veículo nacional", explica Antonio Carlos Fiola, membro do conselho-diretor do Instituto de Qualidade Automotiva (IQA). As diferenças entre as moedas destes países e o real podem tornar atraente o uso de peças importadas.

Outro fator que pode indicar se a montadora é, de fato, acessível, é analisar o volume de vendas do carro em questão. "Um veículo de alta comercialização geralmente conta com uma rede de assistência técnica e reposição de peças mais eficaz. Nestes casos, a manutenção do veículo se equipara a qualquer carro nacional", explica o Garbossa.


A demanda no mercado também costuma sinalizar outro fator importante na decisão de compra de um veículo importado: a depreciação. "Se o modelo não tem boa aceitação no mercado, a hora de passá-lo para frente pode significar uma boa perda de dinheiro - ainda mais se o carro estiver com as garantias vencidas. Seu preço terá que ser muito abaixo da tabela", explica João Alves, coordenador de veículos da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).


Portanto, sinal amarelo para os importados usados que já estão fora da garantia: "Neste caso é melhor procurar seu mecânico de confiança. O carro pode estar com um preço atrativo, mas o conserto pode sair muito caro", diz Fiola, da IQA.

Para quem procura a exclusividade dos carros esportivos ou de luxo, a dificuldade na reposição das peças pode ser uma dor de cabeça. "A revendedora traz para o Brasil a quantidade de peças necessárias para o número de veículos registrados rodando no país. Aí entra na conta o frete aéreo, a produção da peça, e etc.", explica Koichiro Matsuo, assessor da Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Automotores (Abeiva). A falta de competitividade para esses carros no mercado interno brasileiro faz com que tanto as peças quanto a manutenção acompanhem o padrão do automóvel.

Fonte: Portal Exame

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