segunda-feira, 21 de junho de 2010

Wagner Brunini: vice-presidente de RH da BASF na America do Sul

Maiara Tortorette
Em 1968, Wagner Brunini iniciou sua carreira em Recursos Humanos e desde então não parou mais. Após passar por empresas renomadas como a Ford e a Henkel, atualmente assume a vice-presidência de recursos humanos da BASF em toda a America do Sul.

Em entrevista ao Carreira & Sucesso, Wagner conta sua trajetória profissional e como se tornou um dos RHs mais admirados do Brasil.

Boa leitura!

Conte-nos um pouco sobre sua formação e o interesse pela área de RH.

Iniciei a minha carreira em Recursos Humanos, bastante jovem, há 42 anos atrás. A minha formação foi muito mais influenciada pela carreira de RH do que o inverso, pois quando optei por fazer a faculdade de Ciências Sociais já atuava na área. Apesar de não ter pós-graduação e MBA, realizei diversos cursos de especialização, voltados para RH, e posso dizer que me considero um “self-made man” em termos de formação.

Como foi o início da sua carreira?

Em 1968, eu entrei como Office Boy de RH na FORD, onde trabalhei 11 anos. A minha escola profissional foi basicamente dentro desta empresa. Depois de algum tempo, ingressei na área de administração de pessoal, trabalhei em documentação, fui pra área de seleção e de remuneração e só depois é que debandei mais para área de treinamento e desenvolvimento, que me possibilitou ter um ritmo de crescimento mais acelerado. Em 1979, deixei a FORD e passei a trabalhar na Henkel, como Coordenador de Treinamento e Desenvolvimento, onde fiquei cerca de 5 anos. Em 1983, iniciei na BASF.

Como foi sua trajetória na BASF?

A minha chegada foi com T&D também, pois a partir do momento que eu sai da FORD e passei pela Henkel, tinha identificado uma linha de especialidade profissional, e a BASF me propiciou ampliar esta carreira. Entrei como Coordenador de Treinamento e Desenvolvimento, em 1983, depois passei a ter uma responsabilidade por recrutamento e seleção e enfim assumi pela primeira vez uma gerência, tendo também dentro desse T&D, recrutamento e seleção. Com seis anos de carreira na BASF, me ofereceram a oportunidade de ser Diretor de RH (na época nos tínhamos a BASF Química e a Glasurit do Brasil). Fiquei 4 anos nesta função, e, logo em seguida, fui convidado para fazer um trabalho na Alemanha, com o objetivo de conhecer a BASF em um conceito mais internacional, mais globalizado. Após três anos, retornei e fui nomeado Diretor da BASF no Brasil, cargo no qual permaneci por mais 3 anos, até assumir a diretoria do MERCOSUL, englobando Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia. Em 2000, eu assumo, então, a diretoria de RH da BASF para America do Sul, condição que ocupo hoje, sendo denominada vice-presidência de recursos humanos da BASF para América do Sul.

A BASF já foi premiada diversas vezes pela revista Exame, entre as “Melhores para se trabalhar” e novamente você foi indicado na premiação “Os RHs mais Admirados do Brasil 2010”, pela Gestão e RH. A que você atribui tais premiações?

Eu não tenho dúvida que estas indicações têm todo um aparato, um apoio, em função da empresa. Formar a melhor equipe da indústria não é um valor, só, muito mais do que um valor ele é um conceito estratégico global. Então, eu não tenho dúvida que ter o campo preparado e aberto para executar aquilo que você acredita, que é desenvolver pessoas, realmente favorece o gestor de RH. Esse trabalho é apoiado diretamente pela equipe, tanto sobre minha responsabilidade, na área de RH na America do sul, como por meus pares, que tanto quanto eu, são responsáveis por gestão de pessoas. Ou seja, é todo um valor que estamos aprendendo e aplicando, errando , corrigindo e aperfeiçoando, de que a essência de um diferencial competitivo cada vez mais reside na equipe que conduz a organização. A BASF realmente propicia este campo, e nós somos muito cobrados pelos nossos clientes internos, não só os gestores, mas os próprios colaboradores, que na América do Sul são cerca de 6 mil. Com isso, o nível de exigência leva você a ter um desafio ainda maior, mas, em contrapartida, a paixão com a qual a gente desempenha tais atividades é muito grande.

Qual o diferencial da BASF com relação à gestão de pessoas? Quais programas podemos destacar?

Nosso principal diferencial é a transparência no valor da organização e preocupação com o desenvolvimento de pessoas. Nós temos uma parceria há mais de dez anos com a Fundação Dom Cabral, chamada Academia de Liderança BASF. Trata-se de uma ferramenta online onde o colaborador pode se cadastrar e realizar determinado treinamento, com a autorização do líder, por meio de um processo de e-learning. O objetivo é fomentar cada vez mais o auto-aprendizado dos colaboradores, por isso, este programa é indiscutivelmente um grande destaque e nos permiti harmonizar conceitos de gestão de pessoas, por meio da liderança.

Outro diferencial, é que quando falamos de algumas práticas comuns de mercado, como a importância de estabelecer um diálogo aberto e franco com os colaboradores, nós não investimos apenas no treinamento para liderança, mas para todos. Trabalhamos muito em uma linha de passar aos colaboradores, independentemente do nível que ele ocupe dentro da organização, a responsabilidade no desenvolvimento de sua carreira.

A BASF tem uma forte ligação com projetos de sustentabilidade. Qual a importância do RH nesta questão?

Tanto quanto desenvolver a melhor equipe da indústria, um dos nossos pilares estratégicos também é a sustentabilidade. Eu parto do pressuposto que sustentabilidade permeia tudo, porque eu não posso deixar RH ou comunicação, por exemplo, fora deste contexto. Um dos fatos que nos destaca e que é recebido de forma positiva pelos colaboradores, é que sustentabilidade, diferente das outras organizações que tem misto dentro das áreas de serviço, hoje está ancorada diretamente ao business, da mesma forma que as áreas de serviço também estão.

Eu vejo que a sustentabilidade é parte de um componente estratégico da organização global, portanto, ele tem que permear todas as atividades que fazemos. Na criação de um programa de RH, deve-se pensar qual a contribuição para a sustentabilidade no lançamento de um produto no mercado, também, em outras palavras, deixou de ser um componente isolado para ser um componente nosso, do dia a dia.

Qual a preocupação da BASF com a qualidade de vida e satisfação dos colaboradores?

Qualidade de vida ou vida em equilíbrio, como nós chamamos dentro do mundo BASF, é uma demanda não só da nova geração - muitas vezes a gente se confunde dizendo que isso é coisa da geração Y - é uma nova realidade da relação de trabalho e nós nos preocupamos realmente com isso, tanto quanto nos preocupamos com segurança e desenvolvimento de carreira dentro da própria organização, ou seja, acreditamos piamente que trabalho também é qualidade de vida. A minha qualidade de vida é inserida pela satisfação que eu tenho por aquilo que eu faço, onde faço e com quem faço.

Quais os principais planos da empresa para os próximos anos?

Entendendo que fazemos parte de um todo e o plano principal da empresa para os próximos anos é a estratégia 2020. Na BASF, nós trabalhamos sempre com o componente de tempo. Nós já tivemos a estratégia 2010, a estratégia 2015 e a estratégia 2020 foi homologada no ano passado. Então, nós sempre buscamos uma estratégia de 10 anos mais ou menos e com certeza em 2015 nós estaremos falando da estratégia 2025.

Qual você considera ser o maior desafio de um RH hoje em dia?

Ainda acredito no trinômio de atrair, desenvolver e reter as melhores pessoas do mercado profissional. E, dentro destes três, desenvolver é o grande desafio da nossa estratégia 2020, que é formar a melhor equipe da indústria, uma vez que dentro da nossa estratégia visualizamos crescimento com as pessoas que trabalham na organização. Eu tenho 23 anos de BASF, e aqui é muito comum admitirmos estagiários e trainees e transformá-los em altos executivos.

O que você mudaria na sua carreira? Tentaria outra área?

Toda minha trajetória foi na área de RH, desde o início, e dentro desta carreira se me fosse permitido voltar no tempo, eu talvez revisse esse desenvolvimento em uma única unidade. Hoje, na maturidade profissional, percebo que se tivesse dedicado 4 ou 5 anos em outra área, para depois sem sombra de dúvidas voltar para RH, eu faria. Eventualmente, uma área ligada à parte de “business” ou relacionada a finanças. Evidentemente que o tempo também tem me ensinado que eu preciso aprender com as outras áreas, só que dentro da máxima do “on the job training”, quer dizer, aprendendo fazendo, seria muito bom que eu tivesse passado em outra área e não só em RH.

Com uma carreira de tanto sucesso e reconhecimento, falta ainda alguma coisa? Tem algum sonho que não foi realizado? Qual?

Eu tenho que agradecer muito as oportunidades que me foram dadas. Realmente, hoje, na posição que ocupo de Presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos Seccional São Paulo, não tenho dúvidas de que isso é fruto do ambiente profissional que vivo e da formação profissional que tenho. Gosto muito de uma frase do Vinícius de Moraes que dizia: “É triste o homem que chega...”. Eu nunca quero chegar, quero sempre ter um gosto de quero mais. Com certeza, existem muitos sonhos, muitas conquistas. Eu tenho 58 anos de idade e me considero um jovem profissional em desenvolvimento de carreira.

Gostaria de deixar algum recado para os profissionais de RH?

O momento é extremamente propício ao profissional de RH e o profissional que souber aproveitar esta oportunidade que a história está nos dando e que nós conquistamos, com certeza irão se beneficiar no futuro. O momento é fantástico para que a gente ocupe este espaço.

Fonte: Jornal Carreira e Sucesso

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