domingo, 15 de agosto de 2010

Carne no espeto facilita reunir amigos

Luiz Beltramin

De carona na melhoria na economia e consequente aumento no público consumidor habitual de carne, o fato do churrasco paulatinamente ganhar o espaço do macarrão e frango aos domingos também se deve à comodidade.

Cada vez mais as reuniões de amigos ganham espaço nas residências, diferentemente de outros tempos, em que o aconchego do lar era quase que restrito a eventos familiares. “Hoje quase toda construção exige que o arquiteto projete uma área de lazer”, salienta o comerciante Carlos Ibanhez.

Especialista em churrasco e apetrechos - ele é proprietário de uma loja de materiais de construção especializada em churrasqueiras, fogões e fornos à lenha de alvenaria -, Ibanhez periodicamente dá dicas de como preparar deliciosos churrascos no programa Sabor Brasil, na TV Preve.

Segundo ele, o segredo para fazer sucesso entre os convidados, além de uma boa carne, também está na churrasqueira. Contudo, tão importante quanto ela, é o local onde é instalada ou construída.

“Tamanho não é documento”, desmitifica. “Antigamente, construíam-se muitas churrasqueiras com 1,20 m ou 1,30 m de largura. Hoje trabalha-se tranquilamente com uma de 86 cm por 73 cm, detalha.

“O mais importante é a escolha do lugar”, define, principalmente ao chamar atenção para se evitar correntes de vento intensas. “Claro que a construção também influencia. Se a abertura não é feita na dimensão adequada, o risco da corrente de fumaça voltar é grande”, aconselha Ibanhez, que nos mais de 20 anos de profissão, estima ter vendido mais de 10.800 churrasqueiras de tijolo, somente em Bauru.

Com churrasqueiras de alvenaria, elétricas ou até mesmo com pequenos acessórios acoplados ao fogão, o churrasco está enraizado como um das principais opções do cardápio cotidiano e de final de semana do brasileiro.

Cardápio semanal

Exemplo disso é que tem gente que não faz churrasco só no final de semana. Faz todo dia, ou quase. Pelo menos com o corretor de seguros Flávio Rogério Marques Faria é assim.

Na falta de uma, ele tem duas churrasqueiras em sua casa, uma para reuniões mais numerosas e outra menor, destinada a ocasiões mais intimistas ou, simplesmente, refeições do dia a dia.

Nas noites de segunda e quinta-feira, Flávio churrasqueia após o bate-bola com os amigos. Quarta-feira, detalha, é dia de assar uma carne para o jantar. Sábado à noite também é propício para “queimar uma brasa”, assim como o tradicional almoço de domingo.

“Sempre tem alguma novidade que a gente tenta, desde um corte diferenciado. Eu tento inventar mais com costela”, revela.

Reunir amigos e testar as habilidades culinárias, sem dispensar o aconchego do lar. Esses são alguns dos principais atrativos que o casal Raul Sampaio Aguilar Júnior e Wanda Húngaro Oliveira Aguilar encontrou para frequentemente receber convidados para uma suculenta costela na brasa.

“Churrasco é melhor porque reúne mais gente. Além de estarmos em casa, ainda fica mais em conta do que encontrar todos num restaurante, por exemplo”, incentiva.

Churrasquear aos domingos também tem outro detalhe importante, enfatiza. As mulheres - ao menos as donas de casa que cozinham a semana toda -, têm descanso, já que geralmente no domingo quem cuida do almoço é o marido. “Não gosto muito de cozinhar e o churrasco aqui começa na sexta”, brinca Wanda.

Praticidade

Paralelamente ao crescimento no hábito de “churrasquear”, novas formas de saborear a carne também surgem, enfatiza o consultor gastronômico Carlos Ibanhez, especialista em churrasco e acessórios.

Ele observa que, diferentemente dos tradicionais espetões sobre blocos, hoje o mais comum é apreciar um churrasco com a carne preparada nas grelhas sobre brasas, principalmente com a popularização das churrasqueiras de alvenaria. “A tendência é simplificar. Muito pouca gente continua espetando a carne. Hoje em dia o mais comum é o grelhado”, comenta.

Simples ou tradicional, fazer churrasco é dom

Uma coisa é aquela festa universitária com meia dúzia de bifes tostados numa grelha e cerveja a rodo. Outra é o churrasco completo, com diversidade de carnes e guarnições. Mesmo ligado diretamente ao universo masculino, fazer churrasco não significa rusticidade. Muito pelo contrário. O cuidado no trato com a carne é um ritual que exige cuidado e paciência.

Se desde o corte ou tempero o trabalho não é feito com esmero, alerta o churrasqueiro Sérgio Brochini, o “Tchê”, como é conhecido em Bauru, o resultado final pode não agradar os convidados e, principalmente, a freguesia. A avaliação é amparada na experiência de 25 anos como profissional que faz a alegria dos amantes de um bom churrasco.

Durante todo esse tempo à frente das churrasqueiras, ele atesta que, realmente, o churrasco ganha cada vez mais espaço nas refeições, não apenas nos finais de semana. “Trabalho a semana toda com carne e tenho visto que as pessoas estão comprando mais. Acho que a carne está mais barata do que em outras épocas, quando variava mais com outras misturas”, compara.

“Até a classe D ganha mais e, então, compra mais carne. Antigamente era mais em festa, casamentos. Agora é comum, principalmente no final de semana. Isso vem acontecendo de uns 10 anos para cá”, observa.

Junto a maior frequência e número de pessoas apreciando um bom churrasco, o experiente churrasqueiro também destaca algumas variações de cardápio envolvendo a própria carne assada.

Entre as novas delícias mais pedidas, Tchê elenca o cupim recheado com provolone, calabresa e bacon. “A gente tempera e recheia. Depois deixa no molho, de um dia para o outro, numa mistura de mostarda, shoyu e sal grosso. No dia seguinte, deixa cinco horas no fogo, para ficar bem macio”, detalha o churrasqueiro, sem esquecer da deliciosa e tradicional costela.

“Mas também asso muita ‘costela da minguinha’. A gente serve com mandioca cozida ou frita”, acrescenta o churrasqueiro, ao servir uma bandeja de modéstia. “Prática a gente tem, mas o mais importante é fazer tudo com carinho, que sai tudo certo”, receita.

Gosto apurado

O modo de preparo da carne assada varia muito desde o “gosto do freguês” até o estilo do próprio churrasqueiro. Osmar Garcia, por exemplo, está no ramo há 25 anos. Proprietário de uma tradicional churrascaria em Bauru, ele, ao menos no gosto pessoal, é entusiasta da carne ao ponto, sem estar sangrando, mas também sem deixar a peça tostada.

“Tem aquele que gostam do ‘boi berrando’ (carne mesclada, com um lado ao ponto e outro mal passado)”, cita. “Não gosto mesmo da carne tostada, onde acaba se perdendo muito dela”, acentua o hoje proprietário, mas que durante muito tempo “pilotou” as churrasqueiras dos estabelecimentos onde trabalhou.

Garcia confirma a procura assídua pelo churrasco e confia, no mínimo, na manutenção do patamar nos próximos anos. “Acho que não diminui não. Só para de comer carne quem tem ordem médica. Isso não se pode questionar”, opina.

Fonte: JCNet

Um comentário:

  1. muito bom o post! adorei! pra quem é adepto do hábito de "churrasquear" esse blog também é bom!

    http://churrasqueiromaturatta.blogspot.com/

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