domingo, 29 de agosto de 2010

Elaine Mattioli: gerente geral de Recursos Humanos da Siemens Brasil

Maiara Tortorette

Bons profissionais sempre deixam as portas abertas por onde passam. Foi assim que Elaine Mattioli, gerente geral de Recursos Humanos da Siemens Brasil, teve suas três experiências nesta mesma organização, em épocas diferentes.

Nesta edição do Carreira & Sucesso, Elaine fala sobre sua trajetória profissional, destaca os principais desafios do RH diante da diversidade de profissionais que encontramos nos dias de hoje e conta quais os planos da empresa para os próximos anos.

Boa leitura!

- Conte-nos sobre sua formação e trajetória profissional

Sou formada em Administração de Empresas, com duas especializações em Recursos Humanos e uma especialização em gestão em âmbito internacional. São 25 anos trabalhando em Recursos Humanos, com experiência em quatro empresas, sendo que os 10 primeiros anos foram focados na área de remuneração e os últimos 15 anos como Business Partner, acumulando atividades corporativas.

- Quais os principais desafios do RH nos dias de hoje?

Acredito que um dos maiores desafios é manter a excelência em gerenciamento de recursos humanos para frentar as mudanças de mercado e o ambiente altamente competitivo, garantindo junto aos gestores e colaboradores que todo o potencial dos objetivos empresariais seja realizado. A gestão da diversidade também é um ponto bastante desafiador, temos diferentes gerações vivendo o mesmo ambiente empresarial ao mesmo tempo e que possuem expectativas e visões diferentes, portanto temos que ter a capacidade de entendê-los e ajudá-los a se desenvolver.

- Como foi sua chegada a Siemens?

Tive algumas experiências com a Siemens ao longo da minha trajetória profissional, mas a primeira delas foi como estagiária curricular. Na época, sem possibilidade de efetivação na área de RH, busquei outra alternativa no mercado. Seis anos depois, voltei para a Siemens para integrar o time de remuneração devido à experiência que desenvolvi no mercado e trabalhos realizados em grupos informais. Tínhamos um grande desafio naquele momento, pois estávamos vivendo o pós Collor e o final da reserva de mercado, que apresentava impactos significativos na gestão de pessoas e nas condições ligadas a remuneração dos empregados. Foi uma experiência bastante positiva diante da diversidade de profissões que a Siemens tinha e o número de localidades (cidades) de atuação, que nos propiciava ter uma ideia do mercado de trabalho em nível nacional. Naquele momento, acabei aceitando uma nova experiência no mercado por um período curto e retornei para a empresa em 1992. Atualmente atuo como Business Partner no setor de Indústria da Siemens Brasil e corporativamente pela área de Saúde, Segurança e Bem Estar, além de ser responsável pela gestão da Fundação Peter von Siemens no Brasil (instituição sem fins lucrativos, mantida pelas empresas do grupo).

- O que mudou no RH da empresa desde sua chegada?

Vivenciei diversas mudanças na organização que impactaram significativamente na área de RH, tanto na sua estrutura como na sua forma de atuar. Em 1990, a empresa passou por um processo de verticalização e começou a atuar por business units, o que demandou da área de RH a iniciar uma análise mais detalhada das necessidades de cada um dos negócios, pois neste momento ficou claro que algumas particularidades precisavam ser consideradas. Em 1995, foram criados os RHs das áreas de negócios (BP), que possibilitaram o desenvolvimento de ferramentas e práticas bem específicas, haja vista a diversidade do portfólio da empresa (Telecomunicações, Energia, Informática, entre outros). Vivemos por um bom tempo o conceito de empresa global, atuando e desenvolvendo soluções de RH localmente e considerando a especificidade de cada negócio. Nos últimos anos, estamos novamente vivendo uma grande mudança associada à estratégia mundial da empresa, ou seja, grande parte das nossas ferramentas de RH são corporativas e aplicadas mundialmente, o que exige dos profissionais uma competência e habilidade diferenciada comparada ao que era exigido no passado.

- A Siemens foi destaque na premiação das melhores empresas para se trabalhar. Qual o diferencial que a empresa apresenta? Que projeto/programa pode ser destacado?

Um dos pontos mais fortes que temos é a identidade que os nossos colaboradores possuem com a empresa. Percebemos que eles têm um orgulho muito grande de pertencer a esta organização e dos produtos, serviços e soluções que provemos para o mercado. Este orgulho está principalmente ligado aos nossos valores. Além disso, temos vários programas que podem ser destacados, mas na minha visão, o grande diferencial que oferecemos é a possibilidade de desenvolvimento de carreira. A Siemens possui programas direcionados para isto e, como somos uma empresa com muitos segmentos de negócios e presente em vários países, oferecemos alternativas de desenvolvimento que permitem as pessoas mudar de “emprego” sem terem que mudar de empresa.

- Responsabilidade Social é um tema relevante para a empresa. Como o RH trabalha neste sentido? Além de apoiar e criar programas sociais, como acontece o acompanhamento e a conscientização dos colaboradores?

Na nossa estratégia mundial Fit4 2010, um dos quatro pilares que temos é a responsabilidade empresarial, que envolve ações ligadas a ser benchmark em transparência e compliance, governança corporativa, proteção climática e cidadania empresarial. Temos várias iniciativas nesta direção; são mais de 80 projetos em nível nacional, alguns patrocinados pela Fundação Peter von Siemens e outros patrocinados pelas próprias áreas de negócios, com foco em educação, meio ambiente, ação social e arte e cultura. Neste momento, estamos adaptando nossa estrutura a uma iniciativa mundial, que é a criação da área de sustentabilidade e todas as nossas ações estarão sob o comando desta nova área, onde o RH terá alguns representantes com participação ativa.

- Ser o maior conglomerado de engenharia elétrica e eletrônica do país exige uma grande responsabilidade. Como a empresa motiva seus funcionários e dribla as adversidades pertinentes?

Este é um dos pontos mais importantes para a implantação da estratégia da nossa empresa, e está associado diretamente aos nossos valores. Desta forma, o que fazemos para motivar os nossos colaboradores é incentivá-los a inovação, seja em produtos, processo, soluções ou serviços, considerando os mais altos padrões de tecnologia com o maior grau de responsabilidade com os nossos “stakeholders”. Nosso portfólio verde é uma das nossas respostas.

- Quais os planos da empresa para os próximos anos?

Continuar desenvolvendo uma cultura de alto desempenho, desenvolver todas as competências técnicas que são necessárias para atuar em diferentes segmentos de negócios, construir um banco de talentos mundial e contribuir para o fortalecimento da nossa marca como empregador.

- Com uma carreira tão consolidada e repleta de conquistas o que ainda não realizou?

Sempre existem coisas a se realizar, sempre há uma nova experiência a ser vivida, como a que estamos vivendo no momento, que é a possibilidade de integrar grupos de trabalho mundialmente e implantar ferramentas também mundiais; isto foi algo, até então, que eu não havia vivenciado e que tem me motivado bastante. O sonho é o que nos mantém vivos e olhando para o futuro. Falando em RH, espero ser capaz de desenvolver um programa de qualificação para PCDs - Pessoas com Deficiência.

- Qual recado você deixaria para os profissionais de RH?

Entenda bem a sua empresa, sua cultura, seus valores e quais são os objetivos estratégicos que ela tem, o que “move” cada uma das pessoas que você acompanha no dia a dia, suas competências e potencialidades. Ajude-as a descobrir no que elas são boas e como elas podem dar o seu melhor. Desta forma, com propósitos comuns, será uma situação de ganhos sucessivos e o sucesso será a resultante.

Fonte: Jornal Carreira & Sucesso

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