domingo, 29 de agosto de 2010

Estiagem já provoca reação no preço da carne

Leonardo Coleto

Arroba do boi que custava R$ 74,80 está valendo R$ 80,59, aumento de 8%.

A estiagem que atinge o Paraná nos últimos dias é considerada por especialistas como um dos principais fatores que contribuíram para o aumento do preço final da arroba do gado de corte.

Segundo do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), houve um aumento de 8% no preço da arroba do boi, se comparado agosto de 2009 com o período atual. Há um ano a arroba custava R$ 74,80. Atualmente está em R$ 80,59, segundo o Deral.

De acordo com Adélio Borges, chefe do setor de bovinocultura de corte do Deral, a ausência de chuva afeta diretamente a qualidade do pasto, principal fonte de alimento do rebanho e essencial para engorda dos animais para o abate.

"No final das contas é o consumidor final que vai pagar por isso no momento da compra dos cortes. Com a seca os bovinos não têm pasto para comer, isso reflete no aumento do preço da carne para o consumidor final, conforme verificamos nesse período", explica. De acordo com ele, "mais de 95% do gado no Paraná é criado no pasto".

Além da questão da estiagem, o presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado do Paraná (Sindicarne), Péricles Salazar, aponta a redução do plantel bovino, a partir de 2007, como fator que interfere na situação atual.

"Muitos pecuaristas desistiram da cultura e venderam suas matrizes a partir daquela época. Muitos foram para outras atividades e até mesmo arrendaram suas terras para produção de etanol ou soja. Com o plantel bovino menor e o aumento dos frigoríficos, houve o desequilíbrio para a oferta de animal e demanda dos frigoríficos", explica.

Para Salazar, a reposição de animais abatidos também pode ter interferido para esse aumento do preço. "Quando o produtor vende ou abate a matriz deve repor pelo menos duas vezes e meia o que ele retirou. Esses fatores combinados fizeram com que o preço dos cortes aumentassem. Quanto maior o preço do boi no pasto, maior o preço para os frigoríficos e, consequentemente, para o consumidor final", relaciona.

Questionado sobre os preços, Borges, do Deral, afirma que daqui para frente o valor poderá variar em relação ao comportamento do clima. "Mesmo chovendo logo teremos que verificar a situação das pastagens. Uma coisa é certa: a chuva pode contribuir para o gado não emagrecer, mas não vai baixar os atuais preços", frisa.

Por conta do preço alto, Salazar estima que os consumidores mudem o cardápio. "O bolso do consumidor é o limite para essa situação. Nós dos frigoríficos não podemos esperar que o consumidor continue comprando com preços altos. Ele vai mudar para outras carnes. A população já demonstra que não está disposta a pagar o preço que está sendo cobrado", diz.

Segundo ele, a alta faz parte de um ciclo, que logo deverá baixar. "É preciso ressaltar que numa próxima conjuntura isso poderá mudar. É uma gangorra, mas devemos ter consciência que ninguém consegue revogar a lei da oferta e procura", opina.

Fonte: Paraná On Line

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