segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Guia das profissões: Corretor de Imóveis

Caio Lauer

À primeira vista, muitos têm a impressão que o corretor é aquela pessoa que fica em um plantão de lançamento, aguardando clientes para negociar uma proposta e servir um café, mas não é bem assim. Esse profissional tem diversos ramos de atividade, como imóveis usados, gestão de carteiras e até administração de condomínios.

A corretagem de imóvei foi uma das primeiras atividades que conseguiu status de profissão liberal, regulamentada por uma lei federal. A primeira regulamentação aconteceu em 27 de agosto 1962, por isso se comemora nesta data o dia nacional da intermediação imobiliária e o exercício da profissão. Depois da conquista da lei, se iniciou a história da importância e competência desse ofício. Hoje, dada a complexidade da burocracia e da jurisdição na aquisição, locação e administração de imóveis, esse profissional é fundamental para o desenvolvimento do segmento.

Para ser um corretor de imóveis, se faz necessário ter o curso técnico em transações imobiliárias. Esse curso, que é habilitado pelas autoridades de educação, é a porta de entrada para o exercício da atividade. É multidisciplinar, onde o aluno vai tomar conhecimento com disciplinas como matemática financeira, língua portuguesa, avaliação imobiliária, noções de informática, direito e legislação e operações imobiliárias. Para exercício da profissão, o corretor precisa ser registrado nos conselhos espalhados pelo país. Os Conselhos Regionais são autarquias pública-federal, instituída pela lei 6.530 de 1978, e tem a função de credenciar as pessoas e fiscalizar a atividade.

Atualmente, os segmentos com mais profissionais atuando são a venda de imóveis usados – grupo grande de corretores autônomos -, e os lançamentos de empreendimentos. Mas dentro dessa atividade, há especializações. Existem profissionais que trabalham especificamente com chácaras e fazendas, perícia judicial na avaliação imobiliária, locação, administração de condomínios e carteiras imobiliárias. “Quem pensa em desenvolver a profissão de forma ética e com o conhecimento necessário tem uma probabilidade muito positiva de sucesso. As empresas de lançamento e as imobiliárias têm, atualmente, postos de trabalho e necessitam de profissionais de qualidade”, afirma Alexandre Tirelli, presidente do Sindicato dos Corretores de Imóveis no Estado de São Paulo (Sciesp).

A visão de empreendedorismo é essencial e também faz parte da natureza do corretor. Essa característica deve estar muito presente, pois ele precisa enxergar em um determinado imóvel a potencialidade do negócio, e deve exibi-la de forma segura e precisa para o comprador. “Ele deve ter a visão se determinada região será objeto de uma intervenção urbana, se será possível desenvolver aquele empreendimento no futuro, entre outras possibilidades”, observa Tirelli. No capítulo 13 do código civil brasileiro, do artigo 722 ao 729, fala-se a respeito do exercício da profissão da corretagem.

Em especial, o 723 foi alterado no início deste ano, aumentando a responsabilidade do corretor nas transações. Antes, o código dizia que o profissional era obrigado a informar para seu cliente todos aspectos e informações que estiverem apenas ao seu alcance, como liquidez e avaliação. Hoje, o profissional é responsável por todos os aspectos que envolvem uma negociação imobiliária. Quando há a compra por meio do corretor, agora ele responde também por perdas e danos. “Em 99% das transações, a parcela monetária do corretor vem por meio de quem está vendendo o imóvel. Esse serviço sai de graça para quem compra, e se torna uma garantia expressiva para o corretor, porque a responsabilidade aumenta bastante”, explica José Augusto Viana Neto, presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis de São Paulo (CRECISP).

Em relação ao retorno financeiro, são poucas a imobiliárias que pagam um salário fixo, ou ajuda de custo, e que dão percentual na venda feita pelo profissional. O que impera no mercado é o trabalho liberal autônomo. O corretor trabalha sempre no risco, e cada empresa e profissional ajusta qual a parcela cada um ganhará na transação. O artigo 728 do código civil brasileiro especifica que, quando há a participação de mais de um corretor no negócio, a remuneração é dividida em partes iguais, salvo ajuste entre ambos.

Uma nova oportunidade

Dado o custo-benefício que a profissão apresenta, é muito comum encontrar no ramo uma grande faixa de pessoas que exerciam atividades completamente diferentes anteriormente. Advogados, arquitetos, engenheiros, administradores e até médicos acabam ingressando na área, talvez por uma desilusão no primeiro ofício e a chance de um ofício lucrativo. “Hoje, 78% dos corretores de imóveis do Conselho vêm de outras áreas”, aponta o presidente do CRECI.

Fonte: Jornal Carreira & Sucesso

Um comentário:

  1. Tenho notado uma grande frequência de aposentados que decidem trabalhar de forma autônoma como corretores, a fim de complementar a renda. Como eles já possuem a aposentadoria garantida, o que vier a mais é lucro. Uma vez que trabalhar por conta é sempre um risco...

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