sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Quando não há problema em alguém gastar mais do que ganha

Estratégias simples de planejamento podem impedir que sua conta fique no vermelho, dizem especialistas

Gabriela Ruic, de EXAME.com

São Paulo - A regra número 1 para manter o orçamento familiar sob controle é não gastar mais do que ganha. A máxima vale tanto para quem ganha 1.000 quanto para quem tem renda de 1 milhão de reais por mês (clique aqui e entenda como o ator Nicolas Cage gastou toda sua fortuna mesmo cobrando cachês milionários).

Mas existem algumas situações em que estourar o orçamento não necessariamente deve se tornar um martírio. Desde que isso seja feito de maneira organizada e planejada, não levará você a se atolar em dívidas. É lógico que o ideal é que se viva com gastos menores que os ganhos sempre. No entanto, direcionar um pouco mais que a renda pode ser inevitável em algumas fases de sua vida, principalmente em casos de uma reforma ou a construção de uma casa ou para se investir mais na própria empresa. "Cada um deve fazer uso do seu próprio bom senso para avaliar se é hora de gastar mais que o orçamento permite", explica a consultora financeira Evanilda Rocha.

A regra é que o endividamento tem de valer a pena. Um grande problema é que as pessoas têm o costume de entrar no vermelho por conta do consumo exacerbado - e não por uma necessidade real. Para o planejador financeiro Álvaro Dias, viagens ou trocas de um carro por outro são exemplos de gastos que poderiam ser adiados para um momento de fartura de dinheiro.

Sem planejamento, o que era para ser um endividamento por um curto espaço de tempo impede o fechamento das contas do mês no azul. A única saída, então, torna-se a busca por linhas de crédito que podem embutir taxas de juros altas demais.

"Tem que avaliar o motivo do endividamento. Um curso que possa trazer vantagens profissionais, o financiamento de um novo imóvel ou mesmo um carro novo que possa trazer benefícios profissionais são motivos justificáveis para uma dívida", afirma Dias. A regra, no entanto, é sempre economizar e pagar à vista, diz ele.

Respeitar determinados limites de gastos também é recomendável. Segundo Álvaro Dias, qualquer endividamento que comprometa mais que 40% do orçamento é prejudicial e arriscado para as finanças.


Planejamento e organização

Existem, sim, estratégias para entrar no vermelho sem que sua vida se torne um inferno. "O primeiro passo é fazer um orçamento onde conste o que entra, o que sai e o saldo, com todas as despesas", aconselha Evanilda. Planejar e pensar com antecedência são dicas importantes para quem pretende se programar para gastar um pouco mais durante alguns meses.

Eventualidades acontecem e, por isso, o melhor caminho para lidar com as adversidades financeiras é buscar linhas de crédito com o menor custo financeiro possível. Evite financiamentos que podem se transformar em uma bola de neve, como o cheque especial e o cartão de crédito.

Walter Malieni, diretor de crédito do Banco do Brasil, diz que, na dúvida, alongue os prazos de pagamento das parcelas do empréstimo o máximo possível. O pior cenário, segundo ele, é não ter dinheiro para pagar suas dívidas. Nesse caso, tomar um novo empréstimo se tornará difícil e dependerá da tolerância a juros altos. "Prazos muito curtos podem obrigar o tomador a ficar inadimplente. Nesse caso, as taxas de juros se tornarão ainda piores", diz ele.

"As melhores linhas de crédito dependem de uma série de variáveis, como a renda mensal, por exemplo. Portanto, sugiro procurar por prazos e taxas que comprometam o mínimo possível do capital que se tem disponível", explica o diretor.

No caso das pessoas físicas, o diretor considera que o maior questionamento dos clientes é com relação ao valor total dos empréstimos e financiamentos. Entretanto, as pessoas devem, além disso, analisar qual será o nível de comprometimento da renda mensal do indivíduo, que, no fim das contas, é a sua estabilidade financeira. "Equalizar a vida financeira permite que a pessoa realize expectativas futuras no presente, de maneira saudável e sem grandes problemas", termina Malieni.


Aposentadoria

Um caso em que a maioria das pessoas se vê obrigada a gastar mais do que ganha é durante a aposentadoria. Em entrevista à revista Bloomberg Businessweek, William Bernstein, um dos maiores gurus de investimentos pessoais dos Estados Unidos, disse que isso não é necessariamente ruim.

Para Bernstein, se a pessoa souber queimar as reservas aos poucos, poderá ter dinheiro até o final da vida. Se alguém aposentar-se aos 60 anos e gastar anualmente 2% do que acumulou, pode ficar tranqüilo que não lhe faltará dinheiro. Se os gastos alcançarem 3%, provavelmente também estará a salvo. Caso o percentual chegue a 4%, há riscos reais de faltar dinheiro na velhice. E com 5%, a longevidade seguramente virá acompanhada de problemas. No caso de alguém que já tenha 70 anos, como a expectativa de vida extra será menor, é possível acrescentar de 1 a 1,5 ponto percentual a todos esses números.

Fonte: Portal Exame

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