Estratégias simples de planejamento podem impedir que sua conta fique no vermelho, dizem especialistas
Gabriela Ruic, de EXAME.com
São Paulo - A regra número 1 para manter o orçamento familiar sob controle é não gastar mais do que ganha. A máxima vale tanto para quem ganha 1.000 quanto para quem tem renda de 1 milhão de reais por mês (clique aqui e entenda como o ator Nicolas Cage gastou toda sua fortuna mesmo cobrando cachês milionários).
Mas existem algumas situações em que estourar o orçamento não necessariamente deve se tornar um martírio. Desde que isso seja feito de maneira organizada e planejada, não levará você a se atolar em dívidas. É lógico que o ideal é que se viva com gastos menores que os ganhos sempre. No entanto, direcionar um pouco mais que a renda pode ser inevitável em algumas fases de sua vida, principalmente em casos de uma reforma ou a construção de uma casa ou para se investir mais na própria empresa. "Cada um deve fazer uso do seu próprio bom senso para avaliar se é hora de gastar mais que o orçamento permite", explica a consultora financeira Evanilda Rocha.
A regra é que o endividamento tem de valer a pena. Um grande problema é que as pessoas têm o costume de entrar no vermelho por conta do consumo exacerbado - e não por uma necessidade real. Para o planejador financeiro Álvaro Dias, viagens ou trocas de um carro por outro são exemplos de gastos que poderiam ser adiados para um momento de fartura de dinheiro.
Sem planejamento, o que era para ser um endividamento por um curto espaço de tempo impede o fechamento das contas do mês no azul. A única saída, então, torna-se a busca por linhas de crédito que podem embutir taxas de juros altas demais.
"Tem que avaliar o motivo do endividamento. Um curso que possa trazer vantagens profissionais, o financiamento de um novo imóvel ou mesmo um carro novo que possa trazer benefícios profissionais são motivos justificáveis para uma dívida", afirma Dias. A regra, no entanto, é sempre economizar e pagar à vista, diz ele.
Respeitar determinados limites de gastos também é recomendável. Segundo Álvaro Dias, qualquer endividamento que comprometa mais que 40% do orçamento é prejudicial e arriscado para as finanças.
Planejamento e organização
Existem, sim, estratégias para entrar no vermelho sem que sua vida se torne um inferno. "O primeiro passo é fazer um orçamento onde conste o que entra, o que sai e o saldo, com todas as despesas", aconselha Evanilda. Planejar e pensar com antecedência são dicas importantes para quem pretende se programar para gastar um pouco mais durante alguns meses.
Eventualidades acontecem e, por isso, o melhor caminho para lidar com as adversidades financeiras é buscar linhas de crédito com o menor custo financeiro possível. Evite financiamentos que podem se transformar em uma bola de neve, como o cheque especial e o cartão de crédito.
Walter Malieni, diretor de crédito do Banco do Brasil, diz que, na dúvida, alongue os prazos de pagamento das parcelas do empréstimo o máximo possível. O pior cenário, segundo ele, é não ter dinheiro para pagar suas dívidas. Nesse caso, tomar um novo empréstimo se tornará difícil e dependerá da tolerância a juros altos. "Prazos muito curtos podem obrigar o tomador a ficar inadimplente. Nesse caso, as taxas de juros se tornarão ainda piores", diz ele.
"As melhores linhas de crédito dependem de uma série de variáveis, como a renda mensal, por exemplo. Portanto, sugiro procurar por prazos e taxas que comprometam o mínimo possível do capital que se tem disponível", explica o diretor.
No caso das pessoas físicas, o diretor considera que o maior questionamento dos clientes é com relação ao valor total dos empréstimos e financiamentos. Entretanto, as pessoas devem, além disso, analisar qual será o nível de comprometimento da renda mensal do indivíduo, que, no fim das contas, é a sua estabilidade financeira. "Equalizar a vida financeira permite que a pessoa realize expectativas futuras no presente, de maneira saudável e sem grandes problemas", termina Malieni.
Aposentadoria
Um caso em que a maioria das pessoas se vê obrigada a gastar mais do que ganha é durante a aposentadoria. Em entrevista à revista Bloomberg Businessweek, William Bernstein, um dos maiores gurus de investimentos pessoais dos Estados Unidos, disse que isso não é necessariamente ruim.
Para Bernstein, se a pessoa souber queimar as reservas aos poucos, poderá ter dinheiro até o final da vida. Se alguém aposentar-se aos 60 anos e gastar anualmente 2% do que acumulou, pode ficar tranqüilo que não lhe faltará dinheiro. Se os gastos alcançarem 3%, provavelmente também estará a salvo. Caso o percentual chegue a 4%, há riscos reais de faltar dinheiro na velhice. E com 5%, a longevidade seguramente virá acompanhada de problemas. No caso de alguém que já tenha 70 anos, como a expectativa de vida extra será menor, é possível acrescentar de 1 a 1,5 ponto percentual a todos esses números.
Fonte: Portal Exame
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