sexta-feira, 3 de setembro de 2010

16º Congresso Internacional de Educação a Distância

Confira a cobertura completa do evento realizado em Foz do Iguaçu
Por Larissa Leiros Baroni, de Foz do Iguaçu (PR)

Ainda que universidades não sejam inclusivas, o esforço pela transformação dos processos tanto no ensino presencial como a distância é evidente. Essa foi a conclusão da mesa redonda sobre Estratégias de Inclusão em EAD, que integrou a programação do 16º Congresso Internacional de Educação a Distância, realizado em Foz do Iguaçu, no Paraná.

As mudanças, segundo Maria do Carmo Menicucci de Oliveira, da PUC Minas (Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais), são impulsionadas pela legislação e pela manifestação dos movimentos sociais. "Além disso, aumenta o número dos estudantes com necessidades especiais com acesso ao Ensino Superior. Processo que tem rompido a história de vida dessas pessoas, que sempre foi marcada pela exclusão", completa a professora. Com a procura, as instituições de ensino são obrigadas a atender esses alunos.

- Número de estudantes em EAD reduz cerca de 50%

Após anos de expansão, número de estudantes no sistema de educação a distância no Brasil reduz cerca de 50%. Enquanto em 2008 foram registrados 1.075.272 alunos, em 2009, foram contabilizadas 528.320 matrículas. Os dados são do CensoEAD.br 2009 - Relatório analítico da aprendizagem a distância no Brasil, organizado pela ABED (Associação Brasileira de Educação a Distância) e lançado nesta quinta-feira, 2 de setembro, durante o 16º Congresso Internacional de Educação a Distância, em Foz do Iguaçu, no Paraná.

Segundo Angela Pizzo, professora da UNIP (Universidade Paulista), a pesquisa foi realizada com mais de 50% da oferta real de cursos. "Proporção que possibilita que os dados sejam extensíveis ao cenário brasileiro da EAD", garante ela. Representatividade que também é destacada por Patrícia Lupion Torres, diretora da área de Educação da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná). "Os números dos CensoEAD.br, até na edição passada, se aproximavam dos índices oficiais. A expectativa é que o mesmo aconteça nessa edição", diz a professora.

- IES ainda desconhecem normas da EAD

O desconhecimento do arcabouço legal foi apontado por Hélio Chaves, diretor da SEED/MEC (Secretaria de Ensino a Distancia do Ministério da Educação), como principal motivo da inadequação de cursos de educação a distância nos processos de regulação e supervisão. Segundo ele, mesmo as regras sendo bem específicas e pontuais, é comum ver instituições com falta de infraestrutura básica, que não investem na avaliação de docentes e discentes e, principalmente, mantém número insuficiente de professores. Problema que também afeta a qualidade da produção dos materiais didáticos.

Ele orienta que os gestores façam a leitura não só da LDB (Lei de Diretrizes e Bases), mas também dos decretos 5.622/05 e 5.773/06, com a redação do decreto 6.303/07. As leituras também devem incluir os referenciais de qualidade da educação a distância, os instrumentos de avaliação específico para a EAD e a Lei do SINAES (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior). "Não adianta ler apenas aquele artigo mais divulgado. É preciso ter conhecimento de todos os amparos legais do setor antes mesmo de pensar em construir um programa a distância", enfatiza o diretor do SEED.

- Evasão em EAD é menor do que em cursos presenciais

Evasão na modalidade a distância é menor do que a do ensino presencial. Enquanto 18, 5% dos alunos que ingressam nos cursos de EAD não concluem a graduação, o índice da desistência nos programas presenciais das instituições privadas é de 19,1%. Os dados foram apresentados durante o 16º Congresso Internacional de Educação a Distância, na tarde desta quarta-feira, 1° de setembro, em Foz do Iguaçu, no Paraná. O evento será realizado até 3 de setembro.

Ainda que os números da EAD sejam favoráveis se comparados ao panorama da educação presencial, Bruno Jorge, assessor de diretoria do Cesumar (Centro Universitário de Maringá), afirma que o índice de evasão tem acompanhado o crescimento do setor. Segundo o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), em 2008, 430.259 estudantes ingressaram em programas de educação a distância, mas apenas 70.068 se graduaram. Em 2002, a proporção era de 20.685 ingressos para 1.712 concluintes.

- Redes sociais em debates

Com crescimento das redes sociais, tema ganha destaque no 16º Congresso Internacional de Educação a Distância, em Foz do Iguaçu, no Paraná. Ainda que a comunidade acadêmica reconheça o potencial dessas ferramentas, práticas que aproximam a tendência tecnológica aos processos pedagógicos da educação a distância ainda não são expressivas.

Na opinião de Patrícia Lupion Torres, diretora da área de Educação da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná), as instituições estão mais abertas para recorrer às redes sociais - Orkut, Facebook, Twitter - principalmente para intensificar seus processos de marketing. Falta, no entanto, segundo ela, explorar o potencial dessas ferramentas no processo pedagógico. "A maioria dos professores são imigrantes digitais, por isso ainda não estão totalmente adaptados com as novidades tecnológicas", afirma ela.
- Faltam docentes qualificados para EAD, diz secretário

Faltam profissionais qualificados para atender à demanda de crescimento da EAD no Brasil. Foi o que disse Carlos Eduardo Bielschowsky, secretário de educação a distância do MEC (Ministério da Educação), durante a primeira sessão plenária do 16º Congresso Internacional de Educação a Distância, realizada na manhã desta quarta-feira, 1º de setembro, em Foz do Iguaçu, no Paraná.

O investimento em mão de obra qualificada, segundo ele, é essencial para garantir a qualidade dos cursos oferecidos na modalidade a distância. Ainda que a importância seja reconhecida pela comunidade acadêmica, Bielschowsky afirma que são poucas as instituições de Ensino que priorizam essa prática. "Para fazer educação a distância é preciso gastar. Não dá para cobrar mensalidade de R$ 100 e, ao mesmo tempo, assegurar a qualidade do Ensino", garante o secretário, que aponta a contratação de recursos humanos como um dos itens mais caros do processo. "EAD tem docência. É inevitável pensar em um sistema de Ensino sem a figura de um professor, mesmo que a distância".

Serviço:

16º Congresso Internacional ABED de Educação a Distância
Local: Mabu Thermas e Resort, em Foz do Iguaçu
Data: De 31 de agosto a 3 de setembro
Informações: http://www.abed.org.br/

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente livremente, mas sem abusar do critério da livre escolha de palavras. Assuntos pessoais poderão ser excluídos. Mantenha-se analítico e detenha-se ao aspecto profissional do assunto em pauta.