quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Adesão de artistas e celebridades às campanhas é baixa, se comparada a outros pleitos

RIO - O vasto cardápio de cantores, jogadores de futebol e subcelebridades que aparece no horário eleitoral pedindo votos para candidaturas ao legislativo pode camuflar a constatação, mas é baixa, comparada a outros pleitos, a adesão da classe artística à campanha presidencial deste ano. Na noite de segunda-feira, Marina Silva (PV) reuniu-se com artistas num teatro do Leblon , cumprindo o rito de todo presidenciável. O pequeno número de rostos conhecidos na plateia era sintoma deste distanciamento - e a candidata do PV é provavelmente a que tem o maior elenco de famosos como apoiadores.

- As campanhas estão dominadas pelo marketing, há pouca proposta concreta. Acho que isso desmotiva as pessoas, e os artistas também - opina o ator Marcos Palmeira, que apóia Marina Silva.

- Pode ser receio de uma decepção. Acho que pode ter ficado um trauma desde a época de quem apoiou o Collor. Aquilo foi um mico, né? - disse a atriz Priscilla Rozenbaum, que, acompanhada do marido e autor teatral Domingos Oliveira, esteve no encontro com Marina, mas, prudente, frisou que foi ao Teatro Leblon "apenas para ouvir, não estou apoiando a candidatura".

Depois do insucesso eleitoral de 2002, quando apostou no impacto de declarações fortes da atriz Regina Duarte em seu programa de TV, José Serra (PSDB) conta neste ano com poucos correligionários-artistas. O ator Carlos Vereza, o poeta Ferreira Gullar e a atriz Rosamaria Murtinho são alguns dos que declararam apoio ao tucano.

Com o presidente Lula como maior cabo eleitoral e com popularidade digna de popstar, o palanque de Dilma Roussef (PT) também tem atraído poucos famosos. A cantora Alcione gravou um vídeo de apoio exibido no site da candidata, que conta também com a presumível adesão de artistas tradicionalmente ligados ao PT, como os músicos Chico Buarque e Wagner Tiso e o ator Paulo Betti, entre outros.

Mas a candidatura do partido de Lula perdeu nesta eleição alguns petistas históricos da classe artística. A atriz Letícia Sabatella, outrora militante de campanhas do PT, esteve no encontro com Marina. Embora tenha se esquivado de declarar voto na candidata verde, deixou clara sua preferência ao dizer que deseja ver Marina eleita.

- Seria uma continuidade maravilhosa de Lula - disse a atriz.

O ator Marcos Winter, engajado em pleitos passados nas campanhas de Lula, foi outro que este ano deixou o PT para apoiar Marina.

- Talvez alguns (da classe artística) tenham medo de vincular suas imagens a alguns valores, a alguns candidatos - analisa Winter.

Alheia à polarização entre petistas e tucanos - cujo clima de Fla-Flu faz com que alguns artistas evitem declarações públicas de apoio para fugir da patrulha -, Marina Silva é a que renuiu mais artistas. Na MPB, por exemplo, conta com o voto declarado de Maria Bethânia, Lenine e Adriana Calcanhoto.

Numa eleição marcada mais pelo distanciamento dos artistas da campanha do que por um engajamento, não se pode nem dizer que Marina é a queridinha da classe. Na segunda, o Teatro Leblon não chegou a lotar.

À saída do encontro, Marina prometeu criar um Fundo Nacional de Cultura que renderia ao setor anualmente o mesmo que a Lei Rouanet (R$ 1 bilhão), mas disse que ainda precisa "aprofundar a proposta" para viabilizá-la.

Fonte: O Globo

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente livremente, mas sem abusar do critério da livre escolha de palavras. Assuntos pessoais poderão ser excluídos. Mantenha-se analítico e detenha-se ao aspecto profissional do assunto em pauta.