domingo, 3 de outubro de 2010

Maria Rita Gramigna: Diretora do Instituto de Gestão de Pessoas (IGP)

Maiara Tortorette

Diretora do Instituto de Gestão de Pessoas (IGP) e idealizadora da metodologia de Jogos de Empresas, Maria Rita Gramigna já publicou diversos livros e atua como consultora e palestrante desde a década de 90.

Em entrevista ao Carreira & Sucesso, a executiva conta como ingressou na área de gestão de pessoas, quais os principais desafios do RH nos dias de hoje, e ainda fala sobre a importância da gestão por competências, assunto de maior demanda pelas empresas em suas palestras.

Confira!

- Conte-nos sobre sua formação.

Sou graduada em pedagogia, com especialização em Orientação vocacional. Na década de 80 migrei para a área organizacional e completei minha formação com uma pós-graduação em Administração de Recursos Humanos e um Mestrado em Criatividade Aplicada às Organizações.

- Conte-nos sobre sua trajetória profissional. Como ingressou na área de gestão de pessoas?

A oportunidade de ingressar na área de gestão de pessoas surgiu em 1981, quando uma empresa abriu vaga para Pedagoga, cuja função era dinamizar o programa de desenvolvimento gerencial vigente (que era muito acadêmico). Fui selecionada para a função e esta empresa investiu na minha formação complementar para que eu pudesse cumprir esta missão. Nesta organização, atuei como instrutora de treinamento, consultora interna e coordenadora de projetos durante 16 anos.

Em 1986 tive meu primeiro contato com os jogos de empresa e organizei ferramentas para uso em treinamento, avaliação de potencial e outros programas da área de RH. A partir de então, começaram os convites de empresas para a realização de palestras, relato de experiências e repasse da metodologia.

Iniciei uma jornada paralela onde trabalhava, ministrando cursos abertos (que tiveram bastante aceitação no mercado) e comecei a registrar estas experiências, escrever artigos e conceder entrevistas para a mídia em geral. Participei de congressos nacionais expondo e oferecendo oficinas de jogos e em 1993, decidi encarar de vez o mercado e criei, junto ao meu marido, a MRG Consultoria e Treinamento, que posteriormente se tornou o IGP - Instituto de Gestão de Pessoas, onde sou diretora atualmente.

- Como foi a fundação do Instituto de Gestão de Pessoas? Qual o foco do Instituto?

O IGP - Instituto de Gestão de Pessoas foi fundado em 2007 dando continuidade ao trabalho desenvolvido na MRG. Nossa visão foi ampliar a atuação para novos mercados de serviços.

Atualmente o Instituto tem como principal foco o projeto de Gestão por Competências, cuja metodologia foi desenvolvida, passo a passo, desde 1997.

Composto por diversos blocos (consultoria, assessoria, capacitação e identificação de competências) atuamos junto a diversas empresas privadas e públicas, de porte variado.

- O que mudou nesta passagem da Consultoria para o Instituto?

Nossa maior mudança foi direcionar as ações para o projeto-alvo de competências e garantir um serviço de maior qualidade e excelência aos nossos clientes. O Instituto também tem como objetivo disseminar conhecimento. Para tal, estamos nos organizando para oferecer eventos abertos sobre temas referenciais na gestão de pessoas. E, além disso, pretendemos entrar no mercado de educação empresarial em 2011.

- Além de diretora-presidente do IGP você também atua como educadora e consultora. Quais os principais desafios deste trabalho? Como é possível relacionar a gestão de pessoas a estas funções?

Atuo no IGP como diretora técnica e minha função é pesquisar inovações da área, criar novos serviços, capacitar consultores internos para atendimento a clientes e divulgar nosso trabalho por meio de artigos, palestras e participação na mídia em geral. Sendo assim, devido a esta exposição no mercado, sou constantemente convidada para executar muitos de nossos programas. Realmente é um desafio e tanto alternar os papéis de gestão e execução, entretanto são duas funções gratificantes e os resultados me estimulam a seguir em frente, superando os obstáculos. Quando a demanda é muito grande, aciono nossos consultores associados que prontamente se colocam disponíveis e atendem de forma excelente as nossas expectativas e as dos clientes. É sempre bom contar com pessoas competentes a nossa volta.

- Você já escreveu diversos livros, entre eles Jogos de Empresa, que foi uma metodologia que você idealizou. Como isso funciona dentro das organizações? Quais os resultados que podemos destacar?

O jogo de empresa já existe há bastante tempo. Foi usado pela primeira vez na década de 50, nos Estados Unidos, espelhado nas simulações de guerra em tabuleiros (estratégia dos exércitos, durante a segunda guerra). A idéia migrou para a área financeira em que os tabuleiros simulavam mercados e o jogo foi usado com outra finalidade: desenvolver competências nesta área.

No Brasil, o jogo de empresa surgiu na década de 80 e quando tive o contato com esta técnica percebi que poderia organizar uma metodologia e sistematizar seu uso. A prática como instrutora de treinamento permitiu que esta meta fosse concluída e o resultado desta experiência foi transcrito em meus livros, cujo primeiro editei em 1993. Daí para frente, as edições foram atualizadas (sendo a última em 2007).

Dentro das organizações, o jogo de empresa é usado como ferramenta para: desenvolvimento de lideranças e equipes, seleção de pessoal, formação do banco de potencial interno, integração de áreas, treinamento para funções variadas, reforço de temas e competências, enfim, para cada situação pode existir um jogo que apóia as decisões.

A principal vantagem do jogo sobre outras ferramentas é a possibilidade de reproduzir o ambiente empresarial em um palco simulado onde os participantes decidem em tempo real, montam suas estratégias, planejam, criam produtos e serviços e perseguem metas. Independente dos resultados alcançados, não há sanções reais. Esta possibilidade permite a experimentação. A prática simulada acelera o aprendizado: erros e acertos são levados em consideração. Além disto, a maneira como trabalho os jogos, forma um ambiente criativo e lúdico, envolvendo as pessoas e estabelecendo um clima motivacional e participativo.

- Quais os principais desafios do RH nos dias de hoje?

Acredito que o maior desafio é encontrar formas para entrar no universo de nossos clientes: conhecer suas necessidades, estabelecer parcerias duradouras, apoiá-los e colaborar no processo de desenvolvimento das pessoas e, principalmente, ser um fornecedor de soluções. O contato direto, o saber ouvir e interpretar demandas e a capacidade de identificar soluções são essenciais para o profissional de RH obter sucesso em sua função.

- Você desenvolveu muitos projetos e ministra palestras para grandes empresas. Quais os temas mais demandados? O que é mais escasso nas organizações nos dias de hoje?

Hoje o que as empresas mais buscam são soluções estratégicas para a gestão de pessoas, que vão desde a necessidade de formação e desenvolvimento de lideranças e equipes, até a busca de ferramentas e instrumentos de avaliação de competências para apoio às decisões gerenciais.

Tenho realizado inúmeras palestras sobre Gestão por Competências e já percebo um grande avanço nestes 13 anos (em que atuo com o projeto). A maioria das empresas já adota o modelo de competências. Algumas estão mais à frente, outras iniciando a caminhada.

Em resumo: o tema mais demandado hoje ainda é a gestão por competências. O que está mais escasso, na minha percepção, é a implantação de programas sistematizados de avaliação de competências interligados à sucessão. Projetos de sucessão têm como grande ponto positivo a identificação de talentos e o estímulo à permanência das pessoas nas organizações.

- Com uma carreira consolidada e repleta de conquistas, existe algum sonho que ainda não foi realizado?

Na minha carreira, algumas conquistas vieram por acaso (sorte, talvez). A maioria delas, entretanto, foi resultado do esforço pessoal ao perseguir metas, traçar objetivos e caminhar obedecendo a máxima: um passo de cada vez.

Neste momento, minha meta é ampliar meus conhecimentos e meu principal sonho é transformar o Instituto de Gestão de Pessoas em um centro de referência nacional. Tenho muita estrada a percorrer.

- Que recado daria para os profissionais de RH?

Persigam o desenvolvimento com criatividade. Desenvolver é minha palavra-guia. Significa "sair do invólucro" (des-envolver). Meu recado aos jovens profissionais é e sempre será: ousem, inovem, saiam do invólucro, adotem o desapego cuidando de deixar um espaço para o conhecimento, a informação. Nosso copo nunca pode estar cheio. Acreditem, sempre temos algo a aprender com alguém e algo a ensinar.

Fonte: Jornal Carreira & Sucesso

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