quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Câmbio reduz em até 18% custos de cursos de idioma e aperfeiçoamento profissional no exterior

Bruno Villas Bôas

RIO - Mariana Coelho, de 22 anos, estudante de publicidade, aproveitou a queda do dólar para acertar seu curso de inglês e de extensão de um ano na Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. A viagem vem sendo planejada há meses, mas o derretimento da moeda foi fundamental na tomada de decisão. Ela calcula que a queda do dólar barateou em mais de R$ 3 mil sua formação no exterior.

- O dólar ajudou muito. Minha mãe está louca para pagar a viagem de uma só vez por causa da queda no preço. Os EUA ficaram mais em conta do que a Inglaterra, que também era uma possibilidade - diz Mariana.

Como Mariana, milhares de estudantes e profissionais estão sendo beneficiados pelo dólar mais barato para aprender ou se aprimorar em uma língua estrangeira ou fazer especialização. Os preços, em alguns casos, chegaram a cair 18% em reais. A moeda americana está no menor patamar em dois anos e nada parece conter seu derretimento.

Na última sexta-feira, o dólar comercial (usado nas operações entre bancos e no comércio exterior) fechou cotado a R$ 1,666, acumulando uma queda de 4,3% desde 30 de dezembro de 2009. O dólar turismo (moeda comprada e vendida nos meios oficiais) acumulou recuo de 6% no mesmo período, para R$ 1,74 na última sexta-feira.

Curso de inglês nos EUA fica R$ 2 mil mais barato

Santuza Bicalho, vice-presidente da Student Travel Bureau (STB), especializada em turismo jovem, afirma que a economia com a queda do dólar pode chegar a R$ 2 mil em um curso de duas semanas, incluindo passagem aérea, acomodação em casa de família e o curso, além dos gastos diários. Esse pacote fica em torno de US$ 5.500 nos EUA, equivalente a R$ 9 mil pela cotação atual. Com o dólar no patamar de R$ 2, a viagem custava R$ 11 mil. Ou seja, houve um recuo de 18%.

- O dólar é um fator importante no intercâmbio. Além de cursos mais baratos, existe o impacto positivo no custo de vida para quem vai morar no exterior - explica Santuza.

Para o professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) Fabio Gallo Garcia, autor do livro "Como planejar a educação", a queda do dólar beneficia quem planeja uma viagem mais curta, como um curso de línguas de quatro semanas. Para quem pretende fazer uma viagem mais longa, de meses ou anos, a moeda deve ser apenas um componente no planejamento, que deve começar um ano antes.

- Fora a burocracia de vistos, viagens mais longas exigem planejamento, ainda mais com a volatilidade do dólar. Estamos em meio a uma guerra cambial - explica o especialista.

Os MBAs mais caros ficam nos Estados Unidos. Na Universidade de Berkley, na Califórnia, um MBA pode chegar a US$ 90 mil. Os mais baratos ficam na Inglaterra. Na Universidade de Leeds, custa cerca de US$ 20 mil. Se seguir o que recomenda o consulado britânico, esse custo em reais, com hospedagem, chegaria a R$ 50 mil. Isso ainda sem passagem e outros gastos.

- Os valores dos MBAs muitas vezes são equivalentes a uma pós-graduação em faculdade ou fundação no Brasil - explica Ana Beatriz Faulhaber, dona da agência CP4, especializada em consultorias em cursos no exterior.

Procura sobe 30% nas agências de cursos

Mais barato, um curso de línguas com duração de quatro semanas no Canadá custa a partir de US$ 1.500 (cerca de R$ 2.500), incluindo a acomodação. Na Inglaterra, o valor começa em US$ 4.800 (R$ 8 mil), também com acomodação.

Garcia, da FGV, sugere calcular o custo total da viagem e programar uma economia mensal. O economista recomenda aplicar o dinheiro em renda fixa (como títulos do Tesouro) ou caderneta de poupança. Nada de risco, como ações. A moeda deve ser comprada aos poucos, aproveitando os períodos de baixa da cotação do dólar.

Com a queda do dólar, a procura pelos cursos aumentou. Na STB, houve um acréscimo de 30% na demanda este mês, em relação ao mesmo período de 2009. Uma loja do grupo que recebia cerca de 700 pessoas por mês passou a receber 900.

Fonte: O Globo

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