sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Opções Reais aplicada a um pequeno negócio

Há muitas opções ao longo do caminho. Cabe ao empreendedor investir em análise e contar com a ajuda de uma assessoria externa pode ser a diferença entre o sucesso e o fracasso.

Por Pedro Paulo Bramont

Por menor que seja um empreendimento, é fundamental que se analise o máximo possível de opções – tanto para aproveitar ventos favoráveis como se proteger de tempestades ao longo do caminho.

Deve-se lembrar sempre que as opções não apenas pintam – a gente as cria também!

Em nosso último ensaio, mostramos a aplicação da Teoria das Opções Reais à vida pessoal. Agora, vamos voltar aos negócios – back to business!

Um estudo de caso

Vamos supor um ex-assalariado que acaba de sair do emprego, depois de muitos anos de serviço. Ele embolsa uma gorda verba indenizatória. Tem uma ideia: iniciar um empreendimento, um negócio próprio. Quer ter um pouco (terá muita!) de adrenalina em sua vida!

Ele faz uma auto-análise, revê suas habilidades e competências e pensa em alguns possíveis negócios que lhe atraiam.

Sai à procura de uma das agências do Sebrae, se informa sobre o que está rolando em termos de negócios, questões tributárias, trabalhistas e assim por diante.

Voltando para casa, de posse de todas essas informações, medita e pensa na ideia de montar uma padaria. Começa a se informar sobre como é o funcionamento de uma padaria – do ponto de vista do empresário, já que do ponto de vista de cliente ele já sabe!

Nesse momento, nosso herói está como mostrado na figura seguinte.

Conversa aqui, conversa dali, procura, com a patroa (sua mulher), um local que seja perto de sua casa, que não tenha padaria e tenha um mercado potencial em volta.

Por meio de amigos, consegue marcar uma entrevista com um empresário do ramo, de sucesso (claro!) e que já está no metier há muito tempo. Para essa entrevista, nosso candidato a empresário leva uma série de anotações previamente feitas – assim, a entrevista será mais produtiva e demandará menos tempo do entrevistado (afinal, ele tem um negócio a cuidar! Risos).

Assim como Deus não fez o mundo em um dia nem de uma vez só, nosso candidato a empresário sabe que seu empreendimento não funcionará assim, de uma hora para outra – ele sabe que terá de ir, como se diz por aí, por partes!

E como sonhar não custa nada, ele pode até sonhar com uma rede de padarias.

Mas, até chegar lá, muitos passos e decisões terão de ser dados – haverá muitas opções no caminho: tanto opções que ele mesmo poderá antever, como outras aparecerão com o desenrolar dos acontecimentos na conjuntura econômica, no setor e até mesmo no seu plano pessoal.

Na figura abaixo, já podemos ver várias opções iniciais em seu negócio, desde uma estrutura a mais enxuta possível (produção terceirizada dos pães, poucos estandes de produtos) até a configuração mais completa da padaria (produção própria de pães, salgadinhos, doces, balcão para lanches rápidos e até uma televisão de cachorro – assadeira de frangos).

No caso da produção terceirizada dos pães (compra de pães fresquinhos de outra padaria), podemos ter uma situação de ganha-ganha: nosso empresário não precisa investir no forno de início, no pessoal para produção nem capital de giro para os insumos. E o fornecedor (outra padaria) aumenta seu faturamento pela venda adicional de pães. (Aqui é importante perceber que esse fornecedor não pode estar situado muito longe, de forma que inviabilize a entrega, nem tão perto a ponto de ser concorrente de nosso empresário.)

Claro que – após um certo período – dando certo as coisas, nosso empresário avaliará a opção de fazer o investimento no forno, para produção própria. Mas aí o fará com mais segurança, já que terá adquirido experiência na gestão de seu empreendimento.

Depois de “n” anos, ao alcançar o sucesso (figura a seguir), nosso empresário pode voar mais alto, expandindo o negócio (por exemplo, iniciando uma rede de padarias) ou até mesmo vender o empreendimento, embolsando uma gorda verba (de novo! Risos) – podendo, inclusive, partir para um outro negócio.

Note que, em cada ponto de decisão, nosso empresário terá de fazer uma estimativa da rentabilidade (envolvendo valor presente líquido, por exemplo). Esses cálculos nunca serão exatos, pois envolvem estimativas futuras – mas são fundamentais para o processo de decisão.

O papel fundamental da assessoria

O Sebrae é fantástico no apoio ao empreendedor, na fase inicial em que o empreendedor está meio “perdido”.

Mas, à medida que o empresário vai definindo melhor suas intenções (especialmente no momento crítico de decisões envolvendo investimentos) é importante a contratação de assessoria de gente que possa contribuir para decisões melhores.

Essa assessoria funciona como uma “segunda cabeça pensante”, proporcionado uma visão menos “apaixonada” do negócio – quem tem o espírito empreendedor tem um pouco de “jeitão sonhador”.

Isso é ótimo (jeitão sonhador), mas é importante ter um contrapeso, alguém com os pés no chão – principalmente no momento crítico de decisões envolvendo investimentos: há investimentos que são irreversíveis (sunk investiments).

Mas, por favor, pense nesse consultor/assessor – dedicado e focado – como a oportunidade de aumentar as chances de seu negócio dar certo: assim, pense como um investimento e, claro, aloque uma quantia para sua – do assessor – remuneração!

O empresário (e as pessoas, em geral) reluta em investir em ativos intangíveis (assessoria, software, treinamento), mas não reluta em investir em ativos tangíveis (mobília, computadores).

É aquela velha estória do empresário que tinha uma máquina cara com defeito: contratou um assessor que, após estudar o problema, trocou um único parafuso e mandou a conta de 1.000 reais.

O empresário, espantado com o preço do serviço versus sua aparente simplicidade, pediu – e obteve – uma nota fiscal descritiva do serviço: parafuso: 1 real; descobrir onde e qual parafuso com defeito: 999 reais!

O que não é razoável é o empresário querer a ajuda de um profissional de graça, sem pagar: afinal, o profissional vai dedicar tempo e esforço em prol do negócio do empresário.

Esse tipo de assessoria pode envolver vários aspectos: funcionar como uma espécie de brainstorm, fazer a análise econômica do projeto (inclusive com uma análise de sensibilidade – situações what to do if..), fazer uma análise do mercado e assim por diante.

Conclusão

Um negócio próprio é a oportunidade do ser humano alcançar um nível de realização pessoal muito grande. Exige uma dedicação integral, 24 horas por dia. E, como envolve um investimento grande, é importante que todo o processo de tomada de decisão seja muito bem pensado.

Há muitas opções ao longo do caminho – na realidade, elas são infinitas. Cabe ao empreendedor investir muito tempo de análise e, nesse processo, a ajuda de uma assessoria externa pode ser a diferença entre o sucesso e o fracasso de seu sonho!

Finalizando, um ditado e uma sugestão de leitura:

O ditado: “Nunca desista de seu sonho, se não consegue em uma padaria, procure em outra!”.

Fonte: WebInsider

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