Recuperação: Credores financeiros do Grupo Arantes nomeiam executivo destituído.

Credores trabalhistas e pecuaristas devem acionar o Ministério Público para decidir situação.

Credores financeiros aprovaram o nome de Aderbal Luiz Arantes Jr. como administrador judicial do grupo Arantes. O empresário foi destituído judicialmente, junto com o irmão Danilo Arantes, da direção do grupo por falta de transparência na prestação de informações sobre o plano de recuperação.

A decisão trouxe indignação aos credores trabalhistas e quirografários, que eram contrários ao retorno do executivo à administração do grupo. O advogado Sérgio Di Chiacchio, representante de um credor quirografário de Goiás e autor da proposta de formação de um comitê de credores, afirmou que a vitória da chapa de Aderbal demonstra impropriedade da lei. Segundo Chiacchio, vai ficar difícil receber o pagamento das dívidas após reconduzir à direção do grupo um dos proprietários responsáveis por levar a Arantes Alimentos à recuperação judicial e que, recentemente, foi destituído judicialmente.

Luiz Carlos Bortoleto, advogado representante do Frigorífico Rainha da Paz, disse que a própria lei de Recuperação de Empresas e Falências prevê que pessoas destituídas da direção da empresa em recuperação judicial, como ocorreu com Aderbal Arantes, são consideradas inabilitadas e não podem reassumir a gestão. Ele afirmou que vai levar a questão ao Ministério Público para que este opine sobre o processo.

Marcos da Rosa, representante de pecuaristas do Mato Grosso, lamentou a decisão "Vai voltar à mesmice. Perdemos tempo, dinheiro do bolso e mais uma vez nós viemos aqui manipulados pelo poder do dinheiro dos bancos, que deram 90% de aprovação da maneira que eles julgam ser a melhor para recuperar o dinheiro deles."

Independência

A justiça do trabalho de Nova Andradina,MS determinou que o Frigorífico Independência libere o FGTS, Fundo de Garantia por Tempo de Serviço e as guias para habilitação no programa seguro desemprego. De acordo com a decisão judicial, para evitar tumultos, o saque deve ser autorizado para, no máximo, 60 funcionários por dia. A Caixa Econômica Federal recebeu uma cópia da decisão, e deverá liberar os depósitos do fundo somente aos empregados demitidos e que entraram com ação coletiva.

Embora a diretoria do Frigorífico Independência argumente que fechou as portas de todas as unidades do país por dificuldades financeiras, a justiça do trabalho afirma que vai solicitar a penhora de bens do frigorífico e até mesmo dos sócios-proprietários, caso os pagamentos não sejam feitos.

O grupo Independência fechou a unidade de Nova Andradina e demitiu cerca de 800 funcionários no dia 16 de outubro. Os demitidos assinaram a rescisão mas não receberam os direitos trabalhistas. O sindicato comprovou em saldo no papel que a empresa já havia depositado o FGTS, mas só seria liberado mediante ação indenizatória.

Fonte: DBO