Ana Carla Poliseli
Há cerca de cinco meses, o preço da carne, principalmente bovina, vem tirando o sono de muitos consumidores. Com a chegada das festas de final de ano, o mercado que havia sofrido uma pequena retração no final de novembro e início de setembro volta a comemorar crescimento nas vendas. A propensão para comemorar o Natal e o ano novo com churrascos e bons cortes de carnes sobre a mesa faz dos brasileiros presas fáceis dos reajustes, mesmo que isso os obrigue a comprometer um pouco mais o orçamento doméstico e sacrificar outras despesas. Em um dos açougues de Campo Mourão a projeção é de alta de 20 a 25% na procura por carne. A cadeia prevê ainda que, passada esse bom momento, o consumo ainda será suficiente para justificar aumento na criação.
As donas de casa se assustaram com o custo da carne de boi em 2010, alguns cortes chegaram a dobrar de preço, segundo o Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral). Um dos motivos que provocou esse aumento foi a falta de boi no mercado. No boi a pasto, da cobertura ao frigorífico são quatro anos para que o animal esteja pronto para o abate e em 2006, o preço estava muito baixo. Na virada de 2006/2007 muitos produtores mandaram para o frigorífico as matrizes que iriam parir a safra de 2010. Analistas do setor indicam que de um modo geral, os agropecuaristas ganharam dinheiro em 2010.
Segundo Itacir José Marchioro, proprietário de um açougue, o preço foi subindo gradativamente. “Não foi de uma vez, mas desde que começou a alta, há cerca de cinco meses, o percentual de aumento ficou em 36%. O máximo que pagávamos era R$ 78,00, hoje pela mesma quantidade pagamos R$ 106,00”, comenta. Embora o mourãoense prefira comprar ao longo do ano principalmente carne de frango e bovina, a carne suína tem grandes chances de ocupar o posto de mais vendida no balanço das semanas de Natal e Ano Novo. “O que mais cresceu nos dias que antecederam o Natal foi a carne de porco e acredito que no Ano Novo isso vá se repetir”, comenta Marchioro.
Apesar da alta nas vendas, ele explica que em quantidade o açougue registrou queda em relação ao ano passado. “Como o preço subiu, em termos de arrecadação ficou igual ao ano passado, mas se olhar por quilo de carne vendida, tivemos uma queda sim”, explica. Na hora de decidir o que levar, segundo ele, muitas vezes a satisfação conta mais do que o preço. “Quem tem um poder aquisitivo de médio para cima, não mudou os hábitos. Quando quer comer churrasco, ele não quer outra coisa, é file, picanha. Agora quem tem menos poder de compra já está acostumado a fazer esses malabarismos e geralmente apela para o frango”, completa.
Outro fator que incentiva o consumo é que muitos recebem visitas no final do ano. Esse é o caso do autônomo José Bacetto. “O preço em casa diminuiu a quantidade de carne sim. Só estou levando hoje porque vamos ter parente em casa. Com esses preços é difícil fazer ceia”, finaliza.
Fonte: Tribuna do Interior
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