O presente artigo foi publicado na Revista Conjectura, Volume 15, Número 3, Set. / Dez. 2010. O artigo versa sobre a educação à distância na sociedade da informação e destaca o novo enfoque da educação superior à distância voltada para a formação de gestores públicos na EAD.
O presente artigo foi publicado na Revista Conjectura, Volume 15, Número 3, Set. / Dez. 2010.
Disponível em:
http://www.ucs.br/etc/revistas/index.php/conjectura/article/viewFile/519/403
1 - INTRODUÇÃO
O novo tempo tem recebido várias denominações tais como: era da informação[1], do conhecimento[2], sociedade em rede[3], a terceira[4] onda entre outras. Destaca-se que a principal característica desse novo tempo é a valorização do conhecimento (ou capital intelectual) associado à informação como principal recurso de criação de riquezas e sucesso nas organizações.
Sabe-se que o século XX foi marcado por intensas transformações nas relações sociais, políticas, econômicas, pelo acelerado desenvolvimento tecnológico e eletrônico. Acredita-se que hoje estamos nos primórdios da era digital, como evolução da era industrial marcada pelas tecnologias digitais, que revolucionam a percepção e a atuação humana sobre o mundo. É a mudança da era industrial para a digital e o predomínio da cultura dos espaços plurais e virtuais. Neste sentido, observa-se a importância do ensino superior à distância na formação de gestores públicos na sociedade do século XXI.
Tendo em vista o cenário da globalização no mundo, observa-se que a informação tem ocupado um lugar de destaque nas organizações públicas na atualidade. O papel da gestão da informação, assim como a implantação de sistemas de informação no setor público está em proporcionar maior agilidade na prestação dos serviços públicos, assim como tornar o atendimento mais adequado e de qualidade, com dados disponíveis e atualizados.
Sabe-se que as tecnologias da informação e comunicação na administração pública facilitam a transparência dos atos políticos e administrativos, podem tornar efetiva a participação cívica nas decisões da administração a todos os seus níveis, podem abrir diálogo direto com a população e podem abrir perspectivas criativas para novos serviços e novas oportunidades à melhoria da qualidade de vida dos cidadãos.
2 - EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA: CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA
O tema da educação à distância no ensino superior surge na pauta educacional brasileira na década de 1970. Até esta década as pesquisas acerca do tema registravam as iniciativas e a discussão sobre os modelos de ensino por correspondência que desde 1904 ofereciam educação aberta de caráter profissionalizante ou de caráter supletivo à escolarização formal dos primeiros ciclos.[5]
Conforme Vianney[6] as primeiras oito décadas do século XX no país trazem para a educação à distância a história da implantação de modelos não universitários, que podem ser decompostos em ciclos de características distintas. As diferentes caracterizações abrem a possibilidade de se buscar também a identificação diferentes formas de comunicação da educação à distância referente a estes períodos. Destaca-se que a principal característica desse novo tempo é a valorização do conhecimento (ou capital intelectual) associado à informação como principal recurso de criação de riquezas e sucesso nas organizações. Tendo em vista o cenário da globalização no mundo, observa-se que a informação tem ocupado um lugar de destaque no ensino da administração pública na modalidade à distância.
Conforme consta no Decreto 2.494/1998, a Educação à distância é uma forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação. (Decreto 2.494/1998).
As definições estabelecidas sobre educação a distância pelo Governo Federal nos Decretos Presidenciais que regulamentaram o Artigo 80 da LDB de l996, e nas definições constantes nas publicações recentes sobre esta área, compreende-se que o uso dos meios de comunicação criados pela tecnologia dos últimos cinco séculos, é uma condição intrínseca à educação à distância e à implementação desta modalidade no Brasil.
Caracteriza-se a educação à distância como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos. (Decreto 5.622/2005, e que substituiu o Decreto 2.494/1998).
Para Pretty[7] a educação à distância é uma modalidade não tradicional, típica da era industrial e tecnológica, cobrindo distintas formas de ensino-aprendizagem, dispondo de métodos, técnicas e recursos, postos à disposição da sociedade.
Já os tópicos destacados por Peters[8] para caracterizar a educação à distância são os seguintes: aprender por meio de leitura de material impresso; aprender através de estudo próprio dirigido; aprender por meio de trabalho científico autônomo; aprender por meio de comunicação pessoal; aprender com a ajuda de meios auditivos e audiovisuais; Aprender com auxílio de computador pessoal; e, aprender com auxílio dos recursos da internet. É cada vez mais consensual a intensificação tecnológica na educação, com o uso das tecnologias digitais, com ênfase na disseminação da Internet, tem entre as suas premissas "integradas" possibilitar a emergência de uma nova geração da educação à distância, entendida, portanto, como Universidade Virtual.[9]
3 - A EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA NA GESTÃO PÚBLICA BRASILEIRA
Na atualidade, entende-se que as mudanças pelas quais as organizações públicas enfrentam com freqüência, tais como: as mudanças de governo (novas políticas), a restrição orçamentária e a estrutura burocratizada (setor público), por exemplo, impõem uma reestruturação dos processos de trabalho e a disseminação das informações nas organizações possibilitando uma maior eficiência na gestão da informação.
Para Perez[10] a Administração Pública atualmente, assume a função de harmonizar o comportamento dos atores sociais, procurando ser mais a transparente, distanciando-se dos modelos burocráticos puramente gerenciais e neoliberais. Observa-se que a Administração Pública passa a adotar novos métodos de atuação voltados para a cultura do diálogo, de favorecer o trabalho da sociedade sobre ela mesma e neste ponto podemos relacionar a questão da transparência com o papel do governo eletrônico na modernização da administração pública.
No tocante a administração de serviços públicos, observa-se que está diretamente ligada às rupturas e transformações sociais recentes. Com a desmobilização do Estado dos anos 80 e as frustrações com as várias reformas ocorridas até a virada do século, vários atores sociais e políticos passam a buscar soluções para seus problemas de maneira independentemente da ação do governo. Observam-se as pessoas cada vez mais envolvidas e comprometidas com a comunidade de serviços públicos trazendo ao social confiabilidade e eficiência em serviços públicos, sendo estes por meios do terceiro setor, do governo ou voluntariado.
Neste contexto, pode-se ressaltar Denhardt[11] que descreve o Novo Serviço Público como uma alternativa para a Nova Gestão Pública. Entende-se que a proposta do Novo Serviço Público está inspirada na teoria política democrática principalmente quando se refere à conexão entre cidadãos e seus governos e abordagens alternativas à gestão e ao modelo organizacional sendo mais humanística na teoria da administração pública.
O Novo Serviço Público expressa na liderança e na gestão dos órgãos públicos, um interesse renovado pelos valores democráticos. No processo de construção da Gestão Democrática Participativa no Brasil essa noção do Novo Serviço Público contribui para uma mudança de mentalidade na busca de uma gestão mais participativa.
Neste cenário, entende-se que ensino superior a distância exerce papel fundamental na formação dos gestores públicos, nos diversos cursos de gestão pública a distância oferecidos no Brasil, porque rompem com as fronteiras do tempo e do espaço.
De forma resumida, destacam-se as características principais deste novo cenário, conforme Vianney[12]: maior interatividade entre alunos, monitores, tutores e professores, garantida pela tecnologia que permite a comunicação bi e multidirecional, estabelecendo, assim, possibilidades de enriquecimento da aprendizagem pelo uso de metodologias inovadoras;
Segundo o autor supracitado, observa-se também uma maior flexibilidade no acesso, permitido a qualquer tempo e lugar conectado à rede; aumento da capilaridade para a oferta de cursos à distância, atendendo a alunos dispersos ou aqueles que se encontrassem afastados dos centros educacionais; a permanência do aluno em seu meio cultural, evitando a migração para grandes centros com maior oferta de ensino superior presencial; a redução de custos na produção de conteúdos e materiais didáticos; a contratação dos melhores especialistas para elaboração dos materiais instrucionais para a mídia digital, o que possibilitaria, em tese, a melhoria da qualidade dos conteúdos e materiais didáticos acesso a bases de dados e a bibliotecas virtuais para todos os agentes envolvidos, contribuindo para a democratização da informação, base da nova sociedade do conhecimento; a individuação dos percursos de aprendizagem, personalizando o atendimento aos alunos respeitando ritmo de aprendizado e outras características pessoais; o desenvolvimento no aluno da autonomia e da habilidade para o trabalho em grupo, características desejadas pelo mercado de trabalho pós-industrial; formação de redes nacionais e internacionais de cooperação pra gerar conteúdos de alta qualidade a custos compartilhados; e, ainda, a diminuição do preço final a ser cobrado de alunos;
Portanto, a importância desta pesquisa para a Educação evidenciando a oportunidade de se produzir estudos para que se tornem conhecidas e reveladas às novas perspectivas educacionais avindas do uso das tecnologias de comunicação e informação da educação a distância no Brasil.
Desta forma, o debate a respeito das tecnologias da informação e dos sistemas de informação tem apresentado uma evolução no campo da Administração. Observa-se também, a disseminação progressiva da utilização da tecnologia da informação no ensino da Administração Pública. Neste sentido, o setor público brasileiro, enfrenta dois grandes desafios: o de lidar com os orçamentos restritos e ao mesmo tempo atender a demandas crescentes da população.
Vale ressaltar que a Internet e as inovações tecnológicas, assim como a necessidade de eficiência nas administrações, as pressões da sociedade para que o governo administre melhor seus gastos e atue com transparência, são os principais fatores que incentivaram o surgimento da inovação do governo eletrônico.
Conforme expõe Medeiros e Guimarães[13]:
O advento da Internet e as inovações tecnológicas em comunicações proporcionaram às organizações a possibilidade de migrar seus sistemas existentes em plataformas convencionais para sistemas com interface web. O esgotamento da sobrevida de sistemas legados pode ser considerado ainda um exemplo de fator eu motivou a construção de sistemas baseados na Internet, os quais conformam, na prática, o governo eletrônico.
(...) Outros aspectos que incentivaram o surgimento dessa inovação foram, em ordem de relevância para os governos: (1) a necessidade de as administrações aumentarem sua arrecadação e melhorar seus processos internos e (2) as pressões da sociedade para que o governo aperfeiçoe seus gastos e atue cada vê mais, transparência, qualidade e de modo universal na oferta de serviços aos cidadãos e organizações em geral.
A tecnologia da Internet pode ser considerada um elemento que sustenta o recente conceito de governo eletrônico. O seu uso veio para ficar e estão estimulado as relações virtuais progressivamente entre os munícipes, os fornecedores e até mesmo outras esferas de governo (estadual e federal) com o governo municipal de forma não presencial. Destaca-se ainda que na gestão pública, o processo eletrônico com o objetivo instrumentalizar os procedimentos de maneira a confirmar princípios constitucionais como o da efetividade, celeridade, publicidade e segurança jurídica. Governo eletrônico tem como escopo maior modificar as perspectivas consideradas pelos governos na definição de políticas públicas; obter melhores serviços das organizações governamentais, por exemplo, através de atividades desenvolvidas on-line; prover serviços mais integrados, visto que as diferentes organizações serão capazes de se comunicar mais efetivamente entre si; e tornar a sociedade melhor informada, pois poderá obter informação atualizada e compreensível sobe o governo, leis, regulamentos, políticas e serviços.[14]
4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na sociedade contemporânea, o capitalismo de mercado, ou Supercapitalismo, vem aproveitado ao máximo às inúmeras novas possibilidades e ferramentas advindas da computação e da engenharia. Conclui-se que as novas tecnologias de informática revolucionaram o mundo.
Desta forma, a sociedade do conhecimento tem como pilares neste novo século a tecnologia da informação, a educação à distância no ensino superior. Neste sentido, conforme já foram abordadas, as características principais deste novo cenário seriam as seguintes:
A maior interatividade entre alunos, monitores, tutores e professores, garantida pela tecnologia que permite a comunicação bi e multidirecional, estabelecendo, assim, possibilidades de enriquecimento da aprendizagem pelo uso de metodologias inovadoras;
Maior flexibilidade no acesso, permitido a qualquer tempo e lugar conectado à rede; aumento da capilaridade para a oferta de cursos à distância, atendendo a alunos dispersos ou aqueles que se encontrassem afastados dos centros educacionais;
A permanência do aluno em seu meio cultural, evitando a migração para grandes centros com maior oferta de ensino superior presencial;
A redução de custos na produção de conteúdos e materiais didáticos;
A contratação dos melhores especialistas para elaboração dos materiais instrucionais para a mídia digital, o que possibilitaria, em tese, a melhoria da qualidade dos conteúdos e materiais didáticos acesso a bases de dados e a bibliotecas virtuais para todos os agentes envolvidos, contribuindo para a democratização da informação, base da nova sociedade do conhecimento; a individuação dos percursos de aprendizagem, personalizando o atendimento aos alunos respeitando ritmo de aprendizado e outras características pessoais;
O desenvolvimento no aluno da autonomia e da habilidade para o trabalho em grupo, características desejadas pelo mercado de trabalho pós-industrial;
Formação de redes nacionais e internacionais de cooperação pra gerar conteúdos de alta qualidade a custos compartilhados; e, ainda, a diminuição do preço final a ser cobrado de alunos;
Conclui-se que a democracia está cada vez mais de caráter eletrônico o que permite promover a democracia participativa brasileira na contemporaneidade.
5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
CASTELLS, Manuel. Fim de milênio. 3 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2002.
DENHARDT, Robert. B. Teoria Geral de Organizações Públicas. 4a ed. (trad. Prof. Francisco G. Heidemann), Thompson/ Wadsworth, 2004.
MEDEIROS, Paulo Henrique Ramos; GUIMARÃES, Tomás de Aquino. A Institucionalização do Governo Eletrônico no Brasil.. Porto Alegre: Bookman, 2005.
MOURA CASTRO, Cláudio; GUARANYS, Lúcia Radler dos. O ensino por correspondência no Brasil: uma estratégia de desenvolvimento educacional. Brasília: IPEA/Iplan, 1979.
PEREZ, Marcos Augusto. A administração pública democrática: institutos de participação popular na administração pública. Belo Horizonte: Fórum, 2004.
PRETTI, Oreste. Inícios e indícios de um percurso. Cuiabá: UFMT – NEAD, 1996.
PETERS, Otto. Didática do ensino a distância. São Leopoldo: Ed. Unisinos, 2001.
SVEIBY, Karl Erik. A nova riqueza das organizações: gerenciando e avaliando patrimônios de conhecimento. Rio de Janeiro: Campus, 1998.
VIANNEY, João; TORRES, Patrícia; SILVA, Elisabeth Farias da. A universidade virtual no Brasil. Caracas: Ed. UNESCO-IESALC; Tubarão: Ed. UNISUL, 2003.
[1] STEWART, Thomas A. Capital intelectual: a nova vantagem competitiva das empresas. 5. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1998.
[2] SVEIBY, Karl Erik. A nova riqueza das organizações: gerenciando e avaliando patrimônios de conhecimento. Rio de Janeiro: Campus, 1998.
[3] CASTELLS, Manuel. Fim de milênio. 3 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2002.
[4] TOFFLER, A. A terceira onda. Rio de Janeiro: Record, 1985.
[5] MOURA CASTRO, Cláudio; GUARANYS, Lúcia Radler dos. O ensino porcorrespondência no Brasil: uma estratégia de desenvolvimento educacional. Brasília:IPEA/Iplan, 1979.
[6] VIANNEY, João; TORRES, Patrícia; SILVA, Elisabeth Farias da. A universidade virtual no Brasil. Caracas: Ed. UNESCO-IESALC; Tubarão: Ed. UNISUL, 2003.
[7] PRETTI, Oreste. Inícios e indícios de um percurso. Cuiabá: UFMT – NEAD, 1996.
[8] PETERS, Otto. Didática do ensino a distância. São Leopoldo: Ed. Unisinos, 2001.
[9] VIANNEY, João; TORRES, Patrícia; SILVA, Elisabeth Farias da. A universidade virtual no Brasil. Caracas: Ed. UNESCO-IESALC; Tubarão: Ed. UNISUL, 2003.
[10] PEREZ, Marcos Augusto. A administração pública democrática: institutos de participação popular na administração pública. Belo Horizonte: Fórum, 2004.
[11] DENHARDT, Robert. B.Teoria Geral de Organizações Públicas. 4a ed. (trad. Prof. Francisco G. Heidemann), Thompson/ Wadsworth, 2004.
[12] VIANNEY, João; TORRES, Patrícia; SILVA, Elisabeth Farias da. A universidade virtual no Brasil. Caracas: Ed. UNESCO-IESALC; Tubarão: Ed. UNISUL, 2003.
[13] MEDEIROS, Paulo Henrique Ramos;GUIMARÃES, Tomás de Aquino. A Institucionalização do Governo Eletrônico no Brasil. Porto Alegre: Bookman,2005.
[14] PEREZ, Marcos Augusto. A administração pública democrática: institutos de participação popular na administração pública. Belo Horizonte: Fórum, 2004.
Fonte: Administradores.Com
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