terça-feira, 1 de março de 2011

Cidade Maravilhosa para empreendedores

Copa do Mundo. Olimpíada. Petróleo. Infraestrutura. O Rio de Janeiro passa por um momento histórico — e já está repleto de oportunidades para pequenas e médias empresas

Muitas novas oportunidades para PMEs no Rio de Janeiro

A empresa carioca Ambidados fica na Ilha do Fundão, um arquipélago de oito pequenas ilhas na baía de Guanabara unidas por um aterro em meados do século passado para a construção da sede da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Fundada há quatro anos pela administradora Wilsa Atella, de 35 anos, a Ambidados faturou 2,2 milhões de reais em 2010, fornecendo sistemas de monitoramento das condições do oceano para empresas que atuam em alto-mar. Entre os clientes está a Petrobras, que fechou um contrato de quatro anos para utilizar um sistema que mede a variação da altura das marés e a intensidade das ondas, o que ajuda a planejar a navegação e o atracamento de navios. “Em 2011, a Ambidados deve crescer 40%”, diz Wilsa. “Com isso, vamos deixar a incubadora onde estamos hoje para ter nossa própria sede.”

A Ambidados está no epicentro das oportunidades surgidas recentemente para pequenas e médias empresas na cadeia brasileira do petróleo. Desde 2007, quando foram descobertas imensas reservas na camada geológica do pré-sal, a 7.000 metros de profundidade, o Rio de Janeiro vive um turbilhão de mudanças para se tornar um polo mundial de tecnologias para extração de petróleo do fundo do mar. Durante os próximos cinco anos, dez grandes fornecedores da Petrobras, como a brasileira Usiminas e a americana GE, devem investir 500 milhões de reais para erguer centros de pesquisas próprios na Ilha do Fundão, onde ficará a nova sede da Ambidados. A empresa está a todo vapor. “Recebemos recursos para fazer um novo produto”, diz Wilsa. Trata-se de um aparelho para guiar mergulhadores e máquinas submarinas e que deve ser colocado no mercado em até três anos.

Como outros empreendedores, Wilsa vem aproveitando as muitas oportunidades de uma cidade fervendo mais que em Rio, 40 Graus, aquele filme do Cinema Novo que mostra cinco garotos vendendo amendoim em pontos turísticos durante um domingo escaldante. As causas do aquecimento não estão só no petróleo. Uma pausa para analisar a boa conjunção astral do Rio de Janeiro:

• A Petrobras deve destinar 224 bilhões de dólares para exploração de petróleo até 2014 — o estado do Rio é o maior produtor do país, com um volume 16 vezes acima do segundo colocado, o Espírito Santo.


• A maior parte dos investimentos destinados às 12 cidades que receberão os jogos da Copa do Mundo no Brasil em 2014 vai para a capital fluminense — 1,9 bilhão de reais, segundo levantamento da Ernst&Young e da Fundação Getulio Vargas.

• Estima-se que a cidade do Rio de Janeiro receba investimentos de 40 bilhões de reais para a realização da Olimpíada em 2016.

Esses três fatores explicam por que o Rio de Janeiro concentra a maior parte dos investimentos para concluir as 1 104 obras de infraestrutura listadas no último Anuário EXAME de Infraestrutura. Ao todo, 60 bilhões de reais deverão ser despejados no estado. Na capital, os investimentos estão mais ligados a obras de preparação para a Copa do Mundo e Olímpiada. Entre elas estão expansão do metrô, criação de corredores exclusivos exclusivos para ônibus, reforma de estádios, melhorias no saneamento, modernização de aeroportos e recuperação da zona portuária — que receberá dois museus, um aquário e a nova sede do Banco Central.

Isso tudo deixa o Rio de Janeiro de braços abertos para pequenas e médias empresas inseridas de alguma forma em cadeias de setores como construção civil, segurança e limpeza, petroquímica e tecnologia. Há, ainda, oportunidades para negócios que possam crescer de carona no aumento do consumo e no turismo. A expectativa é que o Rio de Janeiro receba um legado semelhante ao de Barcelona, na Espanha. Desde que passou por uma reformulação completa da infraestrutura para sediar os Jogos Olímpicos de 1992, Barcelona vem recebendo quatro vezes mais turistas.

Entre as pequenas e médias empresas que já estão se movimentando está a rede de docerias paulista Amor aos Pedaços, que obteve receitas estimadas em cerca de 50 milhões de reais em 2010. Das 15 lojas a ser inauguradas nos próximos seis anos, dez deverão estar no Rio de Janeiro — onde não há ainda nenhuma unidade. “Em 2011, serão inauguradas as três primeiras, nos bairros da Barra da Tijuca, Leblon e Ipanema”, diz Silvana Marmonti, de 45 anos, sócia da Amor aos Pedaços. Há quatro anos, a empresa fechou suas lojas cariocas após uma tentativa malsucedida de expansão com um máster franqueado. “Vamos comandar o retorno da rede ao Rio de Janeiro bem de perto”, diz Silvana. “Não dá mais para ficar fora da Cidade Maravilhosa.”

Fonte: Portal Exame

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